06/11/2024 - 08:30 - 10:00 RC9.17 - Diálogos sobre a gestão de políticas de saúde do idoso, saúde mental e promoção da saúde |
49438 - ESTUDOS AVALIATIVOS SOBRE PROMOÇÃO DA SAÚDE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: UMA REVISÃO DE ESCOPO IZALTINA ADÃO - UFSC, LUIZA RAHMEIER FIETZ RIOS - UFSC, CLÁUDIA FLEMMING COLUSSI - UFSC, DAIS GONÇALVES ROCHA - UNB
Apresentação/Introdução A promoção da saúde é um processo que capacita a comunidade por meio do empoderamento e da participação social. Vai além da abordagem técnica e normativa, fortalecendo capacidades individuais e coletivas para enfrentar os determinantes da saúde. Este processo visa melhorar o bem-estar geral, abordando a saúde de maneira integral e enfrentando os macrodeterminantes sociais. Reconhece que as desigualdades sociais são historicamente construídas, exigindo intervenções multidisciplinares. A promoção da saúde na Atenção Primária à Saúde (APS) é essencial para reestruturar o modelo de atenção, focando nos determinantes sociais da saúde. A avaliação dessas iniciativas deve ultrapassar os indicadores tradicionais, considerando os contextos de implementação e a participação dos envolvidos, utilizando modelos quanti-qualitativos para refletir a complexidade das intervenções. A condução de revisões de escopo e sistemáticas é uma etapa de primordial relevância no arcabouço metodológico, essencial para a determinação de métodos de intervenção.
Objetivos Esta revisão concentrou-se na investigação de estudos de avaliação da promoção da saúde na atenção primária à saúde de sistemas públicos, visando mapear a literatura, analisar a condução da pesquisa, identificar lacunas e sugerir direções futuras, contribuindo para o avanço do entendimento e prática da promoção da saúde nesse contexto.
Metodologia A revisão de escopo seguiu o JBI Manual for Evidence Synthesis e as diretrizes do PRISMA-ScR. A questão de pesquisa formulada foi: "Quais são os estudos de avaliação conduzidos sobre promoção da saúde na atenção primária à saúde?" Utilizou-se o acrônimo PCC, em que População se referiu às intervenções de promoção da saúde; o Conceito abrangeu estudos de avaliação; e o Contexto se relacionou à APS em serviços públicos de saúde. Não houve restrição de idioma ou período de publicação, e foram considerados apenas estudos avalitivos. A busca eletrônica foi realizada em 8 bases de dados: PubMed, CINAHL, Cochrane Library, Embase, LILACS, SciELO, Scopus, Web of Sciences, e na ProQuest Dissertations & Theses Global e Google Scholar. Os estudos recuperados foram importados para o Mendeley e depois para o Rayyan, onde duplicatas foram excluídas. Duas autoras realizaram um teste piloto com os primeiros cinco artigos. No Rayyan, utilizando método duplo-cego, os títulos e resumos foram analisados independentemente, e depois os textos completos, com critérios de inclusão e exclusão. Nos casos de discordância, a terceira revisora foi inserida para o consenso. Estudos não elegíveis foram excluídos.
Resultados e Discussão Após excluir 517 duplicatas, restaram 2209 estudos. Desses, 2179 foram excluídos pela análise de títulos e resumos, e 22 após a avaliação dos textos completos, resultando na inclusão de oito estudos. Publicados entre 2013 e 2022, 5 estudos foram realizados no Brasil, 1 na China, 1 na Espanha e 1 na Inglaterra, sendo sete de bases de dados convencionais e um da literatura cinza. Os resultados indicaram benefícios das intervenções de promoção da saúde, apesar de algumas implementações estarem aquém do esperado. Cinco estudos usaram métodos qualitativos, dois combinaram métodos quantitativos e qualitativos, e um utilizou métodos quantitativos. A diversidade geográfica e cultural destacou a importância de considerar contextos específicos na implementação e avaliação de programas. Cada país possui características únicas que influenciam os resultados, exigindo abordagens contextuais. A predominância de estudos do Brasil pode ser resultado de iniciativas promovidas pelo Ministério da Saúde a partir do ano de 2000 para práticas de monitoramento e avaliação na APS e melhoria da qualidade da Estratégia Saúde da Família (ESF), buscando a redução das desigualdades em saúde. Os estudos analisados evidenciaram a integração entre academia, serviços de saúde e comunidade. Essa integração é fundamental para alinhar pesquisas às demandas do campo da saúde, promovendo a reflexão e a redefinição das práticas de promoção da saúde. Os estudos analisados focaram em programas de promoção da saúde, como amamentação, prevenção do diabetes, atividade física, assistência nutricional e saúde bucal. Essa diversidade justifica várias perspectivas de avaliação, desde o impacto na melhoria das condições de saúde até a capacidade de promover mudanças sociais que afetam os determinantes da saúde.
Conclusões/Considerações finais Os resultados desta revisão de escopo destacaram a importância da avaliação das intervenções de promoção da saúde para identificar resultados, impactos e aprimorar a implementação. Evidenciaram a complexidade do campo e a necessidade de abordagens integrativas e padronizadas nos instrumentos de avaliação. A colaboração entre academia, serviços de saúde e comunidade é essencial para reformular o modelo de atenção à saúde, focando nos determinantes sociais e fortalecendo o cuidado individual e coletivo. A revisão revelou uma carência de estudos avaliativos adequados na APS, com muitos focados apenas em estrutura, processos e resultados, sem considerar o desenvolvimento de capacidades individuais ou comunitárias. É necessário superar abordagens segmentadas, explorando estratégias mais abrangentes de promoção da saúde e utilizando instrumentos de avaliação com modelos e matrizes de análise de julgamento.
Referências ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Monitoramento e avaliação em promoção da saúde. Ministério da Saúde: Brasília, 2023http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/monitoramento_avaliacao_promocao_saude.pdf. OMS OM de la S. Carta de Ottawa para Promocion de la Salud. Carta de Ottawa para la promoción de la salud 1986. Sícoli JL, Nascimento PR do. Promoção de saúde: concepções, princípios e operacionalização. Interface - Comunicação, Saúde, Educação 2003; 7: 101–122. Potvin L, Jourdan D. Health promotion research has come of age! Structuring the field based on the practices of health promotion researchers. Glob Health Promot 2021; 28: 26–35.Tricco AC, Lillie E, Zarin W, O’Brien KK, Colquhoun H, Levac D et al. PRISMA Extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR): Checklist and Explanation. Ann Intern Med 2018; 169: 467–473. Salmond S, Bennett MJ. JBI Manual for Evidence Synthesis. JBI, 2020 doi:10.46658/JBIMES-20-01.
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