05/11/2024 - 08:30 - 10:00 RC9.15 - Governança e Coordenação do SUS: Estratégias de Monitoramento, Avaliação e Gestão na Rede de Atenção à Saúde |
54386 - PRODUÇÕES CIENTÍFICAS SOBRE O ACESSO ÀS REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE NO BRASIL: ESTUDO CIENCIOMÉTRICO ANTONIO LUCAS DELERINO - UFC, NICOLAS GUSTAVO SOUZA COSTA - UFC, NAGILA NATHALY LIMA FERREIRA - UFC, RÔMULO DO NASCIMENTO ROCHA - UFC, MIRELE COELHO ARAUJO - UFC, CARMEM E. LEITÃO ARAÚJO - UFC
Apresentação/Introdução A proposta das Redes de Atenção à Saúde (RAS) pela Organização Pan-Americana de Saúde visa superar a fragmentação dos sistemas de saúde dos países-membros. No Brasil, as RAS são definidas pela Portaria N° 4.279 do Ministério da Saúde como ‘arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas, integrados por sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, visando garantir a integralidade do cuidado’ (Evangelista et al., 2019).
Embora o Sistema Único de Saúde (SUS) promova a universalização e estabeleça diretrizes para as RAS, o acesso pode ser dificultado para grupos como pessoas em situação de rua ou com deficiência (De Andrade et al., 2022; Farias et al., 2023). Minimizar essas barreiras requer políticas eficazes, demandando estudos para sua elaboração.
Assim, surge o questionamento: como têm sido os estudos sobre o acesso às RAS no Brasil nos últimos anos? Uma investigação cienciométrica pode responder a esse tipo de indagação e contribuir para a compreensão e aprimoramento das políticas de saúde do país (Macias-Chapula, 1998). Ao examinar a produção científica recente, buscamos identificar tendências, lacunas e desafios, fornecendo insights valiosos para a formulação de políticas e estratégias que promovam o acesso equitativo e eficaz às redes de atenção à saúde no contexto brasileiro.
Objetivos Analisar as produções científicas a respeito do acesso das pessoas às redes de atenção à saúde (RAS) no Brasil nos últimos vinte anos.
Metodologia Consiste em um estudo cienciométrico de análise de produções científicas sobre o acesso às redes de atenção à saúde no Brasil de 2004 a 2023. Foram extraídos, em formato .ris, todos os trabalhos que continham os exatos termos em todos os índices: ‘(("acesso") AND (("redes de atenção à saúde") OR ("serviços de saúde")))’, publicados entre 2004 a 2023, apenas na coleção do Brasil, na Scientific Electronic Library Online (SciELO) - relevante base de dados científica na América Latina e Caribe. Foram extraídos dados sobre autorias e termos utilizados para criação de mapas de rede, além de dados gerais para agrupamento e contagem.
Os dados foram extraídos em maio de 2024. Os mapas de clusterização de autoria e palavras-chave foram gerados através do software VOSViewer. O arquivo extraído .ris foi analisado através das bibliotecas rispy e pandas do Python. A fim de facilitar a visualização e identificação dos clusters, a clusterização por autoria foi de pelo menos 5 trabalhos publicados por autor. A por palavras-chave foi de pelo menos 50 aparições em trabalhos.
Resultados e Discussão Foram encontrados 1407 trabalhos publicados entre 2004 e 2023. Sendo, em sua maioria, 16,4% (230/1407) publicados na revista Cadernos de Saúde Pública; 85,4% (1200/1407) publicados na língua portuguesa e 10,5% (148/1407) publicados em 2021, seguido de 2020 e 2022, ambos com 9,3% (131/1407) . O ano com menor número de publicações foi 2005, com apenas 0,9% (13/1407), seguido de 2004 com 1,4% (20/1407) das publicações.
Facchini, Tomasi e Malta são os autores com maior número de publicações registradas no período, possuindo, respectivamente, 2% (28/1407), 1,6% (23/1407), 1,6% (22/1407) publicações.
Na mapa de clusterização por autoria, foram identificados 21 clusters de autores com pelo menos 5 trabalhos publicados sobre o assunto. Desses, 57% (12/21) não possuem relações com outros clusters.
No mapa por palavras-chave, foram identificados 5 clusters, com a presença de 22 palavras-chave. Nos clusters, foram encontradas palavras-chave relacionadas às políticas de saúde relacionadas aos serviços (“política de saúde” + “serviços de saúde”), estudos transversais de avaliação dos serviços de saúde relacionados à saúde bucal da pessoa idosa (“estudos transversais” + “avaliação de serviços de saúde” + “idoso” + “saúde bucal”), além de trabalhos sobre o acesso ao Sistema Único de Saúde (“sistema único de saúde” + “access to health services”) e à avaliação em saúde na atenção primária à saúde (“avaliação em saúde” + “atenção primária à saúde” ).
Conclusões/Considerações finais Percebe-se um crescente interesse da comunidade acadêmica no estudo do acesso das pessoas às redes de atenção à saúde no Brasil entre os anos de 2004 e 2021. No entanto, a partir deste último ano, houve uma queda significativa no número de publicações, retrocedendo, em 2023, aos níveis observados em 2017. Destaca-se que as revistas especializadas em saúde pública ou saúde coletiva concentram a maioria das publicações sobre essa temática, refletindo a preferência dos pesquisadores por essas fontes.
Além disso, mesmo o Brasil estando geograficamente próximos de países de língua espanhola, foi notado que a segunda língua mais utilizada em trabalhos publicados seja o inglês.
Por fim, é evidente a interação entre diversos autores nesse campo de estudo, com temas como políticas públicas em saúde, atenção primária, saúde bucal, saúde do idoso, avaliações em saúde e o Sistema Único de Saúde (SUS) emergindo como pontos de destaque nas pesquisas realizadas.
Referências EVANGELISTA, Maria José de Oliveira et al. O Planejamento e a construção das Redes de Atenção à Saúde no DF, Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, v. 24, n. 6, p. 2115-2124, jun. 2019.
ANDRADE, Rebeca de et al. O acesso aos serviços de saúde pela População em Situação de Rua: uma revisão integrativa. Saúde em Debate, v. 46, n. 132, p. 227-239, mar. 2022a.
FARIAS, Tássia Mayra Oliveira et al. O estreito acesso das Pessoas com Deficiência aos serviços de saúde em uma capital nordestina. Ciência & Saúde Coletiva, v. 28, n. 5, p. 1539-1548, maio 2023.
MACIAS-CHAPULA, Cesar A. O papel da informetria e da cienciometria e sua perspectiva nacional e internacional. Ciência da Informação, v. 27, n. 2, p. nd, 1998.
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