05/11/2024 - 08:30 - 10:00 RC9.15 - Governança e Coordenação do SUS: Estratégias de Monitoramento, Avaliação e Gestão na Rede de Atenção à Saúde |
54196 - RECONSTRUÇÃO SE FAZ (EM ATO) COM APOIO: UM RELATO DE RESGATE DA ESTRATÉGIA DO APOIO INSTITUCIONAL COMO FERRAMENTA DE GESTÃO NO NORDESTE BRASILEIRO DIEGO RANGEL DOS ANJOS PRATA - DIRETORIA DE ATENÇÃO BÁSICA/SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DA BAHIA. FUNDAÇÃO ESTATAL SAÚDE DA FAMÍLIA, ARATON CARDOSO COSTA - DIRETORIA DE ATENÇÃO BÁSICA/SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DA BAHIA. FUNDAÇÃO ESTATAL SAÚDE DA FAMÍLIA, MARINA SOUZA VIEIRA - DIRETORIA DE ATENÇÃO BÁSICA/SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DA BAHIA. FUNDAÇÃO ESTATAL SAÚDE DA FAMÍLIA, FRANÇOISE ELAINE SILVA OLIVEIRA - DIRETORIA DE ATENÇÃO BÁSICA/SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DA BAHIA. FUNDAÇÃO ESTATAL SAÚDE DA FAMÍLIA, MARIA TEREZA OLIVEIRA DE ALMEIDA - DIRETORIA DE ATENÇÃO BÁSICA/SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DA BAHIA. FUNDAÇÃO ESTATAL SAÚDE DA FAMÍLIA, DAIANNE TEIXEIRA SOARES - DIRETORIA DE ATENÇÃO BÁSICA/SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DA BAHIA. FUNDAÇÃO ESTATAL SAÚDE DA FAMÍLIA
Contextualização O Apoio Institucional (AI) se caracteriza como estratégia que propõe uma mudança nos modos de fazer gestão em saúde, se distanciando de práticas gerenciais verticalizadas e aproximando-se da cogestão, amparado num modo analítico, operacional e interativo do trabalho. Pautado na micropolítica do trabalho em saúde, concentra seus esforços na dimensão relacional para buscar a ativação de sujeitos e coletivos. Considerado chave para processos de mudança com base numa proposta baseada na democracia institucional, foi adotado como um dos eixos estruturantes da Política Estadual de Atenção Básica (PEAB) do estado da Bahia, atuando de forma regionalizada. Entretanto, ao observar o processo histórico de implementação do AI no bojo da PEAB, é possível perceber o quanto aspectos da conjuntura política influenciaram o processo de implementação dessa estratégia de gestão, alterando o modo como esse dispositivo de gestão tem sido executado. Apesar disso, dado o seu trânsito entre política, gestão e cuidado, ao reconhecer as relações de poder, afeto e circulação do conhecimento, a atuação do AI, ao se pautar na dimensão relacional, busca ativar sujeitos e projetos coletivos
Descrição da Experiência Identificando oportunidade de participação do AI no Fórum Baiano de APS, por meio de uma exposição sobre a atuação do AI, iniciou-se internamente a mobilização entre ApI, para produção de uma proposta coletiva de apresentação. Foram realizados dois encontros do coletivo de ApI, nos quais foram debatidos aspectos relacionados à proposta de participação no evento e ao próprio fazer do AI, resgatando o processo de implementação desse dispositivo de gestão, produções (técnicas e científicas) e movimentos realizados ao longo das diversas gestões nas quais o AI foi eixo estruturante. O coletivo optou pela produção de dois banners contendo: 1 - o arcabouço teórico conceitual do AI e ações estratégicas desenvolvidas no cotidiano de trabalho dos ApI; 2 - um Qr Code para acesso a documentos produzidos, incluindo dois arquivos em formato de Podcast, linha do tempo do AI e principais produções dessa estratégia na gestão estadual; 3 - além do registro fotográfico de agendas realizadas pelos ApI nas regiões do estado ou de espaços de Educação Permanente em Saúde destinadas a eles. Contextualizando a atuação do AI, foi construído um território afetivo a partir de elementos relacionados ao processo de trabalho com memórias e objetos oriundos das próprias ações realizadas, articulando lembranças, manuais, souvenirs, insumos e artefatos culturais dos territórios apoiados
Objetivo e período de Realização O objetivo do presente trabalho é descrever a experiência de apoiadores institucionais (ApI) no processo de mobilização coletiva disparado pela oportunidade de participação no Fórum Baiano de Atenção Primária à Saúde (APS) no mês de fevereiro de 2024, mas que ainda repercute no interior do serviço até o presente momento
Resultados No evento, a memória do AI mobilizou encontros com sujeitos vinculados à Atenção Básica, que reconheciam a potência da estratégia, bem como da comunidade universitária local. Após o evento, o banner com o arcabouço conceitual do AI, linha do tempo e principais produções circulou por diversos espaços da Secretaria de Saúde, vinculando o resgate da estratégia às pessoas que atualmente a produzem, além de permitir que gestoras municipais e trabalhadoras conhecessem a proposta do AI. A construção do banner fomentou o resgate do método da roda como forma de ativação de sujeitos e coletivos, pois os encontros realizados não continham prévia determinação de produto, compondo uma proposta aberta acolhida pelo coletivo. A divisão de responsabilidades evidenciou a implicação coletiva, abrindo espaço para o protagonismo dos ApI e o uso das tecnologias leves como via para corresponsabilizar. Os banners produziram a divulgação da estratégia do AI, assegurando afeto e compartilhamento de saberes, e ainda evidenciando a visibilidade não só do AI, mas sobretudo da mobilização dos ApI, pois teve seu produto reconhecido amplamente mesmo em atores que não vinham apostando nos espaços coletivos
Aprendizado e Análise Crítica A oportunidade identificada de participação no evento cumpriu função de abertura para mobilização coletiva e resgate do método da roda, incluindo-o como ferramenta de produção subjetiva. O território afetivo, organizado com artefatos envoltos em afeto e histórias, semeou a diversidade dos territórios regionais no evento, mobilizando agentes pela via da identificação. Ainda, permitiu que a profundidade e potência de produções pregressas pudesse ser resgatadas e valorizadas, (re)apresentando um passado de fertilidade e disparando reflexões sobre o processo histórico no qual foram produzidas, além da própria análise da conjuntura atual e possibilidades de fissura na ordem estabelecida. Diante da necessidade de reconstrução das relações de atenção e gestão, dada a perda de direitos e espaços democráticos nos últimos anos, avaliamos como estratégica a retomada do modo de fazer do AI como ferramenta para reconstruir processos de gestão e cuidado democráticos e participativos, fortalecendo as bases que sedimentaram o Sistema Único de Saúde
Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. HumanizaSUS: política nacional de humanização. Cartilha. Brasília: Ministério da Saúde, 2013.
CAMPOS, Gastão Wagner de Sousa; CUNHA, Gustavo Tenório; FIGUEIREDO, Marina Dorsa. Práxis e formação Paideia: apoio e cogestão em saúde. In: Práxis e formação Paideia: apoio e cogestão em saúde. 2013.
DE SOUSA CAMPOS, Gastão Wagner. Saúde paidéia. Hucitec, 2013.
MERHY, Emerson Elias. Saúde: a cartografia do trabalho vivo. In: Saúde: a cartografia do trabalho vivo. 2005.
PRATA, Diego Rangel dos Anjos; ARAÚJO, Marcos Vinícius Ribeiro de; ARCE, Vladimir Andrei Rodrigues. O apoio institucional na gestão da Atenção Básica do estado da Bahia: uma análise do processo de trabalho. Trabalho, Educação e Saúde, v. 21, 2023.
Fonte(s) de financiamento: Secretaria de Saúde do Estado da Bahia / Fundação Estatal Saúde da Família
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