Roda de Conversa

05/11/2024 - 08:30 - 10:00
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51463 - SAÚDE PÚBLICA, URBANISMO E GESTÃO PÚBLICA: POTENCIALIDADES DE PESQUISA INTERDISCIPLINAR COM USO DE DADOS PÚBLICOS SOBRE MOBILIDADE URBANA.
DANIELA ALBA NICKEL - UFSC, CLAUDIA FLEMMING COLUSSI - UFSC, JOSELI MACEDO - UNIVERSITY OF CALGARY


Apresentação/Introdução
Mobilidade urbana é a capacidade de se deslocar no espaço urbano por qualquer meio, incluindo caminhada, ciclismo, veículos particulares ou transporte público. Ela se relaciona à condição de exclusão ou inclusão social de grupos populacionais, pois propicia o acesso a bens e serviços, incluindo os serviços de saúde. Atualmente, mais de 80% da população brasileira vive em cidades, que devem se adaptar às mudanças demográficas e epidemiológicas para promover saúde. A temática de mobilidade urbana é interdisciplinar, uma vez que engloba diferentes campos do conhecimento, e assim possibilita o seu intercâmbio para a resolução de problemas vivenciados pela sociedade. Um dos exemplos de interdisciplinaridade para análise da mobilidade urbana é a saúde pública e o urbanismo. A saúde pública inclui um conjunto de ações para promover a saúde, reduzir os fatores de risco, prevenir doenças e prolongar a vida das populações. Um desenho urbano sustentável, caracterizado por comunidades pedonais com acesso facilitado à bens e serviços, transporte público eficiente, presença de ciclovias e espaços verdes desempenha um papel na promoção da saúde, incentiva atividade física, melhora a saúde mental e o bem-estar da população.

Objetivos
O objetivo da pesquisa é apresentar potencialidades de estudos interdisciplinares entre a saúde pública e urbanismo sobre mobilidade urbana com uso de dados secundários de acesso aberto.

Metodologia
Pesquisa exploratória com uso de dados secundários de acesso aberto, nas capitais brasileiras. São fontes de dados: Departamento de informática, Ministério da Saúde (DATASUS), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Sistema Nacional de Informações em Mobilidade Urbana, Ministério das Cidades, sítios eletrônicos das prefeituras dos municípios, indicadores disponibilizados no sítio eletrônico MobiliDados. Os dados referem-se ao ano mais recente de coleta para cada variável.

Resultados e Discussão
A pesquisa nos bancos de dados abertos retornou variáveis importantes para análise da mobilidade urbana nas capitais brasileiras. São as variáveis: acidentes de trânsito, taxa de motorização, número de veículos por habitante, existência de calçadas, quilômetros de faixa de ônibus, quilômetros de faixa para bicicletas, número de linhas de ônibus. Indicadores do MobiliDados apresentam variações que contemplam iniquidades e interseccionalidades, raça-cor, sexo e renda. As limitações dos dados são importantes, diversas capitais não disponibilizam dados nos sítios eletrônicos, os bancos de dados públicos possuem incompletude substancial para algumas variáveis, como quilômetros de ciclovia e calçada. Os dados de acidentes de trânsito possuem boa qualidade e podem ser utilizados para análises segundo raça-cor, sexo e faixa etária, a fim de verificar desigualdades da distribuição do agravo. Não existem dados substanciais sobre uso do transporte público nas capitais. Apesar de alguns municípios fornecerem dados de total de pagantes no transporte público, não é possível distinguir o tipo de usuário ou tipo de tarifa, idoso, baixa renda, estudante. As variáveis pesquisadas possuem abrangência municipal, o que não contempla as variações e desigualdades no território do município.
As análises espaciais não foram objeto deste trabalho, porém constituem uma linha de pesquisa em crescimento, com uso de técnicas estatísticas para associar variáveis de agravos, fatores de risco e bem-estar com variáveis relacionadas ao urbanismo, como transporte, áreas verdes, área construída e uso do espaço público.

Conclusões/Considerações finais
As potencialidades de estudos interdisciplinares estão presentes na análise de fatores de risco e de proteção das populações urbanas, e variáveis do espaço urbano como presença de áreas verdes, calçadas, ciclovias e transporte público acessível. O uso de dados secundários de acesso aberto fortalece a cidadania e a democratização da ciência, reduz custo para coleta de dados, e permite análises inter-regionais e intermunicipais no território brasileiro. É urgente a conscientização de gestores e produtores de dados para ampliar o acesso e a qualidade dos bancos de dados públicos.

Referências
YÊ, Chao et al. Toward healthy and liveable cities: a new framework linking public health to urbanization. Environmental Research Letters, v. 17, p. 064035, 2022.
IGLESIAS, V.; GIRALDEZ, F.; TIZNADO-AITKEN, I.; MUNOZ, JC. How Uneven is the Urban Mobility Playing Field? Inequalities among Socioeconomic Groups in Santiago De Chile. Transportation Research Record, v. 2673, n. 11, p. 59-70, 2019.
STANLEY, J.; BALBONTIN, C.; HENSHER, D. Social exclusion: The roles of mobility and bridging social capital in regional Australia. Transportation Research Part A: Policy and Practice, v. 125, p. 223-233, 2019.

Fonte(s) de financiamento: O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.


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