Roda de Conversa

05/11/2024 - 08:30 - 10:00
RC9.15 - Governança e Coordenação do SUS: Estratégias de Monitoramento, Avaliação e Gestão na Rede de Atenção à Saúde

49481 - ANÁLISE DA MORBI-MORTALIDADE ASSOCIADA AS DESIGUALDADES SOCIOESPACIAIS POR COVID-19 EM UM TERRITÓRIO DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
JULIANA DE SOUZA SILVA - UFRJ - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, PAULA CRISTINA PUNGARTNIK - UFRJ - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, NATALIA SANTANA PAIVA - UFRJ - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, ADRIANA DE ARAUJO PINHO - UFRJ - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO


Apresentação/Introdução
A pandemia da COVID-19 foi declarada em 11 de março de 2020, e se apresenta, até o momento, como o maior desafio sanitário deste século. As consequências tendem a se agravar em situações geográficas marcadas por desigualdades. O Rio de Janeiro é reconhecido nacional e internacionalmente por suas características econômicas e turísticas, o que o torna um centro de disseminação da doença para outras regiões. Além disso, o município abriga uma das maiores concentrações de aglomerados subnormais do país, o que o torna uma área vulnerável à contaminação e propagação da doença devido a suas condições demográficas e econômicas heterogêneas e aos determinantes sociais em saúde presentes na população.

Objetivos
O presente trabalho teve como objetivo analisar o perfil epidemiológico e o padrão espacial de distribuição dos casos e óbitos confirmados de COVID-19 e sua relação com indicadores sociodemográficos, econômicos e de saúde na Área Programática 3.1 do Município do Rio de Janeiro.

Metodologia
Trata-se de um estudo ecológico de múltiplos grupos, dos casos e óbitos de COVID-19 na AP 3.1 do MRJ e respectivas Regiões Administrativas (RA), associando-os aos indicadores sociodemográficos e em saúde do território. Por se tratar de análise de dados secundários de domínio público, sem identificação nominal dos casos de COVID-19 e de acesso irrestrito este trabalho não precisou ser revisado e aprovado pelo sistema CEP-CONEP.

Resultados e Discussão
Os casos e óbitos foram analisados segundo sexo, faixa etária e raça/cor, e o Índice de Progresso Social (IPS) 2018, foi selecionado para análise da situação sociodemográfica e de saúde do território. Os Casos da COVID-19 demonstraram ser superiores para o sexo feminino, em jovens adultos e para a raça/cor preta/parda. Já os óbitos foram superiores no sexo masculino, em faixas etárias mais idosas, para raça/cor preta/parda. As Ras (Regiões Administrativas) que apresentaram os piores resultados de IPS foram as que apresentam as maiores TMP (Taxa de Mortalidade Padronizada) de COVID-19. As RAs que apresentam as maiores TIP ( Taxa de Incidência Padronizada) e TMP foram Ramos (TIP: 3.840,6/100mil hab. e TMP: 346,0/100mil hab.) e Maré (TIP: 3.121,0/100mil hab. e TMP: 399,0/100mil hab.), sendo esses territórios os que apresentaram um dos menores IPS. O Complexo do Alemão chama atenção por apresentar as menores TIP e TMP, mesmo apresentando o pior IPS (47,1) demonstrando grande subnotificação. Estudo realizado por Prado e Bozza (2020) estimou que o número real de casos de COVID-19 pode chegar a ser cerca de 11 vezes maior do que os informados, sendo a subnotificação diretamente relacionada à baixa realização de testes laboratoriais, devido à dificuldade de acesso aos serviços de saúde nesses locais, falta de novos exames, e orientações no início da pandemia para realização de testagem apenas em casos mais graves.

Conclusões/Considerações finais
Entender os indicadores de vulnerabilidade social no contexto pandêmico permite identificar e priorizar grupos com alta vulnerabilidade, além de orientar e adaptar intervenções visando essa população. Compreender a dinâmica socioespacial de epidemias como a COVID-19 em territórios é fundamental para remanejar recursos públicos e reforçar ações de promoção da saúde e medidas preventivas no propósito de favorecer a formulação de novas políticas e programas de estabilização socioeconômica a essa clientela, no enfrentamento das desigualdades sociais.

Referências
ALBUQUERQUE, M. V.; RIBEIRO, L. H. L. Desigualdade, situação geográfica e sentidosda ação na pandemia da COVID-19 no Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 36, n. 12, p.
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COSTA, M. A. et al. Apontamentos sobre a dimensão territorial da pandemia daCovid-19 e os fatores que contribuem para aumentar a vulnerabilidade socioespacial nas unidades de
desenvolvimento humano de áreas metropolitanas Brasil. IPEA, Nota Técnica, n. 15, abr.2020. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&
view=article&id=35497&catid=3&Itemid=3. Acesso em: 15 set. 2021.

Fonte(s) de financiamento: Não houve fonte de financiamento.


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