Roda de Conversa

04/11/2024 - 17:20 - 18:50
RC9.14 - Fortalecimento das Políticas de Saúde Materno-Infantil: Desafios, Estratégias e Impactos na Atenção ao Pré-Natal e na Mortalidade Infantil no Brasil

52604 - COMITÊS DE PREVENÇÃO DA MORTALIDADE MATERNA, INFANTIL E FETAL: ESTRATÉGIAS PARA O FORTALECIMENTO DE POLÍTICAS DE SAÚDE MATERNA E INFANTIL
MARLEY CARVALHO FEITOSA MARTINS - SESA, LUCIENE ALICE DA SILVA - SESA, PEDRO ANTÔNIO DE CASTRO ALBUQUERQUE - SESA, LINDÉLIA SOBREIRA CORIOLANO - SESA


Contextualização
O Comitê Estadual de Prevenção à Mortalidade Materna, Infantil e fetal é uma instância de assessoramento técnico, interinstitucional, multiprofissional, educativo e confidencial, que visam identificar e analisar todos os óbitos e apontar medidas de intervenção para a sua redução na região de abrangência. Representa um instrumento gerencial de avaliação permanente das políticas de atenção à saúde da mulher e da criança. No Estado do Ceará, o Comitê Estadual de Prevenção da Mortalidade Materna, Infantil e Fetal foi reestruturado pela Portaria nº 1961/2023 com as principais atribuições:
-Fortalecer e avaliar a atuação dos Comitês Regionais, principalmente, nas análises dos óbitos maternos, infantis e fetais e a elaboração das recomendações das medidas de intervenção para a redução dos óbitos;
-Disseminar conhecimentos baseados em evidências sobre as políticas de saúde da mulher e da criança para gestores, profissionais de saúde e demais segmentos da sociedade;
-Propor e participar da produção de instrumentos técnicos: diretrizes, normas, protocolos e ações estratégicas de redução da mortalidade materna, infantil e fetal;
-Monitorar e Qualificar as ações de vigilância do óbito para o diagnóstico, planejamento e avaliação das ações,
-Contribuir com o fortalecimento da regionalização visando o desenvolvimento de ações da Gestão do Cuidado e da Rede de Atenção à Saúde Materna e Infantil.

Descrição da Experiência
O Comitê Estadual é caracterizado como organismo interinstitucional, composto pelos representantes das diferentes áreas técnicas da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (SESA): Saúde da Mulher, Saúde da Criança, Vigilância Epidemiológica, Atenção Especializada, Regulação; representantes dos Hospitais da Rede SESA, Conselho Estadual de Saúde; Universidades, Conselhos dos Secretários Municipais, Secretaria de Saúde Indígena, e da Sociedade Civil Organizada. Desde então, mantém suas reuniões ordinárias mensais, com participação efetiva de seus membros. No período de 2012 a 2015, atuou como importante instrumento de avaliação dos Planos de Ação Regionais da Rede Cegonha, além do apoio técnico e científico aos Fóruns da Rede Cegonha. Em 2013, a assessoria do Comitê Estadual, apoiou a reestruturação dos Comitês Regionais, e pela Portaria nº 240/2015, instituiu a Coordenação Técnica com a finalidade de monitorar e fortalecer estes Comitês. Em constante atualização, em 2022, considerando a mudança do organograma da SESA, houve nova reestruturação dos Comitês Estadual e Regionais, coordenado pela Coordenadoria de Políticas de Gestão do Cuidado Integral à Saúde, incorporou a principal atribuição de analisar, Planejar e implementar ações estratégicas e diretrizes para a Redução da Mortalidade Materna, Infantil e Fetal.


Objetivo e período de Realização
Conhecer os aspectos ligados ao cuidado pré-natal, ao parto, ao aborto, ao puerpério, e à criança, bem como os aspectos institucionais, sociais, econômicos e culturais no intuito de melhorar os indicadores de mortalidade materna, infantil e fetal, no período de 2012 a 2023.

Resultados
1. Promoção do fortalecimento dos Comitês Regionais pela realização de diversas ações estratégicas, como reuniões técnicas, e para subsidiar esta finalidade foram elaborados os seguintes instrumentos:
Regimento Interno
Manual de Diretrizes para organização dos Comitês
Norma Técnica sobre Análise dos Óbitos com a inclusão das Três Demoras.
Relatório Trimestral
Carta de Recomendações aos órgãos competentes.

2. Ações realizadas com a finalidade de disseminação de conhecimentos:
Mini curso “Comitê de Prevenção da Mortalidade” realizado no Congresso da ABRASCO
Oficina Web sobre Comitês de Prevenção: atribuições e finalidades
Cursos sobre Vigilância do Óbito pela Escola de Saúde Pública
Fórum de Conscientização pelas Perdas Perinatais
Seminário Estadual sobre Manejo Obstétrico das Síndromes Hipertensivas
Seminário de Saúde Mental Materna em parceria com a Universidade Estadual do Ceará
Seminário Regional de Redução da Mortalidade Materna/Sobral

3. Monitoramento das ações de vigilância do óbito materno, infantil e fetal do Estado foi elaborado o documento "Cenário Epidemiológico da Mortalidade Materna, Infantil e Fetal" do período de janeiro a dezembro de 2022.

Aprendizado e Análise Crítica
No Ceará, o fortalecimento do Comitês de Prevenção à Mortalidade Materna, Infantil e Fetal tem sido um movimento importante de gestão participativa e de consolidação da articulação entre a atenção e a vigilância. A análise aprofundada dos casos e a conclusão dos óbitos investigados proporcionam o conhecimento, a detecção e prevenção dos fatores determinantes e condicionantes possibilitando recomendar e adotar as medidas de prevenção dos óbitos.
Além disso, com a participação dos atores envolvidos no processo, a vigilância dos óbitos é efetivamente incorporada pelos profissionais, possibilitando identificar em cada caso investigado os fatores que devem ser modificados e as medidas necessárias para evitar novas mortes preveníveis, contribuindo para o aperfeiçoamento dos processos de trabalho e a organização dos serviços de saúde a fim de prevenir novas ocorrências.
Outro fator importante, considerado como um diferencial dos Comitês de Prevenção da Mortalidade Materna, Infantil e Fetal do Ceará foi a inclusão da Análise das Três Demoras no processo de análise dos óbitos, que compreende que as demoras entre o início de uma complicação e seu tratamento adequado podem ocorrer em três fases: Demora na decisão de procurar cuidados pelo indivíduo; Demora no acesso a uma unidade de cuidados adequados de saúde; Demora em receber os cuidados adequados na instituição de referência.

Referências
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Classificação Internacional de Doenças, 1994.
BRASIL. Ministério da Saúde. Parto, aborto e puerpério. Assistência Humanizada à Mulher. Brasília, 2001.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Manual dos Comitês de Prevenção do Óbito Infantil e Fetal. Série A. Normas e Manuais Técnicos. Brasília – DF. 2005.
Brasil. Manual de vigilância do óbito infantil e fetal e do Comitê de Prevenção do Óbito Infantil e Fetal. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. 2. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2009.
THADDEUS’.S, MAINE D. Too Far To Walk: Maternal Mortality In Context- Sm. Sci. Med. Vol. 38. Elsevier Science Ltda. Printedin. N◦. 8, 1994.

PACAGNELLA, R. C. Morbidade materna grave: explorando o papel das demoras no cuidado obstétrico. Campinas, 2011 [Tese] - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas.


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