04/11/2024 - 17:20 - 18:50 RC9.14 - Fortalecimento das Políticas de Saúde Materno-Infantil: Desafios, Estratégias e Impactos na Atenção ao Pré-Natal e na Mortalidade Infantil no Brasil |
52491 - POLÍTICAS PÚBLICAS PARA PRIMEIRA INFÂNCIA: CONTRIBUIÇÕES DO BRINCAR COMO RECURSO DE INTERVENÇÃO NO DESENVOLVIMENTO NEUROMOTOR SUIANE RODRIGUES VIANA - UFC, KERLEY MENEZES SILVA PRATA - UECE
Contextualização O nascimento prematuro é definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como aquele que ocorre antes de 37 semanas completas de gestação. A prematuridade constitui um fator de risco ao desenvolvimento neuropsicomotor (SOUZA; MARINHO, 2013). Segundo sua idade gestacional, os prematuros podem ser classificados como: prematuros extremos (menor que 28 semanas), muito prematuros (28-31 semanas) e moderados (32-36 semanas de gestação). O Brasil é o 10º no ranking mundial de partos prematuros (GUINSBURG et al, 2020). A criança nascida prematura, por não ter atingido a maturidade funcional e estrutural dos órgãos e tecidos, uma vez que não completou o desenvolvimento intrauterino, pode apresentar desvios no padrão de desenvolvimento neuropsicomotor, em termos qualitativos quando comparada a crianças nascidas a termo. O brincar é uma atividade espontânea e prazerosa, que envolve oportunidades de descoberta, criatividade e autoexpressão, possibilitando o desenvolvimento neuropsicomotor, cognitivo e de linguagem (SILVA, PONTES, 2013).
Descrição da Experiência Trata-se de um relato de experiência sobre o acompanhamento de uma criança prematura que foi acompanhada por uma equipe multiprofissional em uma UPAS por um período de três anos, sendo utilizado como estratégia de intervenção de cuidado o Brincar. A criança iniciou o acompanhamento aos 10 meses no NDI, sendo um serviço que tem a finalidade de avaliar o desenvolvimento das crianças até três anos de idade e atuar no acompanhamento longitudinal de crianças em situação de vulnerabilidades, fortalecendo as políticas públicas direcionadas para a primeira infância, com o objetivo de prevenir atrasos e potencializar as atividades cognitivas, funcionais e posturais. A equipe que atua no NDI é multidisciplinar, compostas por pediatras, fisioterapeutas, psicólogos e terapeutas ocupacionais (INFORMATIVO, 2020).
O primeiro ano de acompanhamento deu-se pela equipe multidisciplinar do NDI, composta pela Fisioterapia e Terapia Ocupacional, onde foram utilizados modelos biomecânicos de abordagem e métodos de estimulação precoce para obter os marcos motores da criança. O atendimento deu-se de forma semanal. Neste período, foram utilizados abordagens motoras e recursos lúdicos com o propósito de estimular os componentes de desempenho sensoriais, neuromusculoesqueléticos e motores para que, posteriormente, os mesmos auxiliem em uma maior independência durante a participação efetiva no brincar.
Objetivo e período de Realização Relatar a experiência do acompanhamento e do desenvolvimento neuropsicomotor de uma criança prematura nascida com 30 semanas e 3 dias, durante um período de três anos (2020-2023). Refletir sobre o Brincar como ferramenta de intervenção no desenvolvimento neuromotor. O local de intervenção foi no Núcleo de Desenvolvimento Infantil (NDI) situado em uma Unidade de Atenção Primária à Saúde (UAPS) localizado na Regional IV, do Município de Fortaleza.
Resultados O acompanhamento identificou e caracterizou o quadro clínico inicial com atraso motor, visto que aos 10 meses a criança ainda não possuía equilíbrio de tronco e não sentava com fraqueza de MMII. Após o acompanhamento de 2m, observou-se o controle de tronco e o sentar sem apoio aos 12m. Com 14m iniciou o engatinhar, com 16m iniciou o balbucio, a equipe iniciou um trabalho lúdico utilizando a musicoterapia para estímulo da fala, com 18 m iniciou a posição bípede dando início ao treino de coordenação e equilíbrio. Aos 2a, o brincar é utilizado como recurso terapêutico. Em março/2020 foi interrompido o atendimento presencial devido às restrições da covid e passou a ser ofertado atendimento remoto, pelo qual as orientações eram feitas por mensagens e vídeochamadas. Em julho/2020 retornaram os atendimentos de forma presencial e a paciente estava com 30 meses, apresentando alguns avanços de comunicação e de expressão. Desse modo, iniciou a vida escolar aos 3a e 1m e apresentou atraso, sendo necessária intervenção do Terapeuta Ocupacional para os aspectos cognitivos, espaçotemporal e de motricidade fina. Aos 46 meses apresentou melhora em relação à dificuldade de coordenação motora fina.
Aprendizado e Análise Crítica A intervenção realizada proporcionou o desenvolvimento de um repertório de ações sensoriais, neuromusculoesqueléticas e motoras, processo por meio do qual, ao se fazer a correção da idade cronológica pelo fator da prematuridade, observou-se que os ganhos foram extremamente satisfatórios e condizentes com o esperado para a idade corrigida, evidenciando a efetividade da atuação do Terapeuta Ocupacional como agente minimizador dos efeitos causados pelos fatores de risco ao desenvolvimento neuropsicomotor. De acordo com Silva e Pontes (2013), o Terapeuta Ocupacional utiliza o brinquedo como recurso para criança manusear o objeto, para chamar sua atenção, para distraí-la ou motivá-la. Muitos componentes de desempenho podem ser trabalhados nesta situação, como: postura, concentração, coordenação, motora, interação entre outros. Desse modo, torna-se pertinente o incentivo de políticas públicas na perspectiva da intervenção de uma equipe multidisciplinar, pois o quanto mais precoce os cuidados, melhores serão os resultados. O acompanhando do desempenho sensorial (tato, visão, audição, percepção e equilíbrio), neuromusculoesqueléticos (força, resistência e controle postural) e motores (integração bilateral, integração visomotora e controlemotor) ocorridos nas intervenções da Terapia Ocupacional, foram efetivos ao utilizar o Brincar como recurso terapêutico e de intervenções.
Referências BEZERRA, Caroline Cunha. Fortaleza da primeira infância: construindo a condição humana. Fortaleza: INESP,2019.
MARQUES, C. S. B. Classificação do recém-nascido segundo idade gestacional e crescimento fetal. In: PACHI, P. R. (Org.). O pré-termo: morbidade, diagnóstico e tratamento. São Paulo: Roca,2003. p.23-40.
SOUZA, Ariana Carramaschi; MARINHO, Milena de Souza Fazio. Atuação do Terapeuta Ocupacional com criança com atraso do desenvolvimento neuropsicomotor. Cad. Ter. Ocup. UFSCar, São Carlos, v. 21, n. 1, p. 149-153, 2013.
GUINSBURG, Ruth; MIYOSHI, Milton Harumi; OLIVEIRA, Allan Chiaratti. Dia nacional da prematuridade. Escola Paulista de Medicina. 2020. INFORMATIVO da Prefeitura de Fortaleza.
SILVA, Carla Cilene Baptista; PONTES, Fernando Vicente. A utilização do brincar nas práticas de terapeutas ocupacionais da Baixada Santista. Rev. Terr. Ocup. Uni. São Paulo, setembro de 2013: 226-232.
Fonte(s) de financiamento: próprio custo
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