Roda de Conversa

04/11/2024 - 17:20 - 18:50
RC9.14 - Fortalecimento das Políticas de Saúde Materno-Infantil: Desafios, Estratégias e Impactos na Atenção ao Pré-Natal e na Mortalidade Infantil no Brasil

50634 - MORTALIDADE INFANTIL EM CAPITAL DO NORDESTE BRASILEIRO: ESTUDO LONGITUDINAL DE 2009 A 2020
MARIA AURINEIDE BARBOSA LOURENÇO - UNIFOR, MARÍLIA NUNES FERNANDES - UNIFOR, MARAYSA COSTA VIEIRA CARDOSO - UNIFOR, KARLA MARIA CARNEIRO ROLIM - UNIFOR, THIAGO MEDEIROS DA COSTA DANIELE - UNIFOR, ANA PAULA VASCONCELLOS ABDON - UNIFOR, EVANICE AVELINO DE SOUZA - UNIFOR, EVANIA MARIA OLIVEIRA SEVERIANO - UNIFOR, MIRNA ALBUQUERQUE FROTA - UNIFOR


Apresentação/Introdução
A saúde brasileira se encontra entre o estágio demográfico e o epidemiológico se modificando nas regiões,de acordo com o desenvolvimento socioeconômico.Fatores como industrialização,urbanização,renda,educação,tecnologia,controle de natalidade e avanços na saúde pública foram essenciais para reduzir mortalidades por causas infecciosas.Desde 1980,o país tem avançado nos determinantes sociais,nos indicadores materno e infantil,bem como no acesso à atenção nos estabelecimentos de saúde.Porém,a atenção mãe-bebê,ainda é marcada por desigualdades socioeconômicas,limitando o acesso e atendimento nos serviços de saúde.Com isso,ao medir acesso ao atendimento,utilizam-se indicadores,que são medidas para fornecer informações acerca da saúde de uma população.Dentre estes,tem-se a Mortalidade Infantil,que aponta o desenvolvimento socioeconômico de uma nação.A análise mensura as condições de saúde de determinada população,em localidade e período de tempo de abrangência.Esse indicador ocorre por causas evitáveis e se associam a fatores,como os sociais,culturais e qualidade de assistência ao binômio mãe-filho.Para reduzí-lo,é necessário conhecimento dos determinantes de maior impacto,para que as ações de saúde sejam efetivas garantindo qualidade de vida à população,constituindo desafio para a saúde,pois, embora tenha ocorrido diminuição nas taxas,ainda é fator persistente no Brasil.

Objetivos
Analisar, na coorte de nascidos vivos do município de Fortaleza, os possíveis determinantes da mortalidade infantil evitável, bem como caracterizar o perfil epidemiológico dos nascidos vivos, no município de Fortaleza, no período de 2009 a 2019 e descrever a mortalidade infantil no período de 2009 a 2020.

Metodologia
Trata-se de estudo observacional,de coorte,retrospectivo,com abordagem quantitativa,realizado entre janeiro a outubro de 2021,a partir de registros de dados dos Sistemas de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) e Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM),mantidos pelo Ministério da Saúde e Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde.A amostra do estudo são todos os nascidos vivos registrados no SINASC,entre primeiro de janeiro de 2009 a 31/12/2019,filhos de mulheres residentes no município de Fortaleza,Ceará.As bases de dados foram relacionadas por linkage em duas etapas,a determinística e probabilística.A determinística foi realizada a partir da Declaração de Nascido Vivo,utilizando-se o software SPSS.Já em relação a probabilística,refere-se ao restante dos registros não pareados na fase anterior.Com isso,tem-se que a execução foi baseada em campos comuns,gerando pontuação probabilística para cada par classificado como iguais.Após isso,os registros de pares de casos foram conferidos manualmente.Acerca das variáveis utilizadas,têm-se estado civil,peso ao nascer,via de parto,quantidade de consultas no pré-natal,bem como idade gestacional e localização do parto.

Resultados e Discussão
A partir dos dados analisados,observou-se que 99,6% foram em ambiente hospitalar e 51,5% era representada por mulheres casadas ou com união estável.Acerca do pré-natal,foi visto que 51,9% das gestantes realizaram sete ou mais consultas,predominando recém-nascidos(RNs) pré-termo,com 10,5%.Além disso,evidenciou-se que o peso ao nascer é um fator importante para flutuação das taxas desse indicador,registrando prevalência de 7% dos RNs.Acerca da taxa de mortalidade infantil,foram registrados 0,4 para cada mil nascidos vivos.No mesmo período,a média do coeficiente de mortalidade neonatal precoce foi de 0,27,a neonatal tardia de 0,7 e a pós-neonatal foi de 0,15,com isso houve redução no componente pós-neonatal chegando a 3,2%,em 2020 e aumento para o neonatal precoce,com 7,2%,no mesmo ano.Notou-se que a escolha pela via de parto vaginal e fora do ambiente hospitalar são fatores que contribuem para o aumento nas taxas de mortalidade infantil,sendo associada a qualidade da assistência prestada,principalmente no componente neonatal,limitando o acesso à saúde.Ademais, a situação de saúde da população infantil,nos componentes neonatal e pós-neonatal,evidenciou fatores importantes como aspectos socioeconômicos e comportamentais.Outrossim,a adequada atenção à gestante se mostrou eficaz para redução na mortalidade,refletindo a situação atual desse indicador na capital cearense durante os anos estudados,bem como a evolução do coeficiente de mortalidade infantil nos componentes.Algumas medidas relativas a saúde,com enfoque na Rede Cegonha,com melhores condições de vida,destacando-se os fatores socioeconômicos e ambiental e assistência pré-natal adequada.Ademais,citam-se ações como controle de doenças infecciosas,Infecções Sexualmente Transmissíveis e a Estratégia Saúde de Família.

Conclusões/Considerações finais
Os principais fatores associados ao aumento da taxa de óbitos infantis, incluem baixa escolaridade materna, fatores de riscos comportamentais e de uso dos serviços de saúde, abrangendo número insuficiente de consultas pré-natais, parto vaginal e partos fora do ambiente hospitalar. Além disso, as características biológicas também estão associados,como a prematuridade, o baixo peso ao nascer e índice de Apgar abaixo do esperado.Pela técnica linkage, foi possível resgatar dados relativos aos fatores de riscos para o desfecho, oriundos tanto das Declarações de Nascidos Vivos como das Declarações de Óbitos infantis, ampliando o cenário dos determinantes que resultaram em óbitos evitáveis e os componentes de maior incidência. Sendo assim, há interação entre os fatores determinantes, principalmente no componente neonatal precoce, reforçando que a assistência de qualidade à gestante, ao parto e ao recém-nascido deve ser prioridade para execução de ações de prevenção e promoção.

Referências
BRASIL, T. B. et al. Fatores Associados à Mortalidade Neonatal com Ênfase no Componente da Atenção Hospitalar ao Recém-Nascido. Arquivos Catarinenses de Medicina, [s. l.], v. 47, n. 2, p. 70-86, 2018. Disponível em: https://revista.acm.org.br/index.php/arquivos/article/view/280. Acesso em: 15 nov 2021.

OLIVEIRA, C. M. et al. Mortalidade infantil: tendência temporal e contribuição da vigilância do óbito. Acta Paul Enferm., São Paulo ,v. 29 , n. 3, p. 282-290, 2016. Disponível em: https://qa1.scielo.br/j/ape/a/8CZrQrCZtdmxFCzDc7Qmprp/?lang=en. Acesso 21 nov 2021.

SANDERS L.S.C. et al. Mortalidade infantil: análise de fatores associados em uma capital do Nordeste brasileiro. Cad Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.25, n.1, p.83-89, 2017. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/en/biblio-839619. Acesso em: 16 dez 2021.

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