04/11/2024 - 17:20 - 18:50 RC9.14 - Fortalecimento das Políticas de Saúde Materno-Infantil: Desafios, Estratégias e Impactos na Atenção ao Pré-Natal e na Mortalidade Infantil no Brasil |
50569 - ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER E A PANDEMIA POR COVID-19: IMPACTOS SOBRE O ACESSO AOS SERVIÇOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE MARIANE DE CARVALHO PIRES - UEFS, LUCIANE CRISTINA FELTRIN DE OLIVEIRA - UEFS, MARCELLE SATURNINO SANTIAGO - UEFS, MARCIO COSTA DE SOUZA - UEFS, DANIELA FERREIRA BASTOS MARQUES - UEFS, JULIANA ALVES LEITE LEAL - UEFS
Apresentação/Introdução O advento da pandemia de COVID – 19 no Brasil e no mundo trouxe consigo
impactos em diversos âmbitos da saúde pública, e em diversos serviços de saúde
oferecidos pela Atenção Primária à Saúde (APS), dentre eles, os serviços e procedimentos
relacionados à Atenção à Saúde da Mulher. Segundo Reigada & Smiderle (2021),
epidemias agravam as já existentes desigualdades vivenciadas por meninas e mulheres,
especialmente se estão em situações de vulnerabilidade.
No Brasil, a saúde da mulher foi incorporada às Políticas do Sistema Público de
Saúde no final da década de 80, sendo que antes o atendimento à atenção à saúde da
mulher estava limitado à gravidez e ao parto.
Compreendendo que a APS é coordenadora da atenção à saúde da mulher e que as
ações de isolamento e a diminuição do atendimento à população, especialmente, pelas
equipes de saúde da família, gerou uma demanda reprimida para atendimento de saúde
sexual e reprodutiva, incluindo pré-natal, e também para as ações de prevenção e
rastreamento de câncer de mama e câncer do colo do útero, torna-se necessário entender
como a APS dos municípios se comportaram com relação a estes indicadores de saúde.
Objetivos Analisar o acesso para os serviços de saúde da atenção à mulher em dois municípios baianos (Camaçari e Feira de Santana) após Pandemia por covid-19
Caracterizar os serviços de atenção à saúde da mulher impactados pela pandemia por Covid-19 nos municípios de Camaçari e Feira de Santana; Comparar os indicadores APS ligados à atenção à saúde da mulher entre os municípios de Camaçari e Feira de Santana.
Metodologia Trata-se de um estudo quantitativo, do tipo corte transversal, no sentido de realizar análise do perfil de atendimentos das equipes de APS nos municípios de Camaçari e Feira de Santana no período anterior à pandemia pela COVID-19 e depois do início de casos nestes municípios, de modo que possamos comparar os indicadores para saúde da mulher na APS.
A coleta de dados ocorreu por meio de dados secundários nos Sistemas de Informação para analisar indicadores de desempenho/qualidade com foco nas condições de saúde na Atenção Primária (Caderno de monitoramento da AB - CAMAB/SESAB, e-Gestor/MS), e registros do e-Sus APS para levantar informações sobre perfil de atendimentos das equipes de AP nos dois municípios, no período estudado.
Os indicadores foram analisados considerando os seguintes eixos:
Exames diagnósticos para doenças transmissíveis (sífilis, HIV, hepatites); b) Atendimento de puerpério (até 42 dias); c) Atendimento de saúde sexual e reprodutiva; d) Rastreamento de câncer de mama; e) Rastreamento de câncer do colo do útero.
Resultados e Discussão Os dados analisados mostram que houve um crescimento alarmante no número
de casos de sífilis em gestantes no município de Feira de Santana entre os anos de 2020 e 2021, anos em que a pandemia de Covid-19 ainda não havia sido controlada, sofrendo brusca redução nos anos seguintes. A cidade de Camaçari também apresentou crescimento de casos notificados de sífilis no mesmo período. Tal fato está relacionado ao acesso restrito na APS durante esses anos e consequentemente a saúde sexual e reprodutiva oferecida pela AB, que indica métodos contraceptivos para prevenção e promoção da saúde sexual, além de envolver o bem-estar físico, mental e social relacionado ao sistema reprodutivo.
Percebe-se que a proporção de gestantes com pelo menos 6 consultas de pré-natal realizadas é baixa nas duas cidades, aumento apenas no terceiro quadrimestre de 2020. O município de Camaçari saiu de 9% para 33% no período de um ano, enquanto Feira de Santana apresentou aumento de apenas 3% no mesmo período, saindo de 9% para 12%.
Os menores índices são vistos no terceiro quadrimestre de 2019 e primeiro e segundo quadrimestre de 2020, período que haviam numerosos casos de COVID-19 em todo o mundo, e as pessoas evitavam sair de casa seguindo as orientações da OMS.
Observou-se também a proporção de mulheres com coleta citopatológica pós pandemia, nos anos de 2022 a 2023.
Conclusões/Considerações finais A APS demonstrou ser essencial para a continuidade do cuidado, mesmo diante das
restrições impostas pela pandemia, e reforçou a importância de um sistema de saúde
robusto e acessível para todos.
A saúde da mulher, particularmente no que se refere à saúde sexual e reprodutiva,
sofreu impactos negativos durante a pandemia, evidenciados pelo aumento de casos de sífilis em gestantes. A retomada e o fortalecimento das ações de pré-natal e de saúde ginecológica são essenciais para melhorar esses indicadores. É necessário um esforço contínuo para promover a educação em saúde e facilitar o acesso aos serviços de APS, garantindo que todas as fases da vida das mulheres sejam atendidas de forma integral e contínua.
Referências ASSIS, M. M. A. et al Atenção Primária à Saúde e sua articulação com a Estratégia
Saúde da Família: construção política metodológica e prática. Revista de APS, Juiz de
Fora, v. 10, p. 189-199, 2007.
BAHIA, Secretaria de Saúde. Caderno de Avaliação e Monitoramento da Atenção
Básica- CAMAB. Governo do Estado da Bahia, 2024.
BRASIL. IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: <
https://www.ibge.gov.br/>. Acesso em: 28/05/2024.
BRASIL, Ministério da Saúde. CNES: Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Saúde. Ministério da Saúde, Brasília, 2024.
BRASIL, Min. Da Saúde. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher:
Princípios e Diretrizes. Ministério da Saúde, Brasília, 2004.
Fonte(s) de financiamento: Fapesb - Edital PPSUS
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