04/11/2024 - 17:20 - 18:50 RC9.13 - Análise de Custo, Efetividade e Desempenho na Gestão de Doenças Crônicas e Oncológicas no Brasil |
53883 - EVOLUÇÃO DAS AÇÕES DE RASTREAMENTO DO CÂNCER DE COLO DE ÚTERO NAS REGIÕES DO BRASIL EM 10 ANOS. WILLIANY JOYCIELLE DA SILVA ALBUQUERQUE - UFPE, BRUNA DE ALMEIDA PRADO - UFPE, ANA LÚCIA ANDRADE DA SILVA - UFPE, RONALD PEREIRA CAVALCANTI - UFPE
Apresentação/Introdução O câncer de colo de útero é uma neoplasia maligna que afeta a saúde das mulheres em todo mundo. Por se tratar de doença rastreável, o número elevado de mortes por este câncer está associado ao diagnóstico tardio, em estágio avançado, o que o mantém ainda como problema de saúde pública (Luiz et al., 2024). Para cada ano do triênio 2023-2025 foram estimados 17.010 casos novos no Brasil, o que representa uma taxa bruta de incidência de 15,38 casos a cada 100 mil mulheres. Na análise regional, o câncer do colo do útero é o segundo mais incidente nas Regiões Norte (20,48/100 mil) e Nordeste (17,59/100 mil) e o terceiro na Centro-Oeste (16,66/100 mil). Já na Região Sul (14,55/100 mil) ocupa a quarta posição e, na RegiãoRegião Sudeste (12,93/100 mil), a quinta posição (Brasil, 2022). Para se ter uma diminuição nas taxas de morbimortalidade Organização Mundial de Saúde recomenda 90% das meninas até os 15 anos vacinadas contra o HPV; 70% das mulheres rastreadas para o câncer do colo do útero com teste de alta performance e tratamento de 90% das mulheres com lesão identificada, essencialmente para aquelas entre 25 a 64 anos. Diante da alta taxa de cura dessa neoplasia se diagnosticada precocemente, investigar a evolução dos procedimentos preventivos realizados entre as Regiões do Brasil justifica-se para monitorar e apoiar tomadas de decisão e o planejamento.
Objetivos Avaliar a evolução da realização de exames de rastreamento do câncer de colo de útero
Metodologia Foi realizado um estudo quantitativo descritivo de corte transversal, utilizando-se dados secundários do Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA), do Ministério da Saúde e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente às cinco regiões do Brasil (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul). As ações de rastreamento do câncer de colo do útero foram avaliadas a partir de 04 procedimentos e respectivos códigos no DataSus: 0203010086 (exame Citopatológico Cervicovaginal Microflora – Rastreamento); 0203010019 exames Citopatológico Cervicovaginal Microflora); 0211040029 (Colposcopia); e 0201010666 (Biopsia do Colo Uterino), entre os anos de 2014 a 2023. Também foi extraída a projeção da população residente do sexo feminino, na faixa etária entre 25 e 64, das cinco regiões do País, para comparar a evolução das demandas de rastreamento deste tipo de câncer. O resultados foram analisados em números absolutos comparando-se anualmente as cinco regiões.
Resultados e Discussão A população-alvo destes procedimentos preventivos aumentou em todas as regiões do país no período estudado. O número de procedimentos preventivos do câncer de cólo de útero aumentou nas Regiões Norte e Nordeste e diminuiu nas demais regiões: Norte (493.555; 483.774; 524.195; 534.233; 527.209; 301.377; 425.345; 611.357 e 756.903); Nordeste (2.390.849; 2.334.410; 2.237.692; 2.202.095; 2.354.015; 2.278.308; 1.202.394; 1.888.606; 2.351.460 e 2.546.574); Sudeste (4.315.781; 4.102.148; 4.231.695; 4.063.320; 4.102.300; 3.883.881; 2.364.656; 3.214.534; 3.808.838 e 4.179.468); Sul (1.812.844; 1.692.834; 1.720.830; 1.673.103; 1.616.977; 1.622.991; 934.043; 1.331.309; 1.566.092 e 1.685.402) e Centro-Oeste (613.419; 565.125; 531.750; 538.131; 478.995; 534.146; 268.137; 417.381; 508.082 e 588.549). Mesmo considerando-se as limitações dos dados do tipo administrativos, esta metodologia permite um monitoramento rápido para a tomada de decisão e o planejamento regional e local que direcione ações para ampliar a cobertura desses exames preventivos, destacadamente naquelas em que apresentaram queda Luiz et al. (2024) alertam que houve aumento da desigualdade racial ao longo dos anos de 2002 a 2021 quanto à mortalidade por esta doença e recomendam que para a elaboração de políticas de saúde da mulher devem ser consideradas as diferenças raciais na implementação de estratégias e metas.
Conclusões/Considerações finais Devido ao crescimento da população feminina de 25 a 64 anos em todas as regiões, se esperaria que estas apresentassem um aumento da produção por se tratar de um procedimento de rastreamento. Esta redução no rastreio afeta a elaboração da estratégias de convocação das pessoas elegíveis para o rastreamento, estruturação da rede para o seguimento da população com exames alterados e monitoramento/avaliação das ações. É importante reforçar o cumprimento dos parâmetros técnicos para o rastreamento do câncer do colo do útero junto às secretarias estaduais de saúde, sobretudo nas regiões que tiveram uma redução na realização dos procedimentos preventivos, para que, juntamente com os municípios, qualifiquem o rastreio na atenção primária à saúde, considerada porta de entrada.
Referências Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Estimativa 2023: incidência do Câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2022.
Barbosa, Isabelle Ribeiro; Souza, Dyego Leandro Bezerra de; Bernal, María Milagros e Costa, Iris do Céu Clara. Desigualdades regionais na mortalidade por câncer de colo de útero no Brasil: tendências e projeções até o ano 2030. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2016, vol.21, n.1, pp.253-262.
Luiz, Olinda do Carmo; Nisida, Vitor; Da Silva Filho, Aloisio Machado; Souza, Allex Sander Porfírio de; Nunes, Ana Paula Nogueira; Nery, Felipe Souza Dreger. Iniquidade racial na mortalidade por câncer de colo de útero no Brasil: estudo de séries temporais de 2002 a 2021. Ciência & Saúde Coletiva [online]. v. 29, n. 3
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