04/11/2024 - 17:20 - 18:50 RC9.13 - Análise de Custo, Efetividade e Desempenho na Gestão de Doenças Crônicas e Oncológicas no Brasil |
51793 - PERFIL E TENDÊNCIA DA MORBIMORTALIDADE POR INFARTO ÁGUDO DO MIOCÁRDIO NA BAHIA EDILSON DA SILVA PEREIRA FILHO - UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA, NÁILA SILVA NEIVA - FACULDADE IRECÊ-FAI, PABLINE NUNES BASTOS - FACULDADE IRECÊ-FAI, GISELLE ALVES DA SILVA TEIXEIRA - UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA, NÁDJA SHRLEY ANDRADE CAVALCANTE - FACULDADE IRECÊ-FAI, ALEXANDRE SILVA SANTOS - UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA, DEYBSON BORBA DE ALMEIDA - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA, MARIANE TEIXEIRA DANTAS FARIAS - UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA, JESSICA DE SOUZA SILVA - UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA, RENATA OLIVEIRA LOURENÇO - UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
Apresentação/Introdução As doenças cardiovasculares são responsáveis por uma expressiva taxa de mortalidade no mundo, representando aproximadamente 31% do total de mortes anuais. No Brasil, o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) é a principal causa de morte entre as doenças cardiovasculares, registrando anualmente de 300 a 400 mil casos, com uma taxa de mortalidade de 5% a 7%. Estes dados destacam o IAM como uma questão de saúde pública, dado o interesse da comunidade, a prevalência, a gravidade e a possibilidade de controle (Alves, 2022; Nicolau, 2022).
Desta forma, o conhecimento acerca das manifestações clínicas e atendimento imediato ao paciente em processo de IAM é fundamental para o sucesso da intervenção terapêutica. Este cuidado começa no atendimento de emergência pré-hospitalar, se estendendo ao atendimento hospitalar, em que o diagnóstico precoce e decisões clínicas assertivas são determinantes para o controle da morbimortalidade (Tapias et al.,2022).
Diante disso surgiu o seguinte problema de pesquisa: Qual a tendência e o perfil epidemiológico associado à morbimortalidade por infarto agudo do miocárdio, na Bahia, entre janeiro de 2019 a dezembro de 2023?
Objetivos Analisar a tendência e delinear o perfil epidemiológico associado à morbimortalidade por infarto agudo do miocárdio, na Bahia, entre janeiro de 2019 a dezembro de 2023.
Metodologia Trata-se de uma análise descritiva e retrospectiva, empregando um delineamento de série temporal entre janeiro de 2019 a dezembro de 2023. A coleta de dados foi realizada por meio do Tabnet/DATASUS, com definição prévia das variáveis.
Após a coleta, foram calculados os coeficientes de incidência de internações (CI) e de mortalidade (CM) por cem mil habitantes e, após esse processo, os resultados foram transferidos para o software estatístico R, versão 1.4.1106. Para cada variável, aplicou-se o teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov e a análise de tendência foi conduzida através do teste de Durbin-Watson.
Para minimizar os erros do tipo II adotou-se a regressão linear pelo método de Prais-Winsten, além disso foram calculadas a Variação Percentual Anual (APC) e o intervalo de confiança de 95% (IC95%).
Posteriormente, utilizou-se o coeficiente de determinação (R2) para avaliar a adequação do modelo estatístico, juntamente com a análise da significância do teste F, proveniente da análise de variância (ANOVA), com um valor p inferior a 0,05.
Resultados e Discussão Registrou-se, no período analisado, 35.996 internações por Infarto Agudo do Miocárdio na Bahia. O coeficiente médio de incidência foi de 45,53 internações por cem mil habitantes e o coeficiente médio de mortalidade foi de 11,78.
No contexto das variáveis sociodemográficas, a maior parte das ocorrências envolveu indivíduos de cor parda, representando 83,63% do total, com uma taxa de mortalidade de 10,072%, ligeiramente superior à observada entre os brancos, de 8,682%. Homens foram a maioria nas internações, correspondendo a 59,36%, embora as mulheres, que representaram 40,64%, tenham registrado uma maior taxa de mortalidade de 13,38%. Isso pode ser atribuído ao menor calibre das artérias femininas e ao impacto da redução dos níveis de estrógeno após a menopausa, explicando a maior taxa de mortalidade observada em mulheres. Além disso, a mortalidade aumenta significativamente com a idade, especialmente entre indivíduos com 70 anos ou mais, onde a taxa de mortalidade atinge 46,59%.
A análise das tendências da incidência de internações e mortalidade revelou um aumento crescente no CI enquanto o CM apresentou uma tendência decrescente. Essa tendência crescente de internações pode estar relacionada com as mudanças nas características demográficas, como um aumento na população idosa, além disso, mudanças no estilo de vida que podem levar a mais casos de infarto. A tendência decrescente na mortalidade pode estar associada a um melhor acesso ao atendimento médico em tempo hábil, explicado pelos investimentos na rede de Urgência e Emergência (RUE) no estado, com a abertura de novos serviços na capital e expansão da cobertura para o interior.
Conclusões/Considerações finais Os dados do período analisado apontam que o IAM continua sendo uma condição de saúde crítica na Bahia, com 35.996 internações registradas e um coeficiente médio de incidência de 45,53 por cem mil habitantes, apesar de apresentar uma tendência decrescente na mortalidade em todo estado.
Este estudo destaca a importância de fortalecer e expandir continuamente as políticas de saúde pública voltadas para a prevenção e tratamento eficaz do IAM, especialmente considerando o envelhecimento populacional e as disparidades demográficas na Bahia, contribuindo assim para melhorias significativas na saúde da população.
As diferenças regionais no acesso e na qualidade do atendimento de urgência e emergência ressaltam a importância de mais investimentos na rede de saúde, especialmente na área de urgência e emergência, para garantir um atendimento adequado e equitativo em todas as regiões do estado.
Referências ALVES, L.; POLANCZYK, C. Hospitalization for Acute Myocardial Infarction: A Population-Based Registry. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. V. 115, n.5, p.916-924, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.36660/abc.20190573
NICOLAU, J. C. Infarto Agudo do Miocárdio com Supradesnivelamento do Segmento ST Tratado com Intervenção Coronária Percutânea Primária: A Importância de Dados Locais. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. v1, np, p.458-459, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.36660/abc.20220557
TAPIAS, A. H. F., et al. Universal Definition of Myocardial Infarction 99th Percentile versus Diagnostic Cut-off Value of Troponin I for Acute Coronary Syndromes. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. v. 118, n.6, p. 1006-1015, 2022. Disponível em: http://dx.doi.org/10.36660/abc.20210191
Fonte(s) de financiamento: CAPES
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