04/11/2024 - 17:20 - 18:50 RC9.13 - Análise de Custo, Efetividade e Desempenho na Gestão de Doenças Crônicas e Oncológicas no Brasil |
49882 - CUSTO COM ÚLCERA DO PÉ DIABÉTICO NA REGIÃO DE SAÚDE DE SALVADOR -BAHIA ANA PAULA FERNANDES DE CARVALHO - SESAB, JEANA CARLA DE LIMA - SESAB, ROSE ANA RIOS DAVID - UFBA, CICERO FIDELIS LOPES - UFBA, RENATA DA SILVA SCHULZ - UFBA, KARINE MONTENEGRO CARVALHO - UFBA, RODRIGO BITENCOURT SOUZA - UFBA, LARISSA SANTOS MACHADO - UFBA, GABRIELE SOUZA DE OLIVEIRA SANTOS - UFBA, SANDRA APARECIDA FAVINI OLIVEIRA - SESAB
Apresentação/Introdução As úlceras do pé diabético frequentemente estão associadas a infecção, ulceração ou destruição dos tecidos do pé que podem resultar em graves complicações, dentre elas as amputações (SBD, 2020). A amputação constitui um agravamento complexo das úlceras do pé diabético, pois envolve qualidade de vida, auto estima, integração social, suporte familiar, saúde mental-espiritual, além de aspectos financeiros. Isso revela não apenas um problema clínico, mas acarreta em severas repercussões na sobrevida dos pacientes que resulta em impactos econômicos para o custeio dos sistemas de saúde (SACCO, et al.2023). Estima-se que os custos com diabetes são duas a três vezes maiores do que nas pessoas não diabéticas, resultando em elevadas taxas de morbimortalidade e tempo de ocupação de leitos hospitalares (IWFGDF, 2019; SBD, 2020). Em 2015 os gastos com tratamento da diabetes no Brasil foram avaliados em US$22 bilhões, com projeção de US$29 bilhões para 2040(SBD, 2020). Observa-se ainda um alto custo financeiro voltado ao pé diabético no país, estimado em 2014 , no valor de R$634,8 milhões, desses, R$48,5 milhões se referiam aos custos com internações e R$586.3 milhões ao manejo ambulatorial (SUGITA, 2017).
Objetivos Objetivo Identificar o custo hospitalar direto com o atendimento das pessoas com úlcera do pé diabético e suas complicações, na região de saúde de Salvador- Bahia.
Metodologia Trata-se de um estudo ecológico, como recorte da pesquisa intitulada: “Úlcera do pé diabético: proposta de intervenção para monitoramento e redução de custos no Estado da Bahia”. Utilizou-se o banco de dados da Região de Saúde de Salvador extraídos do Sistema de Internação Hospitalar (SIH) através do TabWin do DataSUS, referentes ao ano de 2023. Foram considerados para fins de análise de custo com a úlcera do pé diabético e suas complicações as amputações de dedo, pé e tarso, e membros inferiores relacionadas a lista de Classificação Internacional da Doença - (CID -10) de diabetes Mellitus (E10, E11, E13, E14). Além dos códigos de amputação , considerado como custo com úlcera de pé diabético e suas complicações, o procedimento Tratamento de Pé Diabético Complicado, contudo, para este procedimento, não houve limitação na relação com a lista CID E10 ao E14, sendo portanto também considerados outros elementos da CID associados a este código. Para fins de comparação foram levantados ainda os custos com amputações relacionados a outras doenças da CID-10 referentes as amputações de dedo, pé e tarso, e de membros inferiores.
Resultados e Discussão Encontrados 706 procedimentos ,sendo 433 referentes a amputação de dedo, pé e tarso, e de membros inferiores , e 273 ao procedimento Tratamento de Pé Diabético Complicado. Para estas amputações o custo total das AIH (Autorização da Internação Hospitalar) foi de R$ 845.660,37, já para as AIH vinculadas ao código Tratamento de Pé Diabético Complicado foi de R$ 265.265,74, perfazendo um custo total de R$ 1.110.926,11. Detectou-se mais 1.319 amputações de dedo, pé e tarso, e de membros inferiores relacionadas a outras doenças do CID-10, com o custo total de R$ 3.256.768,27 , dentre eles 623 procedimentos estavam relacionados a gangrena (R02) e 115 com aterosclerose (I-70) com o custo de R$ 1.758.210.43 e R$ 160.045,14 respectivamente. Para as amputações associadas a CID de gangrena e aterosclerose, 65% dos pacientes tinham idade acima de 60 anos. Os resultados apontam para elevados custos hospitalares, o que leva a refletir sobre a necessidade de se instituir medidas que vislumbrem a promoção, prevenção e tratamento das úlceras do pé diabético, favorecendo o acesso a uma equipe especializada em cuidados com os pés de modo precoce, o que pode beneficiar a redução dos índices de amputação (MAC RURY, et al.; 2018). Observa-se também que os dados comparativos de amputação sugerem que os custos com a úlcera do pé diabético podem estar subestimados, tendo em vista que gangrena e a aterosclerose são consideradas complicações e condições responsáveis pela maioria das amputações em pés diabéticos (IWGDF, 2019; SBD, 2020).
Conclusões/Considerações finais A realização de estudos de levantamento de custo em saúde representa importante ferramenta para subsidiar a tomada de decisões dos gestores para instituição de medidas preventivas, assim como melhor estruturação do sistema de saúde para atender esta clientela . Os dados revelados na região de Saúde de Salvador, reforçam a necessidade de fortalecimento da Linha de Cuidado para o atendimento desta população de forma integral em todos os níveis de atenção à saúde, com ações na Atenção Básica, Média e Alta Complexidade, articuladas e com pactuações bem definidas, com o cumprimento das respectivas responsabilidades de cada nível de atenção. Nessa perspectiva, está sendo desenvolvido no âmbito da SESAB um projeto de intervenção, financiado pela FAPESB, em parceria com pesquisadores da UFBA, com o objetivo de desenvolver um protocolo para o monitoramento e redução de custos com o atendimento de pessoas com úlceras do pé diabético, na rede pública de atenção à saúde do Estado da Bahia.
Referências INTERNATIONAL WORKING GROUP ON THE DIABETIC FOOT (IWGDF). Diretrizes do IWGDF sobre a prevenção e tratamento de pé diabético (Tradução). 34º Congresso da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, Brasília, 2019.
MAC RURY S, et al. Reducing Amputations in People with Diabetes (RAPID): Evaluation of a New Care Pathway. International journal of environmental research and public health, 2018.
SACCO ICN, et al. Diagnóstico e prevenção de úlceras no pé diabético. Diretriz
Fonte(s) de financiamento: Pesquisa-intervenção aprovada pela Fundação de Apoio a Pesquisa do Estado da Bahia -Fapesb, mediante EDITAL FAPESB Nº 010/2022 – TBSUS – APOIO A TRABALHADORAS E TRABALHADORES PESQUISADORES DO SUS, cujo termo de autorga foi publicado em Diário Oficial em 07 de Março de 2024, com o período de 2 anos para seu desenvolvimento. O projeto conta ainda com a parceria de pesquisadores da Universidade Federal da Bahia.
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