Roda de Conversa

04/11/2024 - 17:20 - 18:50
RC9.13 - Análise de Custo, Efetividade e Desempenho na Gestão de Doenças Crônicas e Oncológicas no Brasil

49661 - CUSTO E EFETIVIDADE DAS MEDIDAS PREVENTIVAS PARA REDUÇÃO DA MORTALIDADE DE CÂNCER DO COLO DO ÚTERO
ESPEDITO AFONSO JÚNIOR - UNINASSAU, ALISSON SALATIEK FERREIRA DE FREITAS - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ-UECE, MARCELO GURGEL CARLOS DA SILVA - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ-UECE


Apresentação/Introdução
O Câncer do Colo do Útero (CCU) é uma doença “silenciosa”, que sem sintomas e se consubstancia pelo crescimento de células desordenadas do epitélio do colo do útero, comprometendo o tecido conjuntivo vascularizado que forma o tecido nutritivo e de sustentação do órgão (estroma), potencialmente agressiva as demais camadas e órgãos próximos (INCA, 2021).
O óbito por esta causa em uma etapa produtiva da vida, atinge economicamente as famílias e a sociedade que se vê subtraída da contribuição intelectual e econômica do paciente. Isto se aplica aos anos de vida perdido APVP, indicador econômico que mensura a diminuição da produtividade a partir do óbito, quantifica os anos de vida não vividos em virtude de morte antecipada (MOURA, 2016).
A maior longevidade da população feminina, tratamentos mais modernos, equipamentos diagnósticos mais precisos e medicamentos mais eficientes, são fatores a serem considerados como determinantes na otimização dos custos do tratamento do câncer nos próximos anos conforme INCA (2020).
Os gastos globais do câncer, tem aumentado diante do fato de se considerar não apenas as despesas de prevenção e tratamento da doença, mas os custos em vidas humanas precocemente perdidas, representando em termos econômicos um benefício em detrimento da diminuição dos casos nos próximos anos (MOURA, 2016).



Objetivos
OBJETIVO GERAL:
Descrever por meio das evidências bibliográficas o custo e efetividade das medidas preventivas para o diagnóstico precoce do câncer do colo do útero.
OBJETIVOS ESPECÌFICOS:
Apontar as medidas preventivas mais utilizadas para prevenção do câncer de colo uterino;
Evidenciar as medidas com menor custos para o rastreio do câncer de colo de útero;
Construir protocolos com ações mais custo efetiva para o rastreio do câncer em mulheres.


Metodologia
Tratou-se de uma revisão integrativa baseada nas produções científicas publicadas em bases de dados nacionais e internacionais que apontaram o custo-efetividade das ações preventivas para o câncer do colo de útero, formulada em 6 etapas: 1ª etapa: Elaboração da pergunta problema; 2ª etapa: Esclarecimento dos critérios de inclusão e exclusão; 3ª etapa: Seleção dos dados estudados; 4ª etapa: Análise dos dados da amostra; 5ª etapa: Interpretação e apresentação dos resultados; 6ª etapa: Exposição da revisão integrativa.
Para responder ao objetivo do estudo, formulou-se uma pergunta problema utilizando-se da técnica PICO, sendo classificado com P: Mulher em idade fértil; I: Estratégias de prevenção para o câncer do colo uterino; C: Não intervenção; O: Redução da morte por câncer do colo do útero.
Para a seleção dos artigos foram utilizados os seguintes descritores controlados: “Economia e Organizações de Saúde”, “Neoplasias do Colo do Útero” e “Prevenção de Doenças”, que constam nos Descritores em Ciências da Saúde (DECS) e “Health Care Economics and Organizations”, “Uterine Cervical Neoplasms” e “Disease Prevention”, cons­tantes no Medical Subject Headings (MESH).



Resultados e Discussão
Ao analisar os métodos preventivos, os estudos em sua totalidade apontaram o rastreamento e a vacinação contra o HPV como estratégias economicamente aplicáveis e em sua relação eficácia e efetividade adequada. Sendo assim, 100% dos estudos indicam a utilização de uma dessas duas estratégias ou até a utilização das duas em conjunto como uma política de saúde econômica para um país.
Dados de um estudo realizado por Yang et al (2004), apontou que a mortalidade por câncer cervical eram bastante alta em países da Europa e América do Norte, tendo dados semelhantes a países em desenvolvimento. No entanto, essa realidade teve uma mudança considerável com a implantação de programas de rastreamento intensivo por meio do exame papanicolaou.
A imunização contra o HPV, o principal causador do câncer do colo do útero, é uma outra opção de prevenção economicamente significativa, como é apontado por Datta et al (2019), quando afirma que a realização de vacina contra o HPV em meninas é extremamente econômica quando se compara a um público de meninas não vacinadas. Levin et al (2015), alerta por meio de seu estudo que o desenvolvimento de um programa nacional de imunização em meninas de faixa etária de 9 a 15 anos, poderia ter evitado no ano de 2006 a 2012, um quantitativo de 381.000 casos de câncer cervical e de 212.000 mortes relacionadas nas próximas décadas.
É importante enfatizar que a imunização contra o HPV realizada tanto em mulheres, quanto expandido para os homens fornece benefícios à saúde pública (DANIELS et al, 2020). Vários estudos, apontam que a estratégia da imunização é uma política economicamente interessante para saúde, sendo indicado como uma das principais estratégias a serem adotados (MAHUMUD et al, 2019; QENDRI et al, 2020; STEPHENS et al, 2020).


Conclusões/Considerações finais
O estudo evidenciou que a realização de rastreamento do câncer do colo do útero por meio do papanicolaou e adoção da vacinação contra o HPV, são importantes estratégias econômicas a serem adotadas pelos governos diante das políticas públicas de saúde. Foi observado ainda que a utilização das duas estratégias, ou seja, a vacinação junto com a estratégia de rastreamento, proporcionam uma maior cobertura de prevenção e redução de morbidade e mortalidade de mulheres acometidas pelo câncer do colo do útero.
Apesar dos benéficos evidenciado, os estudos demonstraram ainda algumas lacunas como a dificuldade ao acesso, seja ele ao serviço ou a informação quanto a importância das estratégias de prevenção do câncer do colo uterino.
Torna-se importante desenvolver estudos que possam identificar as situações limites de implantação dessas estratégias como políticas de saúde.


Referências
INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER (INCA). Controle do Câncer do Colo do Útero; 2021 disponível em: https://www.inca.gov.br/controle-do-cancer-do-colo-do-utero/conceito-e-magnitude. Acesso em 12/09/2021
MAHUMUD RA, ALAM K, DUNN J, GOW J. The cost-effectiveness of controlling cervical cancer using a new 9-valent human papillomavirus vaccine among school-aged girls in Australia. PLoS One. 2019 Oct 9;14(10):e0223658. doi: 10.1371/journal.pone.0223658. PMID: 31596899; PMCID: PMC6785120. Disponível em: < https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31596899/ > Acesso em: 17/10/2021 às 17:23
MOURA, Gustavo Belém. Desenho de um programa de diagnóstico precoce para câncer de colo de útero no Ceará. 2016. 41 f. TCC (graduação em Ciências Econômicas) - Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade, Fortaleza/CE, 2016. http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/35304. Acesso em 26/09/2021.

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