06/11/2024 - 13:30 - 15:00 RC9.12 - Avaliação de políticas, programas e tecnologias em saúde |
54129 - TEORIA DA MUDANÇA: PROMOVENDO ENGAJAMENTO E IMPLEMENTAÇÃO DO SUPORTE DE PARES EM CAMPINAS - SP BIANCA BRANDÃO DA SILVA - UNICAMP, ANA LAURA SALOMÉ LOURENCETTI - UNICAMP, ANGELA FIGUEIREDO - UNICAMP, CARLOS ALBERTO TREICHEL - USP, MARIA FERNANDA LIRANI - UNICAMP, MARIA GIOVANA BORGES SAIDEL - UNICAMP, MONICA VASCONCELLOS CRUVINEL - UNICAMP, ROBERTO CORREA LEITE - UNICAMP, ROSANA ONOCKO CAMPOS - UNICAMP
Apresentação/Introdução O estudo integra a etapa de pré-implementação de uma pesquisa para adaptar e implementar o Suporte de Pares (SP) em Campinas, visando otimizar a vinculação e desfechos favoráveis para pessoas com Transtornos Mentais (TM).
A lacuna entre as práticas baseadas em evidência e sua disponibilidade às pessoas com TM requer articulações com a ciência de implementação, identificando fatores que facilitam ou dificultam o processo de implementação em saúde mental(1). A associação de abordagens teóricas, como a Teoria da Mudança (ToC), amplia as chances de sucesso na implementação de intervenções como o SP. A ToC é uma abordagem utilizada para compreender e descrever como uma intervenção produzirá o impacto desejado. E a participação ativa das partes interessadas fortalece ainda mais o processo de implementação(2).
Oficinas participativas, guiadas pela ToC, podem auxiliar nas explorações de perspectivas e nas adaptações necessárias para o funcionamento do SP. A ToC amplia e aprofunda a participação das partes interessadas ao reconhecer suas contribuições únicas. Viabilizando o engajamento de pessoas usuárias, trabalhadoras e gestoras dos serviços de saúde. O envolvimento ativo das partes interessadas é um fator crítico para a adoção e sustentação do SP em serviços de saúde mental(2,3). Essa abordagem, quando sistematizada, auxilia na tomada de decisão ao longo da pesquisa.
Objetivos Descrever o processo de elaboração da ToC para a adaptação e implementação do Suporte de Pares em Campinas - São Paulo e refletir sobre essa abordagem no aumento do engajamento das partes interessadas.
Metodologia Nesse estudo, a ToC foi utilizada para orientar o processo de implementação da adaptação de uma formação do SP em serviços especializados da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). O campo de estudo incluiu seis CAPS III, três que irão receber a implementação e três que serão comparados quanto aos resultados. A metodologia da ToC viabilizou reflexões e aprendizagens contínuas para explorar e mapear as mudanças esperadas de longo, médio e curto prazo. Identificando quais mudanças e intervenções são necessárias para uma intervenção implementada de maneira efetiva dentro de contextos específicos(2,4). Por meio das oficinas participativas com as partes interessadas, busca-se identificar as atividades que podem contribuir para os resultados esperados na implementação do SP na região de Campinas. Esse processo é facilitado pela participação ativa e colaboração coletiva entre partes interessadas, as quais também estão envolvidas nos processos de planejamento, implementação, monitoramento e avaliação da intervenção.
Resultados e Discussão Foram realizadas no período de janeiro de 2024 quatro oficinas participativas, sendo a última uma oficina de consenso. Nesses encontros, os participantes receberam uma visão geral dos principais componentes da ToC e do SP. Em seguida, foram realizadas discussões em torno de cada um desses componentes principais de maneira cuidadosa e respeitando a metodologia participativa. Registros em notas foram usados para desenvolver sistematicamente o mapa da ToC. Os participantes das oficinas conduziram as discussões e foram orientados por cinco facilitadores. Após a realização de cada oficina, os pesquisadores principais reuniram os diferentes componentes que surgiram e elaboraram um mapa da ToC. Após criar o rascunho do mapa, 23 participantes forneceram devolutivas por meio da oralidade sobre o mapa preliminar, que foi revisado e incluído no mapa final do ToC. A estrutura foi discutida entre os membros centrais da equipe e finalizada.
Essa metodologia pode contribuir na incorporação de diferentes saberes no processo de implementação do SP(5). Tal movimento possibilita o compartilhamento de vivências e a criação de diálogos a partir da promoção de espaços que valorizem a horizontalidade das relações entre pessoas usuárias e trabalhadoras. Isto possibilitou momentos empáticos e de trocas reais de experiências, facilitando na construção coletiva e na incorporação das perspectivas das diversas partes interessadas nos processos de planejamento, implementação e avaliação da intervenção(5). Assim, as oficinas foram espaços que favoreceram o diálogo e a valorização dos diferentes saberes, contribuindo para a adaptação e redefinição contínua do SP, orientando os processos de trabalho para uma integração mais ampla e sustentável do SP nos dispositivos da RAPS.
Conclusões/Considerações finais Conclui-se que foi possível a descrição sobre a ToC e esta foi fundamental para orientar a implementação da adaptação do SP em Campinas–São Paulo. Ao descrever o processo de elaboração da ToC, foi possível refletir sobre essa abordagem no aumento do engajamento das partes interessadas. Por meio das oficinas participativas, os atores sociais puderam discutir e mapear as mudanças esperadas a curto, médio e longo prazo, identificando as intervenções necessárias para uma implementação efetiva. O processo colaborativo promoveu a incorporação de diferentes perspectivas, valorizando a horizontalidade das relações entre usuários e profissionais, facilitando a construção coletiva e a adaptação contínua do SP. As oficinas promoveram o diálogo e o compartilhamento de experiências, contribuindo para uma integração mais ampla e sustentável do SP na RAPS, enriquecendo assim o processo de implementação e avaliação da intervenção.
Referências 1. Proctor EK et al. Implementation Research in Mental Health Services: an Emerging Science with Conceptual, Methodological, and Training challenges. Adm Policy Ment Health. 2009;36:24-34.
2. James C. Theory of Change Review: A report comissioned by Comic Relief. 2011.
3. Pavelin K, et al. Ten simple rules for running interactive workshops. PLoS Comput Biol. 2014;10(2):e1003485.
4. Gillard S, et al. Developing a change model for peer worker interventions in mental health services: a qualitative research study. Epidemiol Psychiatr Sci. 2015;24(5):435-45.
5. Hiltensperger R, et al. Implementation of peer support for people with severe mental health conditions in high-, middle- and low-income-countries: a theory of change approach. BMC Health Serv Res. 2024;24(1):480.
Fonte(s) de financiamento: Instituto Nacional de Saúde (National Institutes of Health - NIH) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES.
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