04/11/2024 - 13:30 - 15:00 RC9.11 - Planejamento, avaliação e estratégias de ampliação do acesso a vacinas e medicamentos |
50184 - AVALIAÇÃO DOS ERROS DE PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS MANIPULADOS. ESTRATÉGIAS PARA A QUALIFICAÇÃO DO SERVIÇO EM FARMÁCIAS ESCOLA FERNANDA GABRIELA DOS SANTOS PEREIRA FLORENTINO - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, PAULO SÉRGIO DOURADO ARRAIS - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, PAULA BRUNA SOUSA SANTOS - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
Apresentação/Introdução O medicamento manipulado é uma preparação magistral, destinada a um paciente individualizado, cuja principal vantagem em relação aos industrializados, é que possibilitam um tratamento personalizado de acordo com a necessidade do paciente. Para garantir a qualidade dos produtos manipulados é necessário seguir os critérios sanitários vigentes, de acordo com a publicação da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) Nº 67, de 8 de outubro de 2007, que regulamenta as boas práticas de manipulação de preparações magistrais e oficinais para uso humano em farmácia e seus anexos. É responsabilidade do farmacêutico avaliar a prescrição. A avaliação da prescrição deve ser realizada antes da manipulação, considerando as informações especificadas na legislação vigente, visto que, a prescrição pode tornar-se uma fonte potencial de erro, especialmente no caso dos medicamentos manipulados, que são diferentes dos disponíveis no mercado farmacêutico. Os erros de prescrição podem ser prevenidos, por esse motivo, é relevante a identificação dos principais erros, para reduzir as falhas no processo de manipulação, implementar estratégias e ações necessárias para qualificar o serviço e contribuir para a segurança do paciente.
Objetivos Avaliar o perfil dos erros de prescrição nas receitas de medicamentos manipulados recebidas na Farmácia Escola da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Metodologia Trata-se de um estudo descritivo, realizado na Farmácia Universitária da UFC, no período de fevereiro a maio de 2024. As variáveis estudadas foram: variáveis relacionadas a erros de escrituração, analisados com base nos critérios de avaliação farmacêutica da prescrição, citados na RDC 67/2007, e variáveis relacionadas a erros farmacotécnicos, que foram analisadas conforme incompatibilidade do ativo com a formulação, incompatibilidade entre ativos na mesma formulação e incompatibilidade da formulação com a base prescrita. Para tal, foi desenvolvido um formulário para coleta de dados, para avaliar a presença dos erros. Um Procedimento Operacional Padrão (POP) de avaliação farmacêutica da prescrição de medicamentos manipulados foi desenvolvido e incorporado no serviço da farmácia para padronizar a avaliação das prescrições. As receitas com erros foram devolvidas ao paciente, com as orientações necessárias para que o prescritor pudesse modificá-las. Os dados foram organizados em planilha Excel® e os resultados foram expressos em valores absolutos e relativos. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFC, com o parecer n° 6.657.752.
Resultados e Discussão Dentre as 29 prescrições coletadas, 21 possuíam erros (72,4%). No geral, foram identificados 34 erros de escrituração, não sendo identificado nenhum erro farmacotécnico. No estudo, a média foi de 1,17 erros por prescrição. Não existe um valor de referência para a frequência de erros, mas comparativamente, na pesquisa realizada por Vieira (2019) em um hospital microrregional foram identificados erros de prescrição em 13,7% das receitas. Portanto, a frequência de erros identificados, no presente estudo, pode ser considerada alta. Com relação à média de erros por prescrição, em uma farmácia de manipulação, a média identificada foi de 1,3 erros por prescrição (ALVES; PASSOS; MELO; MONTEIRO, 2019). Entretanto, apesar do resultado ser semelhante ao presente na literatura, ressalta-se a importância do farmacêutico na avaliação da prescrição, conforme recomenda a norma sanitária da ANVISA, RDC 67/2007. Com relação aos erros de escrituração de maior predominância, observa-se em ordem decrescente: presença de abreviaturas (55,2%), omissão da via de administração (31,0%) e omissão da duração do tratamento (10,3%). Apesar de não terem sido identificados erros farmacotécnicos no estudo, a presença de erros de escrituração nas prescrições analisadas revela, as inadequações das prescrições com relação à legislação vigente. As receitas que apresentaram erros, foram devolvidas ao paciente, com as devidas orientações farmacêuticas para que o prescritor pudesse modificá-las. Essa etapa é extremamente importante para garantir a segurança do paciente quando do uso do medicamento manipulado, o que pode eliminar ou minimizar possíveis eventos adversos ao paciente pelo uso indevido do medicamento manipulado.
Conclusões/Considerações finais A implantação do POP de avaliação da prescrição farmacêutica de medicamentos manipulados se configurou como estratégia essencial na identificação e prevenção dos erros de prescrição na Farmácia Escola da UFC. Os resultados obtidos, demonstram a presença de abreviaturas, omissão da via de administração e omissão da duração do tratamento, o que pode prejudicar o entendimento do paciente quanto ao seu uso. Dada a importância do tema, verifica-se a necessidade de capacitação dos profissionais prescritores para atendimento das exigências legais quando da prescrição de medicamentos manipulados, o que pode eliminar ou minimizar possíveis eventos adversos ao paciente pelo uso indevido do medicamento manipulado.
Referências ALVES, Felipe Cárdia et al. Perfil dos erros de prescrições de medicamentos manipulados em uma farmácia-escola. Vigilância Sanitária em Debate, [S.L.], v. 7, n. 1, p. 5-13, 28 fev. 2019. Vigilancia Sanitaria em Debate: Sociedade, Ciencia y Tecnologia. DOI: 10.22239/2317-269x.01194.
BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada –RDC nº 67, de 8 de outubro de 2007. Dispõe sobre boas Práticas de Manipulação (BPM) de preparações magistrais e oficinais para uso humano em farmácias. Diário Oficial da União nº 195, Brasília, DF, 9 de outubro de 2007.
VIEIRA, Isabela Rufo Cordeiro. Segurança do paciente: diagnóstico dos erros de prescrição em um hospital microrregional. 2019. 53 f. Monografia (Graduação em Farmácia) - Escola de Farmácia, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2019. Disponível em: http://www.monografias.ufop.br/handle/35400000/2481. Acesso em: 27 mai. 2024.
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