Roda de Conversa

04/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC9.11 - Planejamento, avaliação e estratégias de ampliação do acesso a vacinas e medicamentos

49184 - ROTA DAS VACINAS NO BRASIL: ELUCIDANDO FATORES INFLUENCIADORES EM SUA DISTRIBUIÇÃO
THAYANE INGRID XAVIER DE ANDRADE - UFSJ, GABRIELA GONÇALVES AMARAL - UEMG, LAURA MARTINS E SILVA - UFSJ, ANA LUIZA KARTER - UFSJ, WIARA VIANA FERREIRA - UFSJ, LARISSA CARVALHO DE CASTRO - UFSJ, VINÍCIUS CARVALHO GUIMARÃES - UFSJ, ELIETE ALBANO DE AZEVEDO GUIMARÃES - UFSJ, SELMA MARIA DA FONSECA VIEGAS - UFSJ, VALÉRIA CONCEIÇÃO DE OLIVEIRA - UFSJ


Apresentação/Introdução
Os imunobiológicos são produtos termolábeis e fotossensíveis, que necessitam de armazenamento, transporte e manuseio efetivos para mantê-los nas temperaturas recomendadas, de acordo com sua termolabilidade, e garantir a qualidade destes produtos. O transporte faz parte do processo logístico denominado cadeia de frio, onde os imunobiológicos são transferidos entre as instâncias até a aplicação ao usuário final. No entanto, falhas foram identificadas, em diferentes países, durante a trajetória do imunobiológico até o seu destino, representando uma prática de risco para a qualidade desses produtos. Falhas na cadeia de frio podem prejudicar a qualidade e segurança dos imunobiológicos ofertados a população, pois podem aumentar as reações adversas, reduzir ou anular a eficácia desses produtos, impactar o sucesso dos PNI, expondo a população a risco de doenças imunopreveniveis, além de aumentar os custos devido a perdas dos imunobiológicos. A realização dessa pesquisa justifica-se pela escassez de estudos relacionados ao transporte de imunobiológicos no Brasil e por este representar um dos gargalos da cadeia de frio. Os achados deste estudo poderão contribuir para intervenções e melhorias nos processos a fim de garantir a qualidade dos imunobiológicos administrados na população.

Objetivos
Analisar os fatores influenciadores no transporte de imunobiológicos nas diferentes regiões brasileiras

Metodologia
Estudo de casos múltiplos holístico-qualitativo que utilizou como referencial teórico as diretrizes do Programa Nacional de Imunização e normativas específicas para o transporte de medicamentos termolábeis. Definiu-se os casos pelas cinco regiões brasileiras, há saber, norte, nordeste, centro oeste, sudeste e sul. Participaram 42 profissionais de diferentes instâncias da cadeia de frio: estado, regional, municipal e profissionais da equipe de enfermagem atuantes nas salas de vacinação dos respectivos municípios. Para a coleta de dados utilizou-se formulário semiestruturado aplicado por meio de entrevistas aberta online, materiais (documentos e fotos) enviados pelos participantes e duas visitas técnicas. Realizou-se a análise de conteúdo proposta por Bardin

Resultados e Discussão
Emergiram três categorias a) Diversidade dos meios de transporte: Essa categoria apontou que a extensão territorial do Brasil, as longas distâncias entre as diferentes instâncias da cadeia de distribuição, aliadas às condições precárias das estradas, dificultam o transporte eficiente e seguro dos imunobiológicos e podem contribuir com as perdas de vacinas, A sazonalidade, as variações climáticas e a indisponibilidade de veículos impactam na viabilidade da entrega dos imunobiológicos, principalmente nas regiões Norte e Nordeste. A utilização do transporte de imunobiológicos compartilhado com outras finalidades, como o transporte de pacientes, é um desafio a ser enfrentado por diversos municípios das várias regiões do Brasil. Além da dificuldade de acesso em algumas regiões, como na Região Norte, onde o transporte é somente por barco. b) Profissionais para distribuição e acompanhamento do transporte de vacinas: Essa categoria observou que o transporte acompanhado de profissional da saúde ocorre, entretanto, alguns locais não o fazem devido a deficiência de profissionais. É fundamental que os profissionais envolvidos, incluindo a equipe de enfermagem, estejam devidamente capacitados para as atividades de envio, transporte e recebimento de vacinas. c) cuidados no transporte de vacinas: Essa categoria elencou a utilização de datalogger, carros climatizados e profissional capacitado e preparo da caixa térmica conforme preconizado. A utilização de equipamentos próprios para medição de temperatura durante o deslocamento das vacinas é um cuidado que minimizam este risco, mas o processo de informatização melhora esse monitoramento, como já observado na cadeia de frio dos hemoderivados na Coréia.

Conclusões/Considerações finais
O transporte de imunobiológicos nas cinco regiões brasileiras apresenta desafios significativos para a manutenção da cadeia de frio. Em síntese é preciso focar na elaboração de estratégias a fim de solucionar esses desafios, é importante o apoio e conscientização dos gestores sobre a importância do transporte para a manutenção da cadeia de frio de imunobiológicos e investimento em infraestrutura e logística.

Referências
BRASIL. Ministério da Saúde (BR). Manual de Rede de Frio do Programa Nacional de Imunizações. 5. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2017
FALCÓN, V. C. et al. vaccine cold chain temperature monitoring study in the United Mexican States. Vaccine, vol. 38, no 33, p. 5202–5211, 14 jul. 2020.
KARTOGLU, U.; AMES, H. Ensuring quality and integrity of vaccines throughout the cold chain: the role of temperature monitoring. Expert Review of Vaccines, vol. 21, no 6, p. 799–810, 2022.
KIM, Y.G. et al. Inspection and evaluation of blood cold chain. The Korean Journal of Blood Transfusion, Seoul, v. 33, n. 2, p. 45-56, 2022.
PATINE, F. S. et al. Analysis of vaccine loss due to temperature change. Revista Brasileira de Enfermagem, vol. 74, no 1, 2021. DOI 10.1590/0034-7167-2019-0762.

Fonte(s) de financiamento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais - FAPEMIG (Demanda Universal 001/2021)

Universidade Federal de São João Del Rei

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES- 001


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