Roda de Conversa

04/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC9.11 - Planejamento, avaliação e estratégias de ampliação do acesso a vacinas e medicamentos

48748 - FATORES QUE INTERFEREM NO ACESSO A VACINAÇÃO, UMA REVISÃO DO ESTADO DA ARTE AJUDANDO NO PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE VACINAÇÃO
JULIANA XAVIER CARNEIRO ALVES - UEFS, JULIANA ALVES LEITE LEAL - UEFS


Apresentação/Introdução
No Brasil a universalidade do acesso aos serviços de saúde, em todos os níveis de assistência, é um dos princípios organizativos e doutrinários do Sistema Único de Saúde (SUS), e a imunização compõem uma destas ações dentro do processo de trabalho da estratégia de saúde da família (ESF), A vacinação é considerada atividade estratégica para prevenção com alcance coletivo que visa evitar doenças imunopreveníveis tanto em crianças quanto em adultos e idosos. Porém, as altas taxas de cobertura, que sempre foram característica do programa, vem caindo nos últimos anos, colocando em alerta especialistas e profissionais da área na redução no número de pessoas vacinadas com aumento do risco de reaparecimento de doenças que eram consideradas erradicadas.


Objetivos
Analisar o estado do conhecimento sobre o tema acesso em serviços de saúde e a vacinação por meio de artigos publicados de modo a auxiliar nas propostas de planejamento de ações que fortaleçam a oferta e reduza as desigualdades.

Metodologia
O presente trabalho foi realizado através de uma Pesquisa bibliográfica com busca realizada em bases de dados com os descritores a seguir: Immunization Program AND Access to Health Services, Vaccination AND Access to Health Services e Vaccine Refusal AND Access to Health Services. Na consulta à BVS, Medline e Lilacs, os achados totalizaram 1013 artigos que, após filtro idioma, texto completo e tempo inferior a 5 anos, resultaram em 233 artigos. Já na consulta à SciELO os achados totalizaram 85 artigos, após os mesmos filtros, totalizaram 50 artigos. Somando temos 283 artigos que após leitura dos resumos excluímos os duplicados, que tratavam especificamente da pandemia covid19 sem abordar coberturas vacinais e acesso e que não tinham texto completo, sendo selecionados total de 26 artigos. Foram encontradas publicações que abordam temas como hesitação vacinal, reflexões sobre acessibilidade no Brasil, aspectos organizacionais e de planejamento no processo de trabalho da APS, equidade e acesso para vacinas especiais, destaque para barreiras geográficas e estrutura física das unidades, situações de desabastecimento na oferta de imunos, além das percepções sob a ótica de usuários sobre a equidade e vulnerabilidades da rede.


Resultados e Discussão
Estudos destacaram que o modelo organizacional da APS configura obstáculos à integralidade da assistência, citando problemas na organização de processo de trabalho restringindo acesso limitando horário ou oferta de imunos, conforme necessidade dos serviços e não do usuário. Outros propõem a importância do fortalecimento da ESF no acesso aos serviços de saúde e redes de atenção, garantindo equidade e estimulando segurança, responsabilidade e solidariedade. Redução das perdas de oportunidades de vacinação e ações frágeis no cuidado integral, são lacunas importantes encontradas cabendo aos profissionais de saúde rediscutir processo de trabalho e ações de cuidado em rede com vistas ao impacto na redução de doenças imunopreveníveis. Outra reflexão encontrada foi a importância da participação e controle social como principal ação na mudança de cenário das iniquidades enfrentadas pela população, mapeando situações que indiquem vulnerabilidade de uma determinada população, correlacionando fatores econômicos que impactam no acesso. A indisponibilidade de imunos ou irregularidade no abastecimento também foi destacada em alguns estudos como fator relevante e que gerou insatisfação entre os usuários e se caracteriza como importante barreira de acesso. Nota-se que a reorganização da APS por meio da ESF diminui a barreira geográfica do acesso ao promover vínculo e corresponsabilização entre profissionais e trabalhadores de saúde e populações de seus territórios delimitados, ampliando assim os serviços da rede. O desconhecimento sobre calendário vacinal, a falsa percepção de erradicação de doenças, estão entre prováveis razões para queda nos alcances de imunização. Foi citado também a recusa ou hesitação vacinal ressaltando a ameça do crescimento do movimento anti vacina.


Conclusões/Considerações finais
Assim sendo, diante desse cenário ressalta-se a importância de ações voltadas a reconhecer os entraves e desencadear o combate a desinformação, aumento do financiamento, relevância das políticas públicas de imunização e valorização e investimento no papel dos trabalhadores de saúde no vínculo e oferta do serviço.
Ao estudar o cotidiano da sala de vacina nas unidades de saúde da família e analisar as percepções dos sujeitos envolvidos na pesquisa diante do serviço de vacinação pode-se demonstrar formas de produção de trabalho que confluem para a manutenção da garantia do acesso foco do tema do projeto.


Referências
DUARTE, D. C. et al. Aspectos organizacionais e uma agenda para o acesso à vacinação sob a ótica do usuário. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, v. 30, 2021
NUNES, P. C.; RIBEIRO, G. R. Equidade e vulnerabilidade em saúde no acesso às vacinas contra a COVID-19. Rev Panam Salud Publica, Washington, v. 46, 2022.
SATO, A. P. S. Qual a importância da hesitação vacinal na queda das coberturas vacinais no Brasil? Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 52, 2018.
WOLKERS, P. C. B. et al. Children with type 1 DM: access to special immunobiological and child care. Rev Esc Enferm USP, São Paulo, n 51,. 2017.
ZORZETTO, R. As razões da queda na vacinação. Pesquisa FAPESP. São Paulo, 2018.
OLIVEIRA, M. A. C.; PEREIRA, I. C. Atributos essenciais da Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família, Rev Bras Enferm, Rio de Janeiro, v. 66, p. 158-164, 2013

Fonte(s) de financiamento: Custeio próprio


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