Roda de Conversa

06/11/2024 - 08:30 - 10:00
RC9.10 - Planejamento e avaliação de políticas e estratégias para gestão de doenças infecciosas

49786 - ESTRATÉGIA DE ACOMPANHAMENTO UTILIZADA PARA SÍFILIS GESTACIONAL E SEUS PARCEIROS SEXUAIS EM UMA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA NO RIO DE JANEIRO.
LUANA XAVIER DE CASTRO - SMS RJ, JAQUELINE ALVES RIBEIRO ROCHA. - ENSP FIOCRUZ, JULIANA CRISTINA LIMA DIAS - SMS RJ, YARA WALERIA LOPES DE BRITO DA CRUZ - ENSP FIOCRUZ, RENATA DO NASCIMENTO SOUSA SILVA - SMS RJ, KELLY CRISTINA MAIA FERREIRA - SMS RJ, SILVIANA RODRIGUES DE PAIVA - ENSP FIOCRUZ, RAYANE FERNANDES DA SILVA MACHADO - ENSP FIOCRUZ, LEON PEREIRA DE OLIVEIRA - ENSP FIOCRUZ, EDNEA COSTA RODRIGUES DA SILVA - SMS RJ


Contextualização
A sífilis é uma doença sexualmente infecciosa e transmissível, ocasionada pelo agente infeccioso bacteriano Treponema pallidum. Esta doença é curável, porém de difícil controle por variados motivos, tais como a compreensão da doença, a dificuldade do rompimento da cadeia de transmissão, por se tratar de uma doença assintomática em muitos casos, e por possuir um tempo longo de duração quando de um diagnóstico tardio (BRASIL, 2015).
Quando acometida esta doença durante a gestação, os riscos de agravamento aumentam, podendo provocar a sífilis congênita com transmissão vertical ao feto, e facilmente pode ser transmitida para os parceiros sexuais, se tornando um desafio ainda maior na busca do controle epidemiológico (BRASIL, 2015).
Segundo Ramos (2022) os dados do Ministério da Saúde dos anos de 2012-2018 indicam uma variação na taxa de detecção de sífilis adquirida (por 100 mil habitantes), de 14,4 para 74,4, e em gestantes, de 5,7 para 21,5. Fatores como dificuldade de acesso a testagem rápida, menor utilização de preservativos, desinformação e redução e desabastecimento de benzatina na APS estão associados ao aumento dessas taxas (Ramos, 2022).
Dados alarmantes, que provocam uma reflexão no tipo de abordagem assistencial que está sendo realizado para o controle da sífilis, o qual são de inteira importância para o cuidado na APS (SMS-RJ, 2023).


Descrição da Experiência
Foram identificadas fragilidades no tratamento de sífilis em uma clínica da família no Rio de Janeiro. Nesse contexto, houve a necessidade de qualificar a comunicação entre as equipes ESFs e a equipe da farmácia, para o acompanhamento dos casos de sífilis gestacional e, em seguida, nos parceiros.
No planejamento foi inserida uma estratégia de tecnologia leve, que se divide em dois caminhos. O primeiro foi estabelecer um fluxo de comunicação diária, no qual a equipe da farmácia verifica as/os pacientes com dose programada para o dia, comunicando-os à equipe ESFs de referência por meio de grupos de conversa em aplicativo de celular. Vale ressaltar que todos que iniciam o tratamento têm suas doses individualizadas e asseguradas.
O segundo momento é quando a/o paciente não vai na unidade até o horário de meio dia, então a equipe é acionada para fazer busca ativa. Em alguns casos de vulnerabilidades e/ou quando a/o paciente apresenta alguma dificuldade de ir na unidade, a administração do medicamento ocorre de forma domiciliar. Ao longo do dia é realizada a confirmação das doses que foram aplicadas.
A ferramenta de monitoramento dessa estratégia implementada é uma planilha compartilhada que contém a notificação, identificação do usuário com as doses realizadas e o aprazamento do medicamento, e por fim, o desfecho, que pode ser cura, tratamento inadequado ou tratamento adequado.


Objetivo e período de Realização
O objetivo deste relato é de discutir uma estratégia planejada para qualificação do monitoramento de gestantes e seus parceiros com sífilis nos anos de 2023 e 2024 sendo este no período de avaliação dos meses de janeiro a abril, em uma unidade de saúde da família no município do Rio de Janeiro e provocar reflexões sobre a comunicação interativa com gestão compartilhada do cuidado à gestantes e seus parceiros com sífilis pelas equipes de saúde da família.

Resultados
Ao avaliar os dados fontes da planilha para entender se a estratégia estava adequada ou se era necessário repensar os caminhos, foi observado que o fluxo de comunicação diária entre equipes ESFs e farmácia ampliou uma gestão compartilhada do cuidado e diminuiu de forma expressiva a quantidade de gestantes com necessidade de reiniciar o tratamento.
Primeiro é importante pontuar como estava a questão da sífilis na unidade nos anos anteriores. Sobre a sífilis gestacional em 2022, 33,3% das gestantes tiveram o tratamento adequado; em 2023, foram 84,7% de tratamento adequado. Avaliando o primeiro quadrimestre de 2024, foram alcançados 84,2% de tratamento adequado.
Sobre o tratamento de parceiros das gestantes, em 2022 apenas 8% dos parceiros foram tratados. Em 2023 foi percebido uma melhora sutil, com 17% de parceiros tratados, e no primeiro quadrimestre de 2024 foram alcançados 33,4% de parceiros tratados.


Aprendizado e Análise Crítica
Até o momento, conclui-se que a construção de uma comunicação entre os diferentes atores do serviço, assim como a atuação multi e interprofissional e a gestão compartilhada do cuidado impactam direta e positivamente no acompanhamento. No caso da sífilis, tanto nos parceiros sexuais, quanto nas gestantes, que foi o público que chamou a atenção do olhar da gestão local, houve uma potencialização do vínculo, um aumento da adesão ao tratamento com consequente aumento de cura.
O incentivo a interação comunicativa entre as equipes de saúde, foi e tem sido um diferencial determinante para tal sucesso, assim como o protagonismo da equipe de farmácia, que amplia o olhar assistencial para além do medicamento, se empoderando no processo de corresponsabilização da assistência integral, promovendo a redução de sífilis congênita, abortos e neurosífilis.
Contudo, ainda é um desafio o controle epidemiológico da sífilis, especialmente na gestação, porém pensar em estratégias para monitorar os processos de cuidado oferecido e favorecer uma assistência humanizada pode resultar na redução da cadeia de transmissão.


Referências
SMS/RJ. Sífilis no município do Rio de Janeiro 2023. Boletim epidemiológico. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Saúde, 2023. Disponível em:
https://epirio.svs.rio.br/wpcontent/uploads/2023/10/Livro_BoletimEpidemiologicoSifilis2023_PDFDigital_20231025.pdf
. Acesso em: 11 maio 2024.
BRASIL.Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. – Brasília : Ministério da Saúde, 2015. 120 p. : il. ISBN 978-85-334-2352-7
RAMOS JR., A. N.. Persistência da sífilis como desafio para a saúde pública no Brasil: o caminho é fortalecer o SUS, em defesa da democracia e da vida. Cadernos de Saúde Pública, v. 38, n. 5, p. PT069022, 2022.


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