Roda de Conversa

05/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC9.9 - Implementação e Avaliação das Políticas de Alimentação e Nutrição no SUS

53246 - CONSUMO ALIMENTAR DE ULTRAPROCESSADOS EM CRIANÇAS DE 2 A 4 ANOS NO ESTADO DO CEARÁ ACOMPANHADAS PELO SISVAN
MARINA LAYARA SINDEAUX BENEVIDES - ESP/CE, TATIANE MOTA DE ANCHIÊTA - ESP/CE, SAMILLE MARQUES BULCÃO ROCHA - UECE, HELÂNIA DO PRADO CRUZ - ESP/CE, MARIA REJANE BARBOSA DE ARAÚJO - ESP/CE, ELLEN EDUARDA SANTOS RIBEIRO - UECE, BRUNA QUEIROZ ALLEN PALACIO - UECE, KELLYANE MUNICK RODRIGUES SOARES HOLANDA - ESP/CE, MARIA JAMISSE DE ARAÚJO OLIVEIRA - ESP/CE


Apresentação/Introdução
A alimentação adequada e saudável é um direito humano básico e consiste em garantir o acesso contínuo e regular, de alimentos em quantidade e qualidade suficientes de acordo com as necessidades alimentares da população brasileira (BRASIL, 2021).
A alimentação saudável é importante para o desenvolvimento e crescimento benigno de crianças principalmente nos primeiros anos de vida. Nesse sentido é estratégico conhecer os padrões alimentares, para assim estabelecer ações de promoção e prevenção de saúde desde do nascimentos até a vida adulta (ARAÙJO et. al., 2017).
No ano de 2016, 41 milhões de crianças na faixa etária menor de 5 anos apresentavam sobrepeso e obesidade, podendo chegar no ano de 2025 em média 70 milhões de crianças com esse problema de saúde pública (WHO, 2017).
Diante disto, a avaliação e monitoramento do estado nutricional de crianças deve ser pauta constante dos debates entre todos os segmentos da sociedade, que garantam ações de alimentação adequada e saudável. Dessa maneira, o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) constitui-se em um instrumento de coleta e análise de dados, diagnosticando e documentando os determinantes e estado nutricional de populações específicas em todas as faixas etárias. (BRASIL, 2010a;)


Objetivos
Avaliar o consumo de alimentos ultraprocessados por crianças de 2 a 4 anos no estado do Ceará, monitoradas pelo SISVAN durante os anos de 2022 e 2023.

Metodologia
Trata-se de uma pesquisa de natureza quantitativa, retrospectiva e descritiva, focada na análise do consumo de alimentos ultraprocessados em crianças atendidas na Atenção Básica do estado do Ceará, durante os anos de 2022 e 2023. A coleta de dados envolveu os dados secundários disponíveis na plataforma do SISVAN Web, um banco de dados contendo relatórios consolidados colocados à disposição para livre consulta (Brasil, 2015).
Os critérios de inclusão estabelecidos considerou a faixa etária de 2 a 4 anos e as regiões pertencentes ao estado do Ceará. A escolha da faixa etária em questão foi motivada por ser um período crucial em que as crianças começam a desenvolver suas preferências alimentares. A análise dos dados foi realizada por meio da avaliação dos registros de consumo de alimentos ultraprocessados considerando a faixa etária, sexo e região do estado, utilizando como métrica principal as frequênicias relativas.


Resultados e Discussão
Em 2022, 20.680 crianças foram registradas consumindo ultraprocessados no Ceará, aumentando para 23.047 em 2023. O percentual de consumo de ultraprocessados no estado foi similar ao da Região Nordeste, alcançando 79% em 2023 e 82% em 2022, com base em 145.533 crianças avaliadas na região nos dois anos.
Ao comparar o consumo entre regiões do estado, nota-se semelhança entre Cascavel e Russas, com 91,39% de 2.294 e 91,59% de 283 crianças, respectivamente. Já em Limoeiro do Norte, Crateús, Tianguá, Juazeiro do Norte, Quixadá e Brejo Santo, a taxa variou de 84,27% a 87,48%, com uma amostra de 509 a 887 crianças. Por outro lado, Crato, Cascavel e Sobral registraram taxas de 91,39%, 83,18% e 74,36%, com um total de 2195, 242 e 2427 crianças. Sobral teve a menor taxa, apesar de uma amostra maior.
O consumo de alimentos ultraprocessados entre crianças do sexo masculino no estado e na Região Nordeste foi de 83% e 82%, respectivamente, totalizando 10.580 e 54.215 crianças acompanhadas. Para crianças do sexo feminino, o consumo foi de 82% em ambos os casos, totalizando 10.100 e 52.289 crianças acompanhadas. Nas regiões de Saúde de Acaraú, Crato e Sobral, o consumo entre crianças do sexo masculino variou de 77,82% a 87,69%, com um total de 1.163, 1.401 e 1.080 meninos acompanhados, respectivamente.
Os hábitos alimentares das crianças são influenciados por fatores biológicos, culturais, socioeconômicos e pelos hábitos do grupo familiar, que introduzem precocemente os alimentos ultraprocessados na alimentação infantil, ligando diretamente ao desenvolvimento de doenças crônicas como sobrepeso e obesidade. (Pereira et al.,2022).


Conclusões/Considerações finais
Conclui-se com este estudo que o monitoramento e avaliação contínua do consumo de ultraprocessados em crianças de 2 a 4 anos no Ceará são essenciais. Os resultados revelam uma alta prevalência de consumo destes alimentos, com variações significativas entre diferentes regiões do estado. Regiões específicas como Cascavel, Russas e Crato apresentaram percentuais relativamente elevados, destacando a necessidade de intervenções direcionadas.
Esses resultados ressaltam a importância de estratégias regionais no planejamento de saúde, visando melhorar a gestão e as condições de saúde das populações vulneráveis. Fortalecer os processos de planejamento, monitoramento e avaliação no SUS, com políticas que incentivem a educação alimentar e o acesso a alimentos saudáveis, é crucial para prevenir a obesidade desde a infância, promovendo melhores condições de saúde e reduzindo desigualdades a longo prazo.


Referências
ARAÚJO, A. et. al. O impacto da educação alimentar e nutricional na prevenção do excesso de peso em escolares: uma revisão bibliográfica. RBONE-Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, v.11, n.62, p.94-105, 2017
WORD HEALTH ORGANIZATION. Facts and figures on childhood obesity Geneva: WHO; 2017.
BRASIL.Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Alimentação e Nutrição. Brasília - DF: MS, 2010a.
BRASIL. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Orientações para avaliação de marcadores de consumo alimentar na atenção básica. Brasília - DF: MS , 2015.
PEREIRA, A. M. et al. Consumo de alimentos ultraprocessados por crianças de uma Coorte de Nascimentos de Pelotas. Revista de Saúde Pública, v. 56, p. 79, 2022.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira. Brasília : MS, 2021.


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