Roda de Conversa

04/11/2024 - 17:20 - 18:50
RC9.8 - Desafios e Estratégias na Gestão Hospitalar no Brasil: Análise, Implementação e Avaliação

53026 - A IMPORTÂNCIA DO USO DE EVIDÊNCIAS EM SAÚDE NA TOMADA DE DECISÃO NA GESTÃO: A EXPERIÊNCIA DE UM HOSPITAL DE GRANDE PORTE PARA A OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS
JESSICA FARIAS DANTAS MEDEIROS - COALIZÃO BRASILEIRA PELAS EVIDÊNCIAS, .ANA LÍGIA PASSOS MEIRA - FCMSCSP, MAÍRA BARROSO PEREIRA - NATS UNIFESP-D, FERNANDO ANTÔNIO RIBEIRO DE GUSMÃO-FILHO - UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UPE, ANA CAROLINA NONATO - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO-USP, DANIEL FELIPE FERNANDES PAIVA - UNICAMP, SIMONE CELINA ALBÓRIO LEITE - COMO CONSEGUIR PELO SUS


Contextualização
Entender e implementar uma política pública em nossos ambientes de ação, especialmente em gestão em saúde, é um desafio. Além de ter que lidar com todas as complexidades e as necessidades populacionais e as desigualdades sociais, se faz necessário montar estratégias e atividades que busquem o uso eficiente dos recursos disponíveis, sabendo-se o quanto esses são escassos e finitos no sistema público de saúde brasileiro. Nos países com sistemas de saúde universais, o desenho da política pública se baseia na busca da melhoria dos indicadores de saúde, com foco no aumento do bem-estar da população através da ação governamental. O gestor público em saúde precisa se atualizar tanto nas políticas lançadas, como procurar tomar as melhores decisões de saúde. Para isso, um caminho que vem tido destaque é a formulação, implementação, monitoramento e avaliação das políticas informadas por evidências (PIE). Lança-se o desafio para o fortalecimento das tomadas de decisões informadas por evidências e a promoção não só do acesso a evidências confiáveis, relevantes e atuais nos efeitos de intervenções, especialmente as revisões sistemáticas. O campo de PIE tem elaborado importantes ferramentas para apoiá-las como as sínteses rápidas, a qual traz uma síntese formal e mais rápida dos resultados e avaliação da qualidade metodológica dos estudos incluídos para informar políticas de saúde.

Descrição da Experiência
Em uma gestão hospitalar de um serviço de porta aberta para urgência e emergência (porte) se faz necessário o uso de ferramentas que aprimorem a assistência e organizem os processos de trabalho da equipe. Alguns serviços utilizam a classificação de risco para priorização de atendimentos de porta, mas é sabido que não é somente necessário para se organizar os fluxos numa urgência. Em 2023, quando a gestão do Hospital Regional de Picos/PI decidiu adotar o método Lean Six Sigma, foi levantada a necessidade de avaliar a aplicação e implementação da gestão clínica pelo kanban. E assim, foi solicitado ao serviço do núcleo de ensino e pesquisa (NEP) que fizesse um levantamento de estudos para se avaliar a aplicabilidade e implantação do método no hospital. Ademais, o hospital também estava avaliando melhorar a gestão de leitos e, nesse sentido, decidir se aprimoraria o trabalho do serviço do Núcleo Interno de Regulação (NIR), ampliando a equipe gerencial com foco no fluxo de leitos, visando melhorar o rodízio de leito e o estudo do mesmo. Mais uma vez, foi solicitado ao NEP fazer o levantamento de evidências para uma tomada de decisão a partir dos estudos. Logo, ao realizar uma síntese rápida da literatura, foi tomada a decisão que o custo em melhoramento e aumento de equipe no NIR sairia muito menos oneroso que o uso ineficiente e insatisfatório de um leito.


Objetivo e período de Realização
Estas experiências tiveram como objetivo identificar, a partir das evidências científicas disponíveis na literatura, estratégias e ações que avaliassem a aplicação e implementação da gestão clínica pelo kanban nos serviços hospitalares de urgência e emergência, além de outros estudos que avaliassem o processo de gerenciamento de leitos em hospitais. As experiências ocorreram entre os meses de setembro/2023-maio/2024.

Resultados
A implantação de novos processos de trabalho é rodeada de incertezas, algumas resistências, mas que buscam empenho e adesão dos trabalhadores. Essas mudanças foram enxergadas como uma oportunidade de novos resultados em saúde. No que diz respeito ao método kanban, observou-se que não só a diminuição de 50% do tempo de atendimento, como também a equipe de mobilizou a mudar os setores do hospital, criando um novo espaço para as classificações de menor risco (fast track), o que proporcionou um atendimento mais específico e deixando os de maior risco em uma outra área, possibilitando uma maior atenção da equipe assistencial. Aos poucos, o kanban passou a ser rotina em outros setores que buscavam priorizar as suas atividades e organização de ações. Em relação à adesão de novos trabalhadores para o NIR, no sentido de organização da gestão de leitos, o resultado foi visto de modo mais imediato, as enfermarias começaram a criar mecanismos de comunicação e a visita diária beira leito, fez o NIR entender o seu papel nesse sentido, aumentando a rotatividade do leito, melhorando a assistência e facilitando o acesso de informações, exames e necessidades de cada setor do hospital.

Aprendizado e Análise Crítica
As experiências contaram com o apoio das coordenações e direção do hospital, isso fez com que houvesse um maior engajamento das equipes e pode conter o aprendizado para o planejamento das ações em serviços públicos. O planejamento foi pluralista e participativo e como dificuldade foi a uniformização de conhecimento das ferramentas adotadas, para isso foram feitas oficinas de trabalhos com compartilhamento dos materiais científicos encontrados, além de podermos contar com o apoio de alunos universitários (cursos de medicina, enfermagem e fisioterapia), inclusive, um deles com o apoio de uma iniciação científica.Poder adotar essas experiência nos fez caminhar para minimizar as desigualdades de acesso, ora para atendimento em urgências, ora para leito disponível para internação, o que faz com que muitos pacientes fiquem horas sem serem atendidos, ou mesmo internados em corredores das emergências. Como desafios, mostrar aos funcionários que isso não seria mais um trabalho a mais para ser executado, além da sistematização da informação e um prontuário unificado. Além disso, a utilização das ferramentas em PIE, como a síntese rápida, otimizou o acesso às melhores evidências disponíveis, pactuada coletivamente, de forma sistemática, transparente e com rigor científico. Assim, conclui-se da importância do engajamento da gestão na tomada de decisão informada por evidências.


Referências
Silva, Mariana Batista da. Políticas públicas baseadas em evidências: mapeamento e direções. Brasília: Enap, 2022. 126 p. : il. -- (Cadernos Enap, 106; Coleção: Cátedras 2019)
Bortoli, MC de; Freire, LM; Tesser, TR. Políticas de Saúde Informadas por Evidências: propósitos e desenvolvimento no mundo e no país . In.: Avaliação de tecnologias de saúde & políticas informadas por evidências. / Organizadores Tereza Setsuko Toma [ et al. ...] - São Paulo : Instituto de Saúde, 2017. 456p. (Temas em saúde coletiva, 22)
Schveitzer, MC et al. Implementação da gestão clínica pelo kanban nos serviços de emergência: uma revisão sistemática qualitativa. Síntese de evidências qualitativas para informar políticas. Bis
Machado DC, Machado ACA. A otimização do processo de gerenciamento de leitos e alta hospitalar. Saúde Coletiva (Barueri). 2020;9(50):1866–72. https://doi.org/10.36489/saudecoletiva.2019v9i50p1866%20-%201872

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