04/11/2024 - 17:20 - 18:50 RC9.8 - Desafios e Estratégias na Gestão Hospitalar no Brasil: Análise, Implementação e Avaliação |
49957 - CONTINUIDADE DO CUIDADO ENTRE PACIENTES DE HOSPITAL ESTADUAL E ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE DE DOIS MUNICÍPIOS DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO VANESSA CRISTINA POLEGATI - SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE SÃO PAULO - SES/SP, CRISTIANE MARCHIORI PEREIRA - SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE SÃO PAULO - SES/SP, RENATA DELPHIM DE MORAES - HOSPITAL GERAL DE PIRAJUSSARA, ELIANE TEIXEIRA LEITE ALMEIDA - HOSPITAL GERAL DE PIRAJUSSARA, ELAINE DO CARMO SILVA DE SOUZA - HOSPITAL GERAL DE PIRAJUSSARA, SHEILA RODRIGUES DA SILVA - HOSPITAL GERAL DE PIRAJUSSARA, PATRÍCIA FRACARI SALVADOR - HOSPITAL GERAL DE PIRAJUSSARA, JOSIE OLIVEIRA RAMOS - SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE TABOÃO DA SERRA, ISABEL CRISTINA DOS SANTOS - SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE EMBU DAS ARTES
Apresentação/Introdução Uma das questões no SUS é a organização dos serviços em rede com consensos sobre acesso, equidade e integralidade. A produção de redes é conexão entre pessoas implicadas com o SUS e exige disposição ao encontro e produção do comum. Com o envelhecimento da população, mudanças epidemiológicas e desigualdades sociais, os enfrentamentos ficam mais complexos e documentos regulatórios são insuficientes à continuidade e integralidade do cuidado.
À medida que há fragmentação e isolamento dos serviços, pouco se produz cuidado ampliado. É um desafio criar arranjos de gestão e de práticas para maior integralidade e continuidade do cuidado.
A PNH (Política Nacional de Humanização) se apresenta como instância crítica em que a produção de redes permite criar múltiplas respostas aos enfrentamentos na saúde (Brasil, 2009). Na Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, no Núcleo Gestor de Humanização (NGH), os articuladores de humanização apostam no campo relacional e produção de redes junto às equipes dos serviços de saúde. Com apoio da articuladora de Humanização, a equipe do Hospital Estadual e gestão de dois municípios da Região Metropolitana de São Paulo desenvolveram um arranjo de rede para discussão da continuidade do cuidado dos pacientes egressos da Clínica Médica: hipertensos em polifarmácia, diabéticos insulinodependentes e pacientes em pós-cirúrgico de revascularização do miocárdio.
Objetivos Objetivo Geral
Analisar a continuidade do cuidado dos usuários na relação entre a atenção primária à saúde de dois municípios e hospital estadual de uma das RRAS da Região Metropolitana de São Paulo.
Objetivos específicos
Descrever ações de cuidado compartilhado entre APS e hospital estadual na perspectiva dos gestores e trabalhadores;
Identificar estratégias de gestão e de cuidado que favoreçam a corresponsabilidade e continuidade do cuidado entre Hospital Estadual e Atenção Primária à Saúde.
Metodologia Refere-se a pesquisa-intervenção como método qualitativo que reafirma o caráter relacional e intervencionista considerando necessidades da equipe do hospital e apoio na conexão com os municípios.
Participantes: a) equipe do Hospital Geral com gestão por contrato da SES/SP, referência de alta complexidade na região; b) município A com 15 unidades de saúde; c) município B com 13 unidades de saúde; d) Articuladora de Humanização, apoiadora do NGH e Gestão Regional Estadual.
A produção de dados envolveu: a) observação participante e anotações em Diário de Campo dos Encontros em Rede entre hospital e municípios do estudo, complementadas pelas gravações dos encontros; b) Mapeamento dos Encontros em Rede com Categorias de Análise; c) entrevistas semiestruturadas com quatro profissionais participantes.
Para descrição e análise foi realizada leitura detalhada do Diário de Campo dos encontros realizados entre julho de 2021 e dezembro de 2022. As categorias de análise foram determinadas no processamento do Diário de Campo com discussões com orientadora, com apoiadora do NGH e referencial teórico da pesquisa. As entrevistas foram analisadas e possibilitou categorizar perspectivas da experiência.
Resultados e Discussão Categorias de Análise identificadas no processamento do Diário de Campo:
• Aspectos organizativos: intensamente presentes nos primeiros encontros, essenciais ao processo. Incluem estratégias iniciais de articulação em rede, elaboração da planilha com informações dos pacientes, organização e periodicidade dos encontros, atores envolvidos. À medida que os casos ocupavam as discussões, estes aspectos tornavam-se menos evidentes, exercendo uma função necessária à produção do cuidado, mas não determinante.
• Produção do Cuidado Ampliado: Planilha como ferramenta importante ao processo, mas insuficiente à continuidade do cuidado. Discussões de casos em rede com devolutivas das ações desenvolvidas pela AB como potencializadoras de ações de cuidado ampliado.
• Indicadores e efeitos: redução da reinternação em menos de 30 dias, 131 pacientes acompanhados, projeto terapêutico singular de 26 pacientes, 21 encontros. Organização das equipes envolvidas para acompanhamento dos pacientes.
• Movimentos em rede: estratégias e arranjos de cuidado das equipes que corroboram à sustentação do processo (desde abril de 2021), estreitamento da relação em rede que extrapola os encontros, ressonâncias em outros espaços, regiões de saúde e no cuidado.
• Intervenções do apoio: reflexões sobre as práticas, o processo, problematização dos casos evidenciando elementos importantes ao cuidado ampliado em rede.
• Desafios: aspectos que evidenciam dificuldades vivenciadas no decorrer do processo.
• Percepções dos participantes sobre o cuidado: destaques de falas dos participantes durante os encontros em rede que contribuem à análise do processo.
Entrevistas semiestruturadas: evidenciaram elementos relacionados ao processo que complementaram as categorias de análise dos encontros em rede.
Conclusões/Considerações finais A pesquisa atingiu o objetivo de analisar a continuidade do cuidado dos usuários entre APS de dois municípios e hospital, com destaque para relevantes estratégias de gestão e de cuidado compartilhado: encontros em rede com problematização dos casos como ativadores das equipes para produção do cuidado; relação mais colaborativa com comunicação efetiva que extrapolava os encontros em rede e era norteada pela complexidade dos casos; arranjos de gestão e de cuidado que oportunizaram o compartilhamento de informações, vínculo, corresponsabilização e ampliação das ofertas de cuidado.
O Apoio em humanização funcionou como dispositivo que favoreceu a produção de redes, continuidade do processo, problematização dos casos, reflexão sobre as ações, desdobramentos e ressonâncias. A experiência pode ser replicada em outros territórios e linhas de cuidado a partir de necessidades identificadas.
O desafio é a sistematização de indicadores quanti e qualitativos para sustentabilidade da experiência.
Referências Brasil, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS. Redes de produção de saúde. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2009.
Mendes et. al. Pesquisa-intervenção em promoção da saúde: desafios metodológicos de pesquisar “com”. Ciência & Saúde Coletiva. 2016, v. 21, n. 6
Cecílio, L.C.O. As necessidades de saúde como conceito estruturante na luta pela integralidade e equidade na atenção em saúde. In: PINHEIRO, R.; MATTOS, R.A. (orgs.). Os sentidos da Integralidade na atenção e no cuidado à saúde. Rio de Janeiro, ABRASCO, 2001, p. 113-126.
Oliveira, G. N. Devir apoiador: uma cartografia da função apoio. Tese de Doutorado da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas. Campinas, SP: 2011.
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