04/11/2024 - 17:20 - 18:50 RC9.8 - Desafios e Estratégias na Gestão Hospitalar no Brasil: Análise, Implementação e Avaliação |
49920 - IMPLANTAÇÃO DOS CONTRATOS INTERNOS DE GESTÃO EM HOSPITAL PÚBLICO DE BH : REVISITANDO DISPOSITIVOS DA HUMANIZAÇÃO SOB A ÓTICA DA QUALIDADE TACIANA MALHEIROS LIMA CARVALHO - PBH- SMSA -HMOB, SUSANA MARIA MOREIRA RATES - PBH- SMSA -HMOB, CAMILA VAZ DE MOURA - PBH- SMSA -HMOB, ÉRICA LUIZA VIANA REZENDE - PBH- SMSA -HMOB, MARINEIDE GONÇALVES ARAÚJO - PBH- SMSA -HMOB, CLEINIS DE ALVARENGA MAFRA JÚNIOR, - PBH- SMSA -HMOB, GUILHERME JOSÉ ANTONINI BARBOSA - PBH- SMSA -HMOB, CELESTE MAGNA ARAÚJO DANTAS - PBH- SMSA -HMOB
Contextualização O Hospital Metropolitano Odilon Behrens (HMOB) é importante referência do Sistema Único de Saúde (SUS) para Belo Horizonte e outros municípios. Atende em várias linhas de cuidado, de forma especial em urgências e emergências. Possui 521 leitos, todos dedicados ao SUS. Em 2004 foi reconhecido pelo Ministério da Saúde (MS) como hospital de ensino, pela relevância como instituição de formação. A atual gestão, percebendo a riqueza das informações geradas pela Gerência da Informação e Qualidade Hospitalar (GQUA) e as produzidas pelos gestores e coordenadores nas oficinas de mapeamento de processos (parceria com uma instituição de ensino) e do Planejamento Estratégico Situacional do Hospital (PES), revisitou os dispositivos da Política de Humanização, buscando estratégias que pudessem integrar estes movimentos. Elegeu o dispositivo da contratualização interna pelas premissas do fortalecimento dos espaços coletivos/colegiados/rodas de conversas como lócus para encontros de ideias e promoção de vínculos e pela perspectiva de oportunizar a construção de planejamento e pactuações por meio da cogestão. Nesse contexto, este relato de experiência objetiva demonstrar os passos percorridos para a implementação da contratualização à luz das informações da qualidade, integrando-as com dispositivos da humanização.
Descrição da Experiência Estudo descritivo de experiência realizada pela direção do HMOB para implementar contratos internos de gestão com todas as unidades do hospital. Para pesquisa bibliográfica foram utilizados os bancos LILACS e MEDLINE/PUBMED, com descritores: humanização, contratos de gestão, cogestão, qualidade. O primeiro passo foi a organização de dados a fim de traçar o diagnóstico e direcionar os planos de ação. Para tanto, foram consideradas informações identificadas em oficinas de mapeamento de processos e do PES - ocorridas na gestão anterior, com a participação de gestores e equipes - além dos dados do Grupo de Diagnósticos Relacionados (DRG), do Serviço de Controle de Infecções e Epidemiologia Hospitalar (SCIHE) e do Serviço de Qualidade e Segurança do Paciente (SEQSP). Para estruturar o plano foram selecionados os eixos prioritários do PES a serem desenvolvidos e os indicadores para monitoramento. Esses planos foram posteriormente discutidos com os gerentes, que expandiram para seus trabalhadores. A celebração do pacto foi realizada por meio de um instrumento, o “Contrato de Gestão - Plano de Metas-2024”, contendo diagnóstico situacional, eixos e indicadores prioritários e termo de contratualização. A todo contrato foi anexado um plano de metas, formatado com a ferramenta 5w2h com ações, prazos e responsáveis. Foi criado um “Comitê de Acompanhamento” para monitorar a execução.
Objetivo e período de Realização Demonstrar a experiência do HMOB na implantação dos contratos internos de gestão, integrando dispositivos da humanização com os da qualidade; criar espaços coletivos para enfrentamento dos desafios cotidianos; potencializar a criatividade e compartilhamento de saberes, de ensino e aprendizados; fortalecer a integração de gestores e trabalhadores; transformar as informações em ações coletivas; integrar o cuidado em rede. Período de realização: Janeiro 2024 a dezembro de 2024
Resultados Em 15 de março deste ano de 2024 foram celebrados e assinados 48 contratos de gestão contemplando todas as unidades do hospital. O movimento da contratualização, como instrumento de cogestão, abriu oportunidade para a reimplantação dos colegiados e os gerentes firmaram cronogramas para a realização dos mesmos ao longo do ano. Os colegiados têm contribuído para a integração da equipe e pactuações internas. Verifica-se maior aproximação entre os gerentes, visto que muitos indicadores necessitam da interface de diferentes áreas para a consecução de suas metas. Protocolos integrativos estão sendo desenvolvidos. O dispositivo “gestão à vista” vem sendo implementado pelas unidades, trazendo transparência às ações. A visita aberta foi novamente implantada, fruto do processo de discussão entre as equipes da portaria e da área assistencial. Os monitoramentos têm sido realizados mensalmente.
Aprendizado e Análise Crítica Ainda que seja um movimento inicial e em desenvolvimento, já se percebe a potência da ferramenta como dispositivo de cogestão e do pensar coletivo. Os Contratos Internos abrem os espaços para o diálogo, pactos e ações no coletivo, dando luz ao protagonismo dos sujeitos nos processos de cogerir e cuidar, fortalecendo a assistência com qualidade e humanização. A diretriz de cogestão é proposta para se operar no trabalho em saúde superando modelos de gestão verticalizados e centralizados, limitadores ou impeditivos da participação dos trabalhadores. Esse modelo ainda é muito presente em instituições hospitalares no Brasil. Por isso, buscar dispositivos para enfrentar a verticalização muitas vezes intrínseca aos processos hospitalares é um caminho necessário, contínuo e produzido de forma coletiva.
Referências BENEVIDES, R.; PASSOS, E. A humanização como dimensão pública das políticas de saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v.10, n.3, p.561-571, 2005.
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CAMPOS, G. W. de S.; FIGUEIREDO, M. D.; PEREIRA JÚNIOR, N.; CASTRO, C. P. de. A aplicação da metodologia Paideia no apoio institucional, no apoio matricial e na clínica ampliada. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, v.18, p.983–995, 2014.
SANTOS FILHO, S. B.; FIGUEIREDO, V. de O. N. Contratos internos de gestão no contexto da Política de Humanização: experimentando uma metodologia no referencial da cogestão. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, v.13, p.615–626, 2009.
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