Roda de Conversa

04/11/2024 - 17:20 - 18:50
RC9.6 - Programas e práticas na Atenção Primária à Saúde: subsídios para a gestão e o planejamento

50442 - AVALIAÇÂO DA PERCEPÇÃO DAS MULHERES NEGRAS SOBRE O ACESSO AOS SERVIÇOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
MARCELIA ALVES DE SOUZA MARTINS - SMS RJ, GISELA CORDEIRO PEREIRA CARDOSO - FIOCRUZ, EGLÉUBIA ANDRADE DE OLIVEIRA - FIOCRUZ


Apresentação/Introdução
Esta pesquisa qualitativa no Mestrado Profissional em Atenção Primária a Saúde e procurará observar a saúde das mulheres negras sob o prisma étnico racial ,compreendendo o racismo como um determinante social que pode intervir diretamente no processo saúde doença. As formas como as relações raciais estão conformadas no Brasil tornam a população negra mais vulnerável e tendem a dificultar seu acesso aos serviços de saúde. A população negra (somatório de pessoas pretas e pardas) representa 56,11% da sociedade brasileira (IBGE, 2019), porém , este número não é refletido no acesso a bens básicos de sobrevivência,(IBGE,2019).Em nossa estrutura societária, essa população encontra-se alocada nos piores postos de trabalho, recebem os menores salários, com o acesso à educação precarizado e limitado, residindo em zonas periféricas onde estão sujeitos a diferentes tipos de violência em seus corpos, física e mentalmente ( ALMEIDA, 2019). Na saúde , a situação de iniquidade e vulnerabilidade afeta negativamente a população negra, reconhecendo o racismo como fator que compreende o acesso dessa população aos diversos serviços públicos de saúde (BRASIL, 2017).

Objetivos
Analisar a percepção das mulheres negras sobre o acesso à uma Unidade de Saúde na Atenção Primária à Saúde no município do Rio de Janeiro:

Metodologia
A pesquisa de campo foi realizada por meio da realização de entrevistas, com roteiro semiestruturado, para capturar as percepções dessas usuárias, sobre o acesso e o cuidado ofertado na CF. O roteiro abordou os seguintes tópicos: identidade étnico racial, perfil sociodemográfico, acessibilidade geográfica, com enfoque no efeito da distância sobre a frequência no serviço de saúde, condições e necessidades em saúde, percepção acerca do serviço de saúde e a relação com os profissionais (expectativas das usuárias) e a percepção em relação a influência do quesito raça/cor no atendimento recebido.

Resultados e Discussão
Com relação a percepção das mulheres negras sobre a interferência do quesito raça/cor e de manifestações de racismo na unidade de saúde, as usuárias entrevistadas trazem narrativas em que estão presentes a discriminação racial e o racismo institucional, desconheciam o conceito e o significado material do racismo, declararam nunca ter vivido ou presenciado discriminação racial, de uma forma direta. Identificou-se o quanto o racismo institucional se expressa nas entrelinhas dos depoimentos. Ele não se dá de forma visível, está sutilmente enraizado no âmago das instituições e nas relações sociais. A visão de que há preconceito de classe e não de cor também esteve presente nas falas das entrevistadas. Apesar de ter sido perceptível que as mulheres compreendem e relatam situações discriminatórias, algumas delas demonstraram dificuldades para perceber e reconhecer que também são vítimas. Dada a não frequente verbalização, nem sempre é fácil captar sinais de racismo, até mesmo pela mulher negra que poderá se sentir diminuída, desafiada e humilhada. O racismo institucional e estrutural no campo da saúde, influenciam nas condições de acesso aos serviços ofertados na espera da Atenção Primária à Saúde, sendo relevante essa discussão do recorte racial que atinge mulheres negras numa tripla discriminação racial, social e de gênero.

Conclusões/Considerações finais
Diante das situações de racismo é necessário estimular discussões sobre o tema e desenvolver estudos que além de dar visibilidade as iniquidades raciais possam contribuir para a compreensão de como as discriminações atuam sobre a saúde das mulheres negras . È salutar construir caminhos e propostas de enfrentamento ao racismo institucional e mecanismos que estimulem as denúncias contra o racismo dentro dos espaços institucionalizados, dentro e fora do setor saúde. O resultados desta pesquisa devem servir como subsídios para outros estudos que se proponham a investigação do racismo na saúde, bem bem como adoção de redução das iniquidades raciais e promoção e políticas como a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra. A forma sutil como as situações ocorrem, indicam racismo institucional, de tal forma que permanece sob um viés implícito.

Referências

.ALMEIDA, S. L. de Racismo estrutural. São Paulo: Sueli Carneiro; Pólen; 2019.264 p

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento
de Apoio à Gestão Participativa e ao Controle Social. Política Nacional de Saúde Integral

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Informativo IBGE sobre
Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil. Estudos e Pesquisas - Informação
Demográfica e Socioeconômica, n.41, 2019
da População Negra: uma política para o SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2017.


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