04/11/2024 - 17:20 - 18:30 RC9.5 - Política Nacional de Saúde Bucal: gestão, monitoramento e avaliação dos serviços |
49593 - BARREIRAS E FACILIDADES DE ACESSO À SAÚDE BUCAL DO SUS EM JABOATÃO DOS GUARARAPES (PE) MONICKY MEL SILVA ARAÚJO - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES/ FIOCRUZ -PE, MARIA DA PENHA RODRIGUES DOS SANTOS - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES/ FIOCRUZ -PE, SYDIA ROSANA DE ARAÚJO OLIVEIRA - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES/ FIOCRUZ -PE
Apresentação/Introdução A Odontologia tem um caráter único no campo da saúde, uma vez que estuda e atua na face do indivíduo, sendo responsável pelo sistema estomatognático, utilizado para a mastigação, deglutição, fonação e respiração do ser humano. A pandemia da covid-19 impactou profundamente esta área devido ao risco elevado de disseminação viral, pela caraterística dos atendimentos, que utilizam jatos e sprays. Além disso, a falta de tratamento odontológico contribui para a deterioração da saúde e da qualidade de vida dos pacientes, exacerbando doenças bucais e comorbidades pré-existentes.
Diante deste cenário, o acesso a serviços odontológicos ganha relevância, devendo ser entendido como uso efetivo do serviço, e não apenas a mera disponibilidade. O ingresso, o uso e a permanência no sistema são características importantes para avaliar as barreiras e facilidades de acesso aos serviços de saúde. Conforme Gulzar et al. (1999), as barreiras de acesso são mecanismos que impedem o acesso aos serviços de saúde no momento em que o usuário precisa deles e podem variar de indivíduo para indivíduo, em diferentes níveis e momentos da busca pelo serviço de saúde. Esta pesquisa busca contribuir para o entendimento sobre a necessidade de ampliar o acesso e valorizar a saúde bucal no SUS.
Objetivos Avaliar as barreiras e facilidades de acesso à saúde bucal em Jaboatão dos Guararapes, considerando a pandemia.
Metodologia Esta pesquisa foi realizada em Jaboatão dos Guararapes (PE), com entrevistas estruturadas a usuários cadastrados nas unidades de saúde da família da regional II, com auxílio dos agentes comunitários para identificação dos usuários e unidades que cumpriam os critérios de participação. Como critérios de inclusão faz-se necessário estar cadastrado no SUS, ter mais de 18 anos e estar há, pelo menos, três meses sem consulta odontológica, conforme critérios do PMAQ.
Foi aplicado questionário semi-estruturado, com oito questões abertas, para oito entrevistados, de modo aleatório. O questionário utilizou elementos do perfil socioeconômicos dos usuários do SUS. Assim como, elementos que permitem avaliar barreiras e facilidades de acesso, à luz de Levesque (2013).
Para análise das entrevistas foi utilizada a técnica de análise de conteúdo, conforme Bardin (2009). O quadro teórico baseou-se na orientação metodológica e na teoria da análise documental e análise de conteúdo, com apoio do software MAXQDA 24. Esta pesquisa foi aprovada pelo CEP do Instituto Aggeu Magalhães, nº 6.386.943.
Resultados e Discussão No total, foram 60 falas dos usuários, categorizadas pelas capacidades apresentadas por Levesque (2013) e distribuídas entre facilidades e barreiras de acesso. Observou-se predominância de facilidades no acesso, quando são questionadas as capacidades dos indivíduos de interagirem com o SUS.
A capacidade de perceber mostra que há facilidades no acesso à saúde bucal do município. Na capacidade de buscar, os usuários mostram entendimento básico sobre o funcionamento do posto de saúde, caracterizando facilidade de acesso. Na capacidade de alcance, quando avaliada individualmente, há múltiplas barreiras de acesso, embora, de modo geral, não é o impedimento para conseguir acesso. A capacidade de pagamento evidencia que a maioria consegue pagar pelo atendimento. No entanto, por se tratar de um serviço previsto na constituição Federal e que deveria ser “gratuito”, considera-se que a necessidade de pagamento para obter tratamento é uma barreira de acesso para a população. A capacidade de engajamento mostra que a comunicação paciente-profissional é uma facilidade no sistema.
Os relatos dos pacientes evidenciam problemas crescente com sintomatologia dolorosa. O que mostra a necessidade de soluções imediatas para minimizar as filas de espera e agilizar o tratamento.
Assim, para que os sistemas de saúde funcionem devidamente faz-se necessária avaliação e monitoramento contínuos. Este monitoramento deve ocorrer de forma constante, principalmente em períodos de normalidade, para que o funcionamento seja entendido e a gestão esteja capacitada para enfrentar os momentos de crise. Compreender o funcionamento diário proporciona maior capacidade de resposta e adaptação dos profissionais em situações de emergência, como epidemias e pandemias.
Conclusões/Considerações finais As restrições ao atendimento odontológico em Jaboatão dos Guararapes (PE) impactaram negativamente os serviços. Múltiplas barreiras de acesso aos serviços agravam a saúde bucal da população, tornando urgente a ampliação aos tratamentos odontológicos e a fluoretação das águas. Tais medidas devem ser implementadas pelo Estado por meio de políticas públicas que garantam o direito à saúde bucal.
Destaca-se as facilidades no acesso, especialmente na percepção da necessidade e busca por serviços. A boa comunicação entre pacientes e profissionais sugere que essa interação positiva pode ajudar a mitigar algumas barreiras de acesso. É necessário um rearranjo dos serviços odontológicos para atender a alta demanda gerada por dois anos de atendimentos insuficientes. No Brasil, a população já enfrentava um atendimento público precário e insuficiente. A ampliação dos horários de atendimento e a melhoria da qualidade dos serviços de saúde bucal são medidas essenciais para reduzir os tempos de espera.
Referências LEVESQUE, Jean-Frederic; HARRIS, Mark F.; RUSSELL, Grant. Patient-centred access to health care: conceptualising access at the interface of health systems and populations. International journal for equity in health, v. 12, p. 1-9, 2013.
MOREIRA, Rafael da Silveira; NICO, Lucélia Silva; TOMITA, Nilce Emy. A relação entre o espaço e a saúde bucal coletiva: por uma epidemiologia georreferenciada. Ciencia & saude coletiva, v. 12, p. 275-284, 2007.
PENCHANSKY, Roy; THOMAS, J. William. The concept of access: definition and relationship to consumer satisfaction. Medical care, p. 127-140, 1981.
Fonte(s) de financiamento: FIOTEC.
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