Roda de Conversa

04/11/2024 - 17:20 - 18:50
RC9.4 - Planejamento em Saúde no Brasil: estratégias, ferramentas, resultados e desafios

52826 - O USO DE UMA TECNOLOGIA LEVE PARA ELABORAÇÃO DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO SITUACIONAL
FRANCISCO DIONES ARAUJO RODRIGUES - UECE, AMANDA ROBERTA FONSÊCA DO NASCIMENTO - UECE, KERLEY MENEZES SILVA PRATA - UECE, EDNA MOTA LOIOLA - UECE, BRENO DA SILVA ALBANO - PREFEITURA MUNICIPAL DE FORTALEZA, LAÍS MARIA GERMANO CANUTO SALES - UFC, MARIA CARULINE FURTADO DE MELO MARTINS - UECE, RENAN LUCAS NOGUEIRA SANTOS - ESP-CE


Contextualização
A partir do levantamento dos avanços e desafios relacionados ao ano de 2020, a equipe interdisciplinar do Centro de Atenção Psicossocial – CAPS geral Regional IV, iniciou em janeiro de 2021, as etapas necessárias à construção do Planejamento Estratégico Situacional (PES). Esta tecnologia embasou-se no “Guia Sobre Planejamento para os Coordenadores do CAPS”, tecnologia elaborada a partir da dissertação de mestrado do enfermeiro do serviço (RODRIGUES e PITOMBEIRA, 2020). Considerando as fragilidades sinalizadas pelos diversos atores sociais do CAPS (usuários, conselheiros, familiares, profissionais e gestão) referente ao ano de 2020, bem como a identificação de novos problemas durante o momento do planejamento, o coletivo pontuou um total de 27 problemas principais presentes no serviço. A prática de cogestão tem ao provocar inovações nas práticas gerenciais e de produção de saúde, propõe para os diferentes coletivos/equipes implicados o desafio de superar limites e experimentar novas formas de organização dos serviços, novos modos de produção e circulação de poder. (BRASIL, 2009).


Descrição da Experiência
Trata-se de um relato de experiência realizado em um Centro de Apoio Psicossocial localizado no município de Fortaleza, situado na regional IV. Através de reuniões sequenciais e presenciais, usuários, conselheiros, familiares, profissionais e membros da gestão elencaram problemas a serem analisados e priorizados para a execução de um plano de ação exequível e eficiente. A regularidade e a periodicidade de tais encontros apresentou prejuízo, em decorrência da grave crise relacionada ao período pandêmico (FORNERETO, SOUSA e MARTINI, 2023). As etapas do processo foram: levantamento de problemas, priorização de problemas, explicação situacional e plano de ação. Desse modo, para o momento inicial foram elencados 27 problemas, no segundo momento foi necessário o uso da Matriz GUT, ferramenta gerencial que trabalha com as variáveis Gravidade, Urgência e Tendência (KEPNER e TREGOE, 1981) para identificar os problemas prioritários. O terceiro momento utilizou a árvore de problemas para explicação situacional e na última etapa do processo de planejamento foi elaborado o plano de ação com o uso da ferramenta 5W2H adaptada (VENTURA e SUQUISAQUI, 2020).


Objetivo e período de Realização
Relatar a experiência de elaboração coletiva do Planejamento Estratégico Situacional de um Centro de Apoio Psicossocial com o uso de uma tecnologia leve, cujo primeiro encontro se deu em janeiro de 2021. Devido ao período pandêmico do Novo Coronavírus (COVID-19), o PES foi finalizado somente em novembro de 2021, desta forma o plano de trabalho com suas respectivas ações será direcionado para o ano de 2022.


Resultados
Com a aplicação da Matriz GUT encontrou-se a carência de profissionais como problema prioritário, ratificando o exposto na literatura a respeito da Rede de Atenção Psicossocial (CHAVES et al., 2022). Como causas do problema principal identificou-se: renovação de receitas sem profissional médico assistente, acolhimento inicial sem capacidade de assistência posterior, inoperância da gestão municipal da realidade dos CAPS, desvio de função de profissionais, ausência do controle social, atuação na contramão da reforma psiquiátrica, ausência de ações contínuas em rede e ausência de altas. Como consequências foi descrito o adoecimento da equipe, ausência de diálogos de núcleo, esvaziamento teórico, redução do cardápio de estratégias de assistência, ausência de resolubilidade, sobrecarga da rotina de trabalho, descontinuidade da assistência, redução da qualidade da assistência e institucionalização dos usuários. Ao finalizar a construção da árvore de problemas, foram identificados os nós críticos que representam a causa ou o conjunto de causas do problema principal que ao serem atacados ou alterados, terão grande impacto sobre a solução do problema.


Aprendizado e Análise Crítica
O nó crítico também traz a ideia de algo sobre o qual pode-se intervir, ou seja, está dentro do espaço de governabilidade dos sujeitos. A partir da definição dos nós críticos (Potencializar o Conselho Local e Assembleia de Usuários para exigir que as demandas/cobranças sejam atendidas, Realizar alta dos usuários sem perfil de atendimento do CAPS e/ou de outras regionais, garantindo mediante fluxo organizado, sistematizado e seguro, Acolher novos usuários de acordo com a nossa capacidade operante, Garantir que a assistência seja ofertada pelo núcleo profissional correto e de forma contínua e Garantir agenda para facilitar ações no território), foi elaborado um plano de ação e definidos as ações/intervenções com estabelecimento dos resultados esperados. A adaptação da ferramenta 5W2H, apresentou relevância não apenas para a elaboração, como também para o acompanhamento do plano de ação.


Referências
BRASIL.Política nacional de Humanização da atenção e Gestão do SUS. Gestão participativa e cogestão / Ministério da saúde, secretaria de atenção à saúde, Política nacional de Humanização da atenção e Gestão do SUS. – Brasília: Ministério da saúde, 2009.
CHAVES, A.S.C. et al. Recorte temporal dos desafios para implementação da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) no Brasil: revisão sistemática. Revista de Saúde Mental e Subjetividade. 2022.
FORNERETO, A.P.N.; SOUSA, D.F., MARTINI, L.C. Educação Permanente em Saúde como estratégia para trabalho colaborativo na Rede de Atenção Psicossocial. Interface (Botucatu). 2023; 27: e220221
KEPNER, Charles H.; TREGOE, Benjamin B. O administrador racional. São. Paulo: Atlas, 1981.
RODRIGUES, F.D.A; PITOMBEIRA, M. G.V. Guia digital sobre planejamento para coordenadores dos centros de atenção psicossocial. Dissertação de Mestrado. Fortaleza, UECE, 2020.


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