Roda de Conversa

04/11/2024 - 17:20 - 18:50
RC9.4 - Planejamento em Saúde no Brasil: estratégias, ferramentas, resultados e desafios

52772 - OFICINA DE IDENTIFICAÇÃO, CATEGORIZAÇÃO, HIERARQUIZAÇÃO E PRIORIZAÇÃO DOS PROBLEMAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE DE JIJOCA DE JERICOACOARA/CE
JULIANA GOMES SILVA - UVA, SAMILY GOMES FILGUEIRA - UECE, KATARINA JESS CARVALHO BRANDAO COSTA - UVA, MARIA DO SOCORRO DE ARAUJO DIAS - UVA, MARISTELA INÊS OSAWA CHAGAS - UVA


Contextualização
A Educação Permanente em Saúde – EPS, apresenta-se como uma estratégia essencial para a transformação da prática no Sistema Único de Saúde – SUS, estabelece um processo de ensino-aprendizagem que envolve o quadrilátero - ensino, serviço, gestão e controle social, implicando em trocas de saberes e experiências, através do uso de metodologias ativas e debatendo problemáticas a partir da realidade. Dentro do conceito de metodologia ativa, existe o método a partir da construção de uma situação problema, a qual proporciona uma reflexão crítica da realidade; mobiliza o profissional para a busca do conhecimento, a fim de superar a situação problema e ajuda na reflexão e proposição de soluções mais assertivas. A Matriz GUT é uma das ferramentas mais usadas para à resolução de situações-problemas, uma vez que esse método propicia a identificação e escolha dos problemas mais necessários e que merecem ter uma atenção priorizada. A sigla “GUT” representa a abreviatura dos fatores avaliativos: Gravidade, Urgência e Tendência.

Descrição da Experiência
A oficina da Matriz GUT foi realizada com profissionais da Atenção Primária em Saúde do Município de Jijoca de Jericoacoara e Conselho de Saúde. Ocorreu na data de 29/04/2024, no turno tarde, com a presença de 22 representantes dos seguintes serviços: Equipes de Estratégia de Saúde da Família –ESF (02 enfermeiros, 02 médicos, 02 dentistas, 02 técnicos de enfermagem, 09 ACS’s, Equipe Multidisciplinar – Emulti ( 01 psicóloga), Serviço de Atenção Domiciliar – SAD (01 enfermeira), Gestão (02 coordenadores) e do Controle Social (01 conselheiro). Mesclaram-se diferentes categorias profissionais e atores do Conselho Municipal de Saúde e da Associação de Agentes Comunitários de Saúde a fim de ampliar o olhar sobre os inúmeros problemas existentes no município. Para subsidiar a priorização dos mesmos foi entregue materiais com informações de territorialização, índices e indicadores extraídos das seguintes fontes de dados: IBGE, Integrasus Ceará, E-Gestor, SINAN, TABNET, SIM, SINASC, relatório de gestão de saúde, Cemaris e diagnóstico socioterritorial do município. O momento foi finalizado com a construção da Matriz GUT que pontua a Gravidade, Urgência e Tendência na priorização de problemas para intervenção célere.

Objetivo e período de Realização
A oficina teve por objetivo elaborar matrizes a fim de identificar, categorizar, hierarquizar e priorizar os problemas, considerando as especificidades de cada equipe/território, a fim de diminuir as iniquidades existentes na hora de planejar ações voltadas para o cuidado do indivíduo/comunidade. Ocorreu no dia 29/04/2024 no turno da tarde.

Resultados
A vivência relatada proporcionou: Troca de saberes e experiências entre os profissionais participantes; Maior integração entre gestão e execução do SUS, no âmbito municipal; A obtenção de subsídios para construção do Plano Municipal de EPS; Ampliação dos espaços e as formas de conhecimento para além do padrão tradicional de sala de aula, promovendo atividades empíricas, pautadas na educação popular; Fundamentos para um diagnóstico territorial; Ao final foi construída uma Matriz GUT os problemas mais relevantes que afetavam a população e que necessitavam de uma intervenção com urgência. Análise Crítica: Asseveramos que o uso de metodologias ativas, enquanto estratégia político pedagógica adotada para trabalhar com grupos, contribui para maior participação e integração, favorecendo a formação de profissionais de saúde mais críticos-reflexivos, com maior poder de transformação de suas realidades, considerando questões próprias dos territórios. Importante destacar que as metodologias ativas estimulam a aprender a aprender, e tais métodos podem ser replicados, por exemplo, em atividades de educação em saúde voltadas aos usuários, famílias e/ou comunidades.

Aprendizado e Análise Crítica
Considerando a necessidade de se fortalecer a Educação Permanente em Saúde, a criação de um grupo para realizar a confecção de matriz com a finalidade de planejar as ações necessárias a saúde, trouxe mais legitimação nos verdadeiros desafios que os profissionais precisavam estar atentos e deveriam voltar seus esforços para resolvê-los. Essa metodologia é ampla, pois trabalha com interdisciplinaridade e intersetorialidade, o que torna o planejamento enriquecedor. Trabalhar Educação Permanente ainda é um grande desafio dentro da Atenção Primária, visto que muitos profissionais ainda preterem usar os modelos tradicionais (por conhecimento ou por familiaridade maior) na hora de planejar suas atividades. Neste sentido é preciso estimular os profissionais para a realização de capacitações, qualificações, uso de novas metodologias e tecnologias na prática do seu dia a dia. No tocante ao Plano de EPS, asseveramos o grande desafio de conseguir coloca-lo em prática, frente, inclusive, ao atual modelo de financiamento da APS, por exemplo, visto que a focalização de indicadores pode impactar na queda de qualidade e abrangência de serviços que não fazem parte da métrica de avaliação por incentivo de desempenho, tais como as atividades coletivas, e compartilhadas.

Referências
1. FELIX, A. M.S.; MAIA, F. O. M.; SOARES, R. A. Q. Atenção primária à saúde e educação em enfermagem no Brasil. Enfermagem em Foco. v. 10, n. 6 (2019) disponível em http://revista.cofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/view/2779/0. Acesso em 09/06/2024.

2. DIAS, M.S.A.; LIMA, N.A.; PARENTE, J. R. F.; SILVA, M. R. F. A tutoria como dispositivo de apoio a um Sistema Municipal de Saúde. Saude Debate. Rio de Janeiro. V.41. n. 114, p. 683-693, 2017. Disponível em https://www.scielo.br/j/sdeb/a/75RCQwmD7rY7D7PQXmx884J/?format=pdf&lang=pt . Acesso em 07/06/2024

3.CECCIM, R. B. Educação Permanente em Saúde: descentralização e disseminação de capacidade pedagógica na saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v. 10, n. 4, p. 975–986, dez. 2005.


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