Roda de Conversa

04/11/2024 - 17:20 - 18:50
RC9.4 - Planejamento em Saúde no Brasil: estratégias, ferramentas, resultados e desafios

51588 - OFICINA PARA IDENTIFICAÇÃO, CATEGORIZAÇÃO, HIERARQUIZAÇÃO E PRIORIZAÇÃO DE PROBLEMAS EM SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA EM UM PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO
CATARINA DE VASCONCELOS PESSOA - UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ, MARISTELA INES OSAWA VASCONCELOS - UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ, MARIA SOCORRO DE ARAUJO DIAS - UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ, JOSÉ REGINALDO FEIJÃO PARENTE - UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ, FRANCISCO ROSEMIRO GUIMARÃES XIMENES NETO - UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ, KEILA MARIA DE AZEVEDO PONTE - UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ


Contextualização
A definição de um sistema de categorização de problemas serve para garantir que cada problema seja tratado de forma adequada e eficiente, podendo ter critérios específicos para a priorização, o tempo de resposta e o tipo de solução oferecida. Isso permite que a organização gerencie melhor seus recursos e possa direcionar o atendimento de acordo com as necessidades do território e/ou usuário (MONKEY e BARCELOS, 2015).
A territorialização na Atenção Primária à Saúde (APS) é um processo social e político importante para a realização dos princípios constitucionais do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. O SUS é fundamentalmente um projeto de atenção territorializado, organizado em redes de atenção regionalizadas, com centro de comando na APS. Por isso, a territorialização reflete o próprio modelo de atenção que se propõe no Brasil. Entretanto, atualmente, muitos são os desafios encontrados neste contexto (BRASIL,1990).
Ao definir seus problemas prioritários, o Centro de Saúde da Família (CSF) tenta trabalhar a organização para pode estabelecer padrões de qualidade para o atendimento e resolução dos mesmos, garantindo que sejam tratados de forma justa e objetiva, melhorando a eficiência do processo.


Descrição da Experiência
O modelo de atenção à saúde proposto pela ESF pretende melhorar o estado de saúde da população priorizando ações de promoção e prevenção, e adotando como unidades de cuidado a família e a comunidade, tornando-se porta de entrada do sistema de saúde e garantindo, por consequência, a hierarquização da assistência.
No enfrentamento dos principais problemas do território, destacam-se as estratégias coletivas, especialmente as reuniões de equipe e apoio matricial, nas quais há troca de experiências, conhecimentos e apoio compartilhado. Os resultados indicam que as dificuldades referidas podem deixar os profissionais da ESF em situação de vulnerabilidade, tal como os usuários por eles atendidos. O investimento no desenvolvimento de competências, o fortalecimento de estratégias de enfrentamento coletivas, assim como maior articulação com as redes de serviços e as lideranças locais, mostram-se necessários para que os profissionais de saúde atuem com menor estresse frente às complexas demandas assistenciais e sociais presentes em seu cotidiano de trabalho, e assim contribuam na consolidação da ESF.
Diante do cenário encontrado, neste contexto, realizou-se uma oficina de identificação, categorização, hierarquização e priorização de problemas em saúde, de acordo com a opinião dos profissionais atuantes no território.


Objetivo e período de Realização
Objetiva-se relatar a experiência dos Doutorandos do Programa de Pós Graduação da Rede Nordeste de Formação em Saúde da Família, ocorrida em um CSF do Município de Sobral-CE, no dia 18 de Abril de 2024 através da atividade de dispersão proposta para os mesmos realizarem em seu local de atuação.

Resultados
Para a realização da oficina, houve uma roda de conversa com representatividade das principais categorias de trabalhadores do CSF, onde foram elencados os principais problemas do território, a partir das evidências, valor político, governabilidade, eficácia, custo de adiamento e natureza dos mesmos. Ao final, utilizou-se a Matriz GUT, que é uma ferramenta que ajuda na priorização da resolução de problemas por meio de três critérios: Gravidade, Urgência e Tendência (LUSTOSA, 2014).
Representada pela letra “G”, a gravidade é o critério que avalia o impacto ou intensidade que o problema pode gerar se não for solucionado. Simbolizada pela letra “U”, a urgência está relacionada ao tempo. Quanto mais rápida determinada situação precisa ser resolvida, mais urgente ela é. Representada pela letra “T”, a tendência diz respeito ao padrão de evolução da situação.
Como resultados, surgiram as seguintes questões: Sobrecarga de trabalho e adoecimento profissional , seguido por Dificuldade de acesso à equipamentos da rede de atenção à saúde, Dificuldade no desenvolvimento de atividades coletivas, Excesso de demanda e Rotatividade de profissionais.


Aprendizado e Análise Crítica
Os processos de trabalho em um serviço de saúde devem ser sempre claros e objetivos (MENDES,2011). Porém, mantê-los atualizados e organizados é grande desafio. Diante de uma situação difícil, na qual o CSF precisa ajustar muitos dos seus processos, é importante saber por onde começar.
Decisões pouco fundamentadas, podem ignorar melhorias que trariam mais resultados ou, até mesmo, estender prejuízos que poderiam ser evitados. Assim, aplicar a Matriz GUT pode direcionar esse trabalho, esclarecendo a importância de cada processo e guiando o trabalho de forma sistêmica e assertiva.
Entre os principais benefícios desta estratégia estão a facilidade de utilização, sendo bastante intuitiva e podendo ser aplicada em qualquer área, o apoio estratégico e a eliminação ou redução dos problemas mais graves do local de trabalho.
De maneira geral, ela pode ser utilizada em quaisquer situações nas quais é preciso tomar decisões que exigem uma análise mais cuidadosa de determinados cenários.
Devido ao fato do resultado da aplicação da ferramenta ser uma lista de itens priorizados, ela possibilita saber o que deve ser feito primeiro, informação que, muitas vezes, é crucial para a efetividade da resolução de um problema. Além disso, ainda é possível saber onde alocar recursos para evitar maiores danos para a organização.


Referências
1. Brasil. Lei n. 8.080, de 19 de Setembro de 1990. Lei orgânica da Saúde. Diário Oficial da União, Brasília (1990 Sep 20); Sec 1.
2. Mendes EV. Redes de atenção à saúde. Brasília: OPAS; 2011.
3. Monken M, Barcellos C. Vigilância à saúde e território utilizado: possibilidades teóricas e metodológicas. Cad Saúde Pública 2015; 21(3):898-906.
4. Lustosa, A.P. A organização do processo de trabalho em uma unidade básica de saúde no município do Ceará. Revista Interface - Comunicação, Saúde, Educação ISSN 1807-5762. Interface (Botucatu) [online], supl. 3, 2014. Disponível em: http://conferencias.redeunida.org.br/ocs/index.php/redeunida/RU11/paper/view/4387. Acesso em 09 de junho de 2024.


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