Roda de Conversa

04/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC9.3 - Metodologias e Experiências no Planejamento e Avaliação na Atenção Primária à Saúde

51934 - IDENTIFICAÇÃO DE PROBLEMAS E CAUSAS PARA O PLANEJAMENTO AÇÕES DE UMA EQUIPE DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA DO OESTE CEARENSE
ROSÂNGELA SOUZA CAVALCANTE - UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ- UVA, FRANCISCO ROSEMIRO GUIMARÃES XIMENES NETO - UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ- UVA, MARIA DO SOCORRO DE ARAÚJO DIAS - UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ- UVA, MARISTELA INÊS OSAWA CHAGAS - UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ- UVA, LAYSE FERNANDES QUEIROZ VASCONCELOS - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ-UFC, LUÍS MIGUEL FERNANDES DE SOUZA - UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ- UVA, FRANCISCO JEAN DIEGO DE ABREU PAIVA - UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ- UVA, BENEDITA TATIANE GOMES LIBERATO - UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ- UVA, LUIZA JOCYMARA LIMA FREIRE DIAS - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ-UFC, DANIELE TOMAZ AGUIAR FROTA - UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ- UVA


Contextualização

O fortalecimento da Atenção Primária à Saúde (APS) tem exigido contínuos esforços e demandado por iniciativas que busquem por ações, inovações e projetos que visem ao aperfeiçoamento de sua qualidade (Simakawal; Venancio, 2019) de modo que melhore a qualidade e resolubilidade da atenção à saúde.
A avaliação dos serviços de saúde tem se fundamentado como um processo de preocupação constante dos órgãos de gestão pública no Brasil, notadamente na APS, com o fortalecimento de estratégias para sua consolidação, dentre elas a Política Nacional da Atenção Básica (PNAB), com um elenco de programas para ampliar o acesso e a qualidade na assistência à saúde, por meio da Estratégia Saúde da Família (ESF) (Carvalho, 2017).
Neste sentido, a saúde coletiva traz como foco as condições que interferem no processo saúde-doença-cuidado e diante das problemáticas que culminam na deficiência da prestação de cuidados aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), faz-se necessária a atuação constante da gestão em saúde, pautada na análise epidemiológica, de indicadores de saúde, sociais e de qualidade, entre outros (Brasil, 2022).
Neste contexto, o planejamento, o monitoramento e avaliação destacam-se como tecnologias organizacionais, nas quais o sistema de saúde requer que os profissionais envolvidos apresentem uma sensibilidade para a identificação dos problemas (Sarti et al., 2012).


Descrição da Experiência
Trata-se de um estudo de relato de experiência, sob abordagem qualitativa na perspectiva da fenomenologia, desenvolvido a partir da atividade do Doutorado Profissional em Saúde da Família.
Este estudo foi desenvolvido em uma ESF com um território adscrito com 13.662 usuários, no município de Crateús, no Oeste cearense. Foi desenvolvida uma oficina de identificação, categorização, hierarquização e priorização de problemas, com a participação de 19 sujeitos, dentre eles, profissionais da equipe da ESF, profissionais da equipe e-Multi, residentes multiprofissionais da Escola de Saúde Pública do Ceará e usuários.
Após a explicação do objetivo da oficina, o público foi organizado em três subgrupos para elencar as situações problema de saúde, onde utilizaram um Brainstorm (tempestade de ideias) enunciando o problema em tarjeta de papel, elencando cinco problemas prioritários. Posteriormente, na discussão coletiva foram eliminadas as repetições, ficando os cinco problemas eleitos em comum para todos os participantes. Seguindo as etapas da oficina, foram utilizados quadros para indicar as evidências, hierarquização, listagem das causas e agrupamentos dos problemas, finalizando com a construção da matriz de priorização destes. Os problemas foram consolidados na matriz GUT, onde o G corresponde a gravidade, U corresponde a urgência e T a tendência (Meireles, 2001).


Objetivo e período de Realização
O presente estudo tem como objetiva relatar a experiência de uma oficina realizada para identificar os problemas e suas causas, para o planejamento de ação de uma equipe da ESF durante o período de abril e maio de 2024.

Resultados
Os participantes debateram a realidade da situação de saúde do território, trazendo como eixo estruturante as características geográficas com suas barreiras, a infraestrutura local, a demografia com o perfil socioeconômico e epidemiológico, e a infraestrutura e logística do processo de trabalho da equipe da ESF, para organização e oferta de atendimento para as demandas de saúde da população.
Os cinco principais problemas elencados foram: dificuldade no acesso aos serviços de saúde; ações insuficientes de promoção à saúde e prevenção de riscos, agravos e doenças; políticas públicas ineficientes; não responsabilização da população para o autocuidado; e pouca adesão das mulheres para realização do exame citopatológico.
Os problemas processados foram consolidados na matriz GUT, aplicando os critérios de análise e a classificação correspondente ao consenso do grupo, em que o problema prioritário foram as ações insuficientes de promoção à saúde e prevenção de riscos, agravos e doenças.


Aprendizado e Análise Crítica
Para a efetivação do trabalho das equipes da ESF tornam-se necessárias a articulação e a integração de diversos profissionais da saúde, bem como o conhecimento da realidade do território, das necessidades de saúde da população e reconhecer os atores e os equipamentos que serão utilizados como suporte no processo de trabalho que dê conta das complexidades e dos problemas de saúde das famílias, sujeitos e comunidades.
O território é o espaço delimitado, produzido pela sociedade, no qual existem múltiplos objetos geográficos, atores sociais e instituições. Essa concepção apresenta as relações de poder que se estabelecem por meio de trocas, diálogos, de negociações entre os diferentes sujeitos, que em um dado momento, propõem implementar projetos ou intervenções para toda a população (Gondim, 2017).
O envolvimento dos trabalhadores da trabalhadores e usuários do Sistema de Saúde para compreender as dimensões do território, se configuram fundamentalmente como momentos para o planejamento e organização das ações em saúde. É preciso debater maneiras para lidar com as dificuldades encontradas, definir prioridades e pactuar novas estratégias de ações para o alcance dos objetivos definidos no planejamento.



Referências
BRASIL. Ministério da saúde. Secretaria de Atenção à Saúde Implantação das Redes de Atenção à Saúde e outras estratégias da SAS. Brasília: Ministério da Saúde, 2022.
CARVALHO, M.F. et al. Utilização de Monitoramento e análise de indicadores na Atenção primária à Saúde. Revista SANARE, Sobral, v.16, n. 1, p. 1-8, jun, 2017.
GONDIM, G. M.M et al. Território e territorialização, 2017.
MEIRELES, Manuel. Ferramentas administrativas para identificar, observar e analisar problemas: organizações com foco no cliente. São Paulo: Arte & Ciência, 2001.

SARTI, T. D. et al. Avaliação das ações de planejamento em saúde empreendidos por equipes de saúde da família. Caderno de saúde Pública, Rio de Janeiro, v.28, n.3, mar, 2012.
SIMAKAWAL, A. F; VENACIO, S. I. Elaboração de cartilha sobre indicadores de saúde como estratégia de fortalecimento da Atenção Básica no município de Iatpevi. Revista Bis (Bol.Inst Saúde), São Paulo, v. 20, n.1, jan.2019.

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