Roda de Conversa

04/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC9.3 - Metodologias e Experiências no Planejamento e Avaliação na Atenção Primária à Saúde

49533 - AVALIAÇÃO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM UMA REGIONAL DE SAÚDE DO PARANÁ: PERSPECTIVA DE MÉDICOS E ENFERMEIROS
TATIANE BARATIERI - UNICENTRO, KAMILI RAFAELI GOMES - UNICENTRO, CAMILA ALEXANDRA LIRA GUTIERREZ - UNICENTRO, MARIA EDUARDA FERREIRA - UNICENTRO, MARIA GABRIELA FERREIRA DE MELO - UNICENTRO, MAICON HENRIQUE LENTSCK - UNICENTRO, LETÍCIA GRAMAZIO SOARES - UNICENTRO, MAYNARA FERNANDA CARVALHO BARRETO - UENP, MARIA JOSÉ QUINA GALDINO - UENP, CLARILENE CLARO DOS SANTOS - SESA/PR


Apresentação/Introdução
A Atenção Primária à Saúde (APS), proposta pela Conferência de Alma-Ata em 1978, tem como objetivo ampliar a assistência de saúde para a comunidade e no Brasil em 1988 se criou o Sistema Único de Saúde (SUS) com a finalidade de garantir um acesso universal ao sistema de saúde, tendo a APS como ordenadora do cuidado. Sendo assim, a APS está sob constante avaliação com estudos a níveis regionais, nacionais e internacionais.
A APS é norteada por quatro atributos essenciais, ou seja, integralidade, longitudinalidade, acesso ao primeiro contato e a coordenação do cuidado, e os atributos derivados que compreendem orientação familiar, orientação da comunidade e competência cultural (Starfield, 2002).
Tais atributos devem ser avaliados para direcionar melhorias na APS, e essa avaliação na perspectiva dos profissionais médicos e enfermeiros é importante para identificar fragilidades que precisam de aperfeiçoamento, como estruturas ou procedimentos, e ações que podem melhorar o serviço oferecido à comunidade (Pucci et al., 2021). Além disso, com o desenvolvimento da pesquisa, é possível conscientizar os profissionais médicos-enfermeiros no âmbito da execução do seu trabalho e a qualidade do serviço oferecido aos pacientes (Leandro, et al., 2017).


Objetivos
Avaliar a Atenção Primária à Saúde sob a ótica de médicos e enfermeiros.

Metodologia
Estudo avaliativo no âmbito da 5ª Regional de Saúde do Estado do Paraná, composta por 20 municípios. A região apresenta Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) médio, assim, despertou-se a necessidade de compreender a APS, já que a saúde também é influenciada pelas condições que se relacionam com o desenvolvimento humano. Para isso, foi avaliada a perspectiva dos profissionais médicos e enfermeiros utilizando a ferramenta PCATool-Brasil (Brasil, 2020), que foi traduzida e adaptada para o contexto brasileiro, embasada nos atributos dispostos por Starfield (Starfield, 2002). A coleta de dados se deu por meio de um questionário autoaplicado pelo Google Forms₢. Obteve-se 129 respostas, das quais 13 foram excluídas por resposta repetida ou profissional que não atuava na APS, compondo a amostra final de 116. Com base na análise dos dados, foi possível obter o escore geral, essencial e por atributo, de acordo com o cálculo proposto pelo manual do PCATool-Brasil (Brasil, 2020). Foi considerado escore baixo aqueles com resultado menor ou igual a 6,6, e escore alto maior de 6,6. Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos (CAAE: 71494823.6.0000.0106).

Resultados e Discussão
A maioria eram enfermeiros (64,66%) com especialização na área de APS (76,72%), vínculo trabalhista de concurso público (65,52%); predominância de pessoas com mais de 10 anos de formados (49,14%), mais de 10 anos de atuação na APS (40,52%) e atuando há mais de 2 anos na UBS atual (52,13%). A maioria das UBS’s eram da modalidade ESF (96,55%), possuíam até três equipes (78,45%) e mais de 3.500 habitantes (50%) em sua área de abrangência. Sobre a rotatividade de profissionais, a maioria respondeu que entre os dentistas (50%) e enfermeiros (50,1%) a rotatividade era baixa, e elevada entre médicos (76,7%). Os atributos essenciais acesso (6,1) e coordenação dos sistemas de informação (6,6) tiveram escore baixo. Estudos apresentam resultados semelhantes com relação ao acesso (Gomes, et al. 2021), porém não possuem semelhanças nos escores de coordenação dos sistemas de informação, com resultado de escore alto (Lima, et al. 2016). Quanto aos atributos de longitudinalidade (6,7) e coordenação da integração do cuidado (6,7), ambos obtiveram pontuação que pode ser qualificada como satisfatória, porém próximos ao baixo escore, devendo ter um olhar atento para melhorias nestes. A integralidade de serviços disponíveis (8,3) e integralidade de serviços prestados (7,7) apresentaram escores altos, semelhantes a outros estudos (Gomes, et al. 2021; Lima, et al. 2016). No que diz respeito aos atributos derivados, destaca-se que o atributo de orientação familiar (7,0) e orientação comunitária (7,4), estudo realizado em Fortaleza, Ceará, apresentou resultado semelhante (Rolim, et al. 2019). Sobre escore essencial (7,0) e ao escore geral (7,1), observou-se paralelos significativos com os resultados obtidos no estado de São Paulo (Gomes, et al. 2021), considerados altos.

Conclusões/Considerações finais
Os atributos acesso e coordenação dos sistemas de informação apresentaram-se baixos, e longitudinalidade e coordenação da integração de cuidado obtiveram escore alto, porém limítrofe entre o baixo.
Já atributos como integralidade dos serviços disponíveis, integralidade dos serviços prestados, orientação familiar e orientação comunitária apresentaram escore alto, acima de 7,0, entretanto, ainda assim demonstram necessidades de intervenções, visto que o valor máximo é 10,0.
A avaliação da APS sob perspectiva dos profissionais promove um embasamento em relação à qualidade dos serviços prestados. Além disso, serve de subsídio para os gestores dos municípios da 5ª Regional de Saúde do Estado do Paraná, pois são destacadas as potencialidades e fragilidades. O uso da ferramenta PCATool-Brasil assegura um detalhamento da efetividade de cada atributo essencial e derivado, assim, as melhorias podem ser mais direcionadas e assertivas.


Referências
BRASIL. Manual do Instrumento de Avaliação da Atenção Primária à Saúde: PCATool-Brasil. Ministério da Saúde, 2020.
LEANDRO, S., et al. Avaliação da coordenação da atenção na perspectiva dos profissionais de saúde. Enfermagem em Foco, 8, 2017.
PUCCI, V. R., et al. Profissionais de saúde em serviços de Atenção Primária à Saúde: integralidade na saúde. Rev. APS, 22, 3, 660-681, 2021.
STARFIELD, B. Atenção primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. Brasília: UNESCO, Ministério da Saúde, 2002. 726 p.
LIMA, E. F. A., et al. Avaliação da Estratégia Saúde da Família na Perspectiva dos Profissionais de Saúde. EEAN, 2016.
MAIA, L. G., et al. A qualidade de serviços de atenção primária, a formação profissional e o PMM em uma região de saúde do sudoeste goiano. Rev Bras de Epidemiol, 23, 2020.
GOMES, M. F. P., et al. Avaliação da estratégia saúde da família no interior do estado de são paulo, brasil. Cad Saúde Colet, 2021.

Fonte(s) de financiamento: Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Estado do Paraná (FA); Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).


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