Roda de Conversa

04/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC9.1 - Desafios para a construção dos instrumentos de gestão do SUS

50451 - FACILIDADES, DIFICULDADES E POSSIBILIDADE DE CONSTRUÇÃO DA ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE NAS PRÁTICAS DE PLANEJAMENTO NA VISÃO DE TRABALHADORES DA SAÚDE DA FAMÍLIA
IGOR BRASIL DE ARAUJO - UNEB, GABRIELA ROMÃO DE ALMEIDA CARVALHO SANTOS - UNEB


Apresentação/Introdução
A Análise de Situação de Saúde é imprescindível para produção de informações e conhecimentos que orientem as ações em saúde coletiva, principalmente as ações da Estratégia Saúde da Família, pois possibilita a divulgação dos dados e do conhecimento construído, de modo a definir prioridades, alocar recursos, avaliar programas já implementados e fornecer subsídios para elaboração de políticas. Além disso, também representa uma ferramenta de suporte ao controle social conforme expande o acesso às informações levantadas e orienta a comunidade e os profissionais de saúde. . A ASIS inicia-se a partir do conhecimento da situação, sendo compreendida como um conjunto de problemas verificados, retratados e analisados sob a perspectiva de dado ator social. O problema pode ser entendido como algum aspecto fora dos padrões estabelecidos como normais para um ator social e por meio do conhecimento e da forma de agir do mesmo sobre dada situação, é possível determinar esses padrões.
Entretanto, a construção desta análise é um processo pouco priorizado e implementado nos movimentos de planejamento das intervenções de saúde da ESF, o que recai comumente na implementação do planejamento normativo.


Objetivos
Debater as facilidades, dificuldades e possibilidades de construção da análise de situação de saúde nas práticas de planejamento na visão de trabalhadores de uma Unidade de Saúde da Família

Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa do tipo estudo de caso, realizada numa USF de um bairro periférico de Salvador, selecionada por conveniência. Os participantes foram constituídos por 10 profissionais, sendo eles: 3 enfermeiras, 1 médico, 2 dentistas, 1 auxiliar de saúde bucal, 1 técnica de enfermagem, 1 Agente Comunitário de Saúde (ACS) e 1 nutricionista (NASF), incluídos na pesquisa os que estavam atuando na USF no período da coleta, da diversidade de categorias profissionais e foram excluídos do estudo profissionais que estavam gozando de férias ou licenças no período da coleta, ausentes da unidade.
Respeitou-se o critério de saturação teórico-empírico. Os dados foram coletados por meio de entrevista semiestruturada guiada por roteiro após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), e solicitado assinatura do TCLE. As entrevistas foram gravadas em aparelho eletrônico, transcritas e organizadas e categorizadas com o software NVIVO11. A análise dos dados foi realizada com base na Análise de Conteúdo.


Resultados e Discussão
O comprometimento e engajamento da equipe, quando ocorre, são destacados como facilidades para a realização da ASIS, evidenciando a importância do trabalho conjunto na abordagem eficaz da situação de saúde da população do território e contribuindo também para redução da sobrecarga das enfermeiras.Porém, a falta de interesse e engajamento dos profissionais é citada como uma dificuldade a ser trabalhada As falas também apontam para a relevância de uma gestão mais informada, preparada e comprometida para superar os desafios, indicando a necessidade de investimento na capacitação e suporte adequado aos gestores de unidades de saúde.
Outras dificuldades para a realização da ASIS são a sobrecarga de trabalho, a demanda reprimida, a falta de tempo, a defasagem de dados, as áreas descobertas, a pressão por quantitativo, a limitação de recursos humanos e desafios relacionados ao espaço físico e estrutura da unidade.
Os depoimentos ilustram um cenário complexo, no qual a falta de recursos, a alta demanda e a priorização da assistência comprometem a ASIS. A inadequação física das unidades não apenas limita as possibilidades de reuniões e planejamento, mas também impacta diretamente na prestação de serviços de qualidade. Foi possível identificar possibilidades como a presença dos estudantes das universidades, residentes da equipe multiprofissional e médica, a presença do NASF e os ACS.


Conclusões/Considerações finais
Ao se organizar os serviços de saúde com ênfase nas necessidades da população, eles podem ser mais eficientes, demonstrando uma maior habilidade para ouvir e atender às demandas de saúde. Para consolidar a ASIS, é necessário romper com a verticalidade das ações. Isso ocorre ao adotar posturas proativas de planejamento que se alinhem com a realidade do território e que resultem da interação entre os diversos atores envolvidos nesse processo. A visão dos trabalhadores da unidade de saúde da família estudada revela uma série de desafios e complexidades na realização da ASIS na prática cotidiana.
Apesar do reconhecimento da importância da ASIS para orientar ações, intervenções e políticas públicas de maneira mais informada e eficaz, as falas convergem para a incipiência ou inexistência da realização dessa prática e apontam dificuldades como a falta de tempo, sobrecarga de trabalho, problemas logísticos, deficiências nos sistemas de informação e falta de acesso a determinados sistemas, falta de engajamento e distribuição desigual de responsabilidades como obstáculos significativos.



Referências
BRASIL. Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial da União 2017; 21 set.
BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2012.

LIMA NETA, M.D.A; VASCONCELOS, M.I.O. Diagnóstico situacional de idosos com diabetes mellitus em um município do interior do Ceará, Brasil. Revista Brasileira Geriatra Gerontologia, v. 23, n. 1, p. e190286. 2020.

TEIXEIRA, C. F. Planejamento em saúde: conceitos, métodos e experiências. Salvador: EDUFBA; 2010.

SANTOS, P. T; BERTOLOZZI, M.R; HINO, P. Necessidades de saúde na atenção primária: percepção de profissionais que atuam na educação permanente. Acta paul. enferm; v. 23, n.6, p.788-95, 2010

Fonte(s) de financiamento: UNEB


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