Roda de Conversa

06/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC8.30 - Construindo o SUS através de uma perspectiva formativa

51831 - UM RELATO DE EXPERIÊNCIA ACERCA DA CONSTRUÇÃO DO I SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE PSICOLOGIA: INTERSECCIONALIDADES NA AMÉRICA LATINA NA UNESP DE ASSIS
ANA CAROLINA LOBO JARDIM - FCL ASSIS - UNESP, ANNA LAURA COSTARD DE SCATIMBURGO - FCL ASSIS - UNESP, RENATA DE OLIVEIRA SANTOS - FCL ASSIS -UNESP


Contextualização
O I Simpósio Internacional de Psicologia: Interseccionalidades na América Latina, foi um evento realizado em Assis, SP, organizado por discentes do Centro Acadêmico de Psicologia de Assis, Liga Interdisciplinar de Saúde e o Programa de Educação Tutorial; os docentes do curso de Psicologia; Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Centro de Pesquisa e Psicologia Aplicada (CPPA); Secretaria Municipal de Saúde; Conselho Regional de Psicologia (CRP); Comitê Local de Ação Cultural (CAC); Lapsivi; e os coletivos Instituto Zimbauê, PsicuQueer, Grupo DIs/Comunicação e Rede Trans de Assis.
O evento surgiu a partir da demanda das graduandas de ampliar os debates interseccionais, além da grade do curso, de forma a superar saberes e fazeres a-históricos, a-sociais e a-críticos. Tal demanda pode ser vista a partir da noção de uma alienação que afasta a Psicologia latinoamericana de sua realidade, apresentado por Baró (2017).
Assim, o Simpósio discutiu violências estruturais em uma noção de evitar uma hierarquização das lutas guiadas por uma estrutura que permanece ditada por preconceitos. Ademais, foram feitos debates abrangendo temáticas decoloniais, repensando paradigmas teóricos com a finalidade de contemplar o sofrimento psíquico latinoamericano além de, como Gomes (2012), pensar “Não mais a renovação restrita à teoria, mas aquela que cobra uma real relação teoria e prática.”(pp. 103).

Descrição da Experiência
Para sua construção, a organização se dividiu em cinco subcomissões, sendo estas de Infraestrutura, responsável pela organização do espaço do evento, a programação e disposição dos participantes; Científica, refere-se à subcomissão responsável por avaliar as apresentações de trabalho; Divulgação, tinha como finalidade a comunicação do Simpósio; Cultural foi encarregada de convidar as apresentações artístico-culturais; e Financeiro, foi criada com o objetivo de organizar as finanças do evento.
O financiamento veio por parte majoritária da Unesp, com os departamentos de Psicologia, o CPPA, a Pós-Graduação e o CAC ficando responsáveis por custear a viagem e estadia de grande parte dos convidados. Além disso, o CRP e a Secretaria Municipal de Saúde assumiram o subsídio de outros convidados. Ademais, além das reuniões semanais de cada subcomissão, a comissão organizadora se reunia ao longo do ano para debater as temáticas e a importância de seus impactos no ambiente acadêmico.

Objetivo e período de Realização
A construção do evento teve início no final de abril de 2023 e perdurou ao longo do ano, o encontro foi realizado do dia 06/11/2023 a 10/11/2023. Teve como objetivo discutir a relevância das interseccionalidades nos saberes da Psicologia, com uma visão transdisciplinar articulada com Movimentos Sociais e comunidade externa, pautada na decolonialidade, assumindo uma posição anticapitalista e retomando conhecimentos históricos além de produções contemporâneas que repensam paradigmas teóricos.

Resultados
Ao longo do evento, ocorreram mesas redondas com enfoque nas interseccionalidades latinoamericanas, que abarcavam temáticas de violência, geopolítica, políticas de saúde, vulnerabilidades, saberes trans, o SUS e populações indígenas, racialidade, educação, trabalho e sofrimento psíquico. Além disso, houveram espaços de atividades artístico-culturais, apresentações de trabalho e minicursos. Considerando a natureza transdisciplinar do evento, o mesmo contou com palestrantes das mais diversas áreas do conhecimento, de diversas localidades, assim como dos Movimentos Sociais.
Naturalmente, o evento também contou com adversidades, desde teorias dissonantes da proposta do evento, até comportamentos transfóbicos e racistas que foram prontamente questionados e apurados pela Comissão Organizadora.

Aprendizado e Análise Crítica
O Simpósio visou trazer diferentes perspectivas, pautadas na saúde coletiva, e na decolonialialidade, do que é visto durante a graduação, uma vez que as disciplinas ainda são, em grande parte, sustentadas por uma visão masculina, cisgênera, branca, heterossexual e classista. Dessa forma, o evento incentivou as discussões entre os diferentes agentes sociais, e descentralizou os debates da Psicologia, pois foi valorizada a interdisciplinaridade e as influências de diversos saberes e territórios na vivência dos sujeitos, enquanto ampliação da visão em saúde, que se faz também fora de estabelecimento convencionados.
Apesar disso, foram encontradas algumas dificuldades para que o evento ocorresse, devido ao fato de que contávamos, a princípio, apenas com coletivos estudantis, sem orientação de algum professor; depois de um tempo, o professor Paulo Navasconi, se ofereceu para ajudar as estudantes na estruturação do Simpósio. A princípio, foi dificultosa a escolha de palestrantes, uma vez que as integrantes divergiam em muitas ideias.
Após isso, ao juntar-se com a pós-graduação, foram encontradas também dificuldades quanto às graduandas serem ouvidas em suas propostas. Contudo, após algumas reuniões a graduação e a pós-graduação, puderam, com mais parcimônia, entender suas ideias, e construir conjuntamente o evento, em diálogo com a comunidade externa, interna e movimentos sociais.

Referências
BARÓ, M. O desafio popular à Psicologia Social na América Latina. In: Crítica e libertação na psicologia. Petrópolis: Vozes, 2017.
GOMES, N. L. Relações étnico-raciais, educação e descolonização dos currículos. Currículo sem Fronteiras, v.12, n.1, pp. 98-109, Jan/Abr 2012.


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