53372 - INSTRUMENTOS DE LITERACIA PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE: REVISÃO INTEGRATIVA DANIELE KNOPP RIBEIRO - UFJF, FÁBIO DA COSTA CARBOGIM - UFJF
Apresentação/Introdução A literacia em saúde pode ser definida como a abrangência complexa de fatores — habilidades e competências — pessoais, interpessoais e socialmente determinados, mobilizados para mediar a tradução das informações e estruturas sociais em conhecimentos para o cuidado¹. Ainda que não haja um consenso específico sobre o conceito de literacia em saúde para profissionais da saúde, sabe-se que seu desenvolvimento contribui significativamente para a capacidade de buscar, analisar e comunicar dados e informações sobre saúde, além de reduzir os custos dos sistemas de saúde². Existem diferentes níveis de literacia que deram origem a instrumentos de avaliação, majoritariamente, destinados à população em geral¹. No entanto, avaliar essa competência entre os profissionais de saúde exige instrumentos específicos e bem elaborados. Diante da crescente complexidade dos sistemas de saúde e da abundância de informações produzidas e circuladas, especialmente em um contexto digital, torna-se essencial aprofundar a discussão sobre a temática e os instrumentos utilizados globalmente para medir a literacia em saúde². Ao fazer isso, esperamos contribuir para a melhoria dos processos de formação e capacitação dos profissionais de saúde, fornecendo instrumentos de qualidade que auxiliem na qualificação do planejamento e do cuidado à saúde.
Objetivos O objetivo principal deste estudo é apresentar evidências disponíveis na literatura sobre instrumentos que analisam a literacia dos profissionais de saúde. Além disso, busca-se identificar o local de inserção dos participantes e a tendência geográfica de publicação.
Metodologia Trata-se de uma revisão integrativa, que utilizou o acrômio PCC (P: Profissionais de Saúde; C: Literacia em Saúde; C: Instrumentos) para elaborar a questão de pesquisa: quais são os instrumentos disponíveis para verificar a literacia dos profissionais de saúde? As seguintes fontes de estudo foram consultadas: Base de Dados em Enfermagem (BDENF), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), via Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Os critérios de inclusão foram: estudos primários, com estudantes e/ou profissionais de saúde, publicações disponíveis na íntegra, nos idiomas português, inglês e espanhol, sem delimitação de data, que utilizaram os descritores no título. Utilizaram-se descritores oficiais dos Descritores de Ciências em Saúde (DeCS), conectados pelos termos booleanos, além de termos alternativos: ((Health Literacy) OR (Letramento em Saúde) OR (Literacia em Saúde) OR (Alfabetização em Saúde) AND ((Health Personnel) OR (health professionals) OR (Pessoal de Saúde) OR (Profissionais de Saúde)). Após a busca, todas as citações identificadas foram agrupadas e carregadas no Rayyan.
Resultados e Discussão Entre os 97 artigos recuperados, 76 foram excluídos e não houve nenhuma duplicada. Dos artigos incluídos, o mais antigo foi publicado em 2013 e o mais atual 2024, sendo que 4 (19%) foram publicados em 2023. Verificou-se que 9 (42,8%) não nomearam o instrumento utilizado, os nomeados foram: Short Food Literacy Questionnaire (SFLQ-Br), Visual Literacy on Health Students and Professionals (VLS-HSP), All Aspects of Health Literacy Scale (AAHLS), Instrument Of Health Literacy Competencies (C-IOHLC), Organizational Health Literacy Self-Assessment Tool for Primary Care (OHL Self-AsseT), eHealth Literacy Scale (eHEALS), Staff eHealth Literacy Questionnaire (eHLQ), European Health Literacy Scale (HLS-EU-BR), COVID-19 related health literacy in healthcare professionals (HL-COV-HP), German Health Literacy Survey Questionnaire (HLS-EU-Q16), Health Literacy Questionnaire (HLQ-Br), Health Literacy Questionnaire (HLQ). Sobre a aplicação dos instrumentos, houve publicação proveniente da Europa (6; 28,5%), Ásia (5; 23,8%), América (5; 23,8%); África (3; 19,2%) e Oceania (2; 9,5%). Quanto ao local de inserção dos participantes, o hospital foi mencionado em 12 estudos, a Atenção Primária à Saúde em três, as universidades em cinco, e locais diversos, como congressos e clínicas especializadas, em dois. Um artigo não informou o local de coleta. É importante destacar que alguns estudos coletaram dados em mais de um local. Percebe-se que no Brasil os três estudos utilizaram instrumentos internacionais validados no país, sendo que apenas um teve como nível de aplicação a APS, no entanto, o instrumento foi focalizado para literacia alimentar. Os outros dois estudos, aplicaram em hospitais. Além disso, nenhum dos três instrumentos originalmente foram elaborados para profissionais de saúde.
Conclusões/Considerações finais A literacia em saúde pode ser uma estratégia eficaz para Educação na Saúde dos Profissionais. A atualidade da discussão é evidenciada pela tendência de publicação, e a diversidade de instrumentos sendo desenvolvidos e aplicados em sistemas de saúde ao redor do mundo. No entanto, não foram encontrados estudos de ampla abrangência no Brasil, nem instrumentos elaborados ao contexto dos profissionais de saúde atuantes no SUS. Sugerem-se novas pesquisas de revisão, com aplicação do escopo para confirmação da lacuna e elaboração de instrumentos nacionais que investiguem a literacia dos profissionais de saúde brasileiros.
Referências Peres F. Alfabetização, letramento ou literacia em saúde? Traduzindo e aplicando o conceito de health literacy no Brasil. Cien Saude Colet. 2023 May 12;28(5):1563-1573.
Purnat TD, Briand S, Nguyen T. Managing Infodemics in the 21st Century. Cham: Springer International Publishing; 2023.
Dantas HL de L, Costa CRB, Costa L de MC, Lúcio IML, Comassetto I. Como elaborar uma revisão integrativa: sistematização do método científico. Revista Recien. 2022 march 13;12(37):334-45.
Fonte(s) de financiamento: CAPES - bolsa doutorado
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