Roda de Conversa

06/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC8.29 - Qualificação da gestão e do cuidado pela formação

49440 - EDUCAÇÃO EM SAÚDE COMO INSTRUMENTO PARA A PREVENÇÃO DO CÂNCER DO COLO DO ÚTERO: EXPERIÊNCIA EM UMA USF DE MANAUS
DHARA TARGINO DE SOUZA CORRÊA - UEA, ISABELA CRISTINA DE MIRANDA GONCALVES - UEA, MOISÉS CORRÊA LOPES - UEA, MARIA LUIZA PEREIRA DOS SANTOS - UEA, ANDRÉ LUIZ MACHADO DAS NEVES - UEA


Contextualização
O câncer do colo do útero (CCU) é o terceiro tipo de câncer mais frequente em mulheres e ocupa a quarta posição de causas de morte feminina no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). O CCU está intimamente ligado a infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV), um vírus muito comum na população, estimando-se que 80% das mulheres sexualmente ativas irá contrai-lo ao longo da vida (INCA, 2023). O método de rastreamento preconizado pelo Ministérios da Saúde é através do exame citopatológico realizado na Atenção Primária a Saúde (APS), sendo um dos indicadores do programa “Previne Brasil”, o qual deve ser realizado na faixa etária de 25 a 64 anos de 3 em 3 anos, com exceções (Brasil, 2020). A detecção precoce por meio desse exame, popularmente denominado “preventivo”, é essencial, pois quanto mais cedo diagnosticado maior a possibilidade de cura e uma das ferramentas para atingir isso é a educação em saúde (INCA, 2023; Silva et al., 2023). Os altos índices de não realização do preventivo estão relacionados a diversos fatores, dentre eles a precariedade de informações e receios quanto a realização do exame e o resultado. Isto evidencia a necessidade de atividades educativas voltadas a temática, visto que a mulher munida de informações terá maior propensão ao autocuidado e a realizar o exame, desconstruindo os medos culturalmente atribuídos a ele (Silva et al., 2023).

Descrição da Experiência
A experiência se trata de ações de educação em saúde sobre o Março Lilás em alusão ao combate contra o CCU em uma Unidade de Saúde da Família (USF) da capital amazonense. As ações foram realizadas pelas enfermeiras da unidade em quatro dias alternados e repetidas de duas a três vezes ao dia nas salas de espera e corredores. A educação em saúde contou com a participação ativa dos usuários, totalizando 70 participantes, na sua maioria do sexo feminino, os quais sinalizavam com placas de verdadeiro e falso durante a dinâmica. Primeiramente, as enfermeiras se apresentavam, contextualizavam sobre o que é o Março Lilás, com dados epidemiológicos, frisando a importância do tema e sobre a relação do câncer com o HPV, após isso se iniciava o “jogo” em que a enfermeira falava uma frase afirmativa e os usuário levantavam a placa que consideravam correta e então era discutida a resposta explicando o porquê. Os tópicos abordados sequencialmente foram: relação do HPV com o câncer; formas de prevenção do câncer de colo de útero; diagnóstico precoce; como acontece o exame de coleta do citopatológico; e sinais e sintomas do câncer de colo de útero. Ao final eram esclarecidas as dúvidas, explanado os serviços ofertados e entregue um material educativo sobre o tema.

Objetivo e período de Realização
Relatar a experiência vivida durante a implementação de uma ação de educação em saúde sobre a temática de prevenção do câncer de colo de útero para mulheres usuárias de uma USF de Manaus no período de 08 a 29 de março de 2024.

Resultados
A experiência na implementação de uma ação educativa permitiu compreender que há maior foco de atenção no conteúdo e engajamento quando o usuário faz parte do processo e não só ouve. Identificou-se também alguns tabus que permeiam o saber popular e como a opinião alheia pode influenciar, já que muitas pessoas mudavam de placa quando a da maioria era diferente da sua. Também se percebeu que cada grupo de pessoas apresentava reações distintas, em alguns houve mais dúvidas, relatos de casos e maior interação, já outros se mostravam menos interessados e participativos, principalmente homens e mulheres mais jovens. Uma limitação encontrada foi a interrupção das falas pelo agito e vozerio dos corredores. Outro ponto a destacar foi a formação de vínculo com a unidade, por proporcionar um momento de diálogo e acolhimento coletivo, ainda mais nesse caso em que as enfermeiras eram recém-chegadas a unidade, e puderam ter um contato maior com os usuários e vice-versa. Com as dúvidas sanadas e o vínculo fortalecido, percebeu-se a maior aceitação e interesse, por parte das usuárias, em realizar o preventivo, criando a demanda espontânea para um serviço tão essencial no cuidado integral da mulher.

Aprendizado e Análise Crítica
Nas estimativas do INCA (2022), a região Norte é a que apresenta maior taxa de incidência bruta de CCU, sendo o estado do Amazonas o de maior taxa, o que se repete nos dados sobre mortalidade, pois a região Norte também lidera essa taxa e com tendência de crescimento, ocupando a primeira causa de morte feminina. Em contra ponto, a região Norte se destacou positivamente no indicador de aumento da realização da coleta do exame citopatológico, apresentando a maior taxa de progressão. O estudo de revisão integrativa de Silva et al. (2023), constatou que as práticas educativas voltadas para o CCU que possuem maior efeito no aumento da procura pelo rastreamento são as realizadas frente a frente com o público, abrindo espaço para dúvidas e esclarecendo os serviços ofertados, o que corrobora com este relato. Essa grande incidência de CCU, considerada um problema de saúde pública, é consequência da defasagem de informações sobre os fatores de risco e de prevenção dessa patologia entre as mulheres, pois retardam o diagnóstico e dificultam o tratamento efetivo (Silva et al., 2023). Por tanto, a prática educativa coletiva em saúde, por meio de dinâmicas simples e funcionais, permitiu reafirmar os conhecimentos prévios dos participantes e inserir outros, construindo assim novos saberes, que possibilitaram a promoção do autocuidado na busca pelo rastreamento do CCU.

Referências
Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção Primária à Saúde, Departamento de Saúde da Família. Nota Técnica nº 5/2020. Disponível em: https://egestorab.saude.gov.br/image/?file=20200204_N_SEIMS-0013327270-NotaTecnicaIndicadores_3604088260565235807.pdf Acesso em: 25 mai. 2024.
INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (Brasil). Câncer do colo do útero. Rio de Janeiro: INCA, 2022 .Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tipos/colo-do-utero. Acesso em: 24 mai. 2024.
INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (Brasil). Estimativa 2023: incidência do Câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/inca/ptbr/assuntos/cancer/numeros/estimativa Acesso em: 24 mai. 2024.
SILVA, D. M. et al. Educação em saúde como forma de prevenção do câncer do colo do útero. Brazilian Journal of Science, v. 2, n. 4, p. 1–14, 20 jan. 2023. DOI:10.14295/bjs.v2i4.284. Acesso em: 24 mai. 2024


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