Roda de Conversa

06/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC8.26 - Comunicação e o poder das histórias no SUS

53688 - COMUNICAÇÃO INTERPROFISSIONAL SOB A ÓTICA DE FONOAUDIÓLOGOS ATUANTES NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
JOSÉ AVELINO DE SOUZA NETO - IMIP, LUCIANA FIGUEIREDO DE OLIVEIRA - UFPB, TALITHA RODRIGUES RIBEIRO FERNANDES PESSOA - UFPB, JANAÍNA VON SÖHSTEN TRIGUEIRO - UFPB


Apresentação/Introdução
A interprofissionalidade é definida como o trabalho conjunto entre profissionais de diferentes áreas de formação que explora a troca de conhecimentos a partir de aspectos colaborativos e de comunicação. Estimular e favorecer a comunicação interprofissional (CIP) em estabelecimentos de saúde é primordial para que ocorra a troca de saberes, relação e reconhecimento do outro, favorecendo a assistência à saúde em todos os níveis de atenção, gerando benefícios direta e indiretamente, assim como um ambiente mais seguro e humanizado. Acredita-se que a boa comunicação em equipe, voltada ao cuidado em saúde reduz erros e riscos para o paciente, propiciando assim um diagnóstico e prognóstico mais assertivos (Brasil, 2014; Peduzzi et al., 2020; Olino et al., 2019; Coifman et al., 2021). Embora a Fonoaudiologia seja uma ciência que se relaciona com a comunicação e suas vertentes, são poucos os estudos que abrangem a participação da Fonoaudiologia em Práticas Interprofissionais Colaborativas, e sua contribuição para melhorar a CIP.(Coifman et al., 2021; Ferigollo; Kessler, 2017).

Objetivos
Discutir as potencialidades e fragilidades da CIP na Atenção Primária à Saúde na percepção de fonoaudiólogos

Metodologia
Pesquisa exploratória, descritiva com abordagem qualitativa, realizada entre os meses de julho e setembro de 2023, tendo como amostra seis fonoaudiólogos que atenderam os seguintes critérios de inclusão: atuar tanto na parte assistencial quanto na gerencial, incluindo os residentes. Foram excluídos os que estavam de férias, de licença saúde ou maternidade no momento da coleta de dados. O acesso aos participantes da pesquisa se deu via contato com a gerência dos cinco Distritos Sanitários do município. Após agendamento prévio, os profissionais participaram de uma entrevista semiestruturada a partir de um roteiro elaborado especificamente para o estudo. As entrevistas foram gravadas, transcritas e analisadas a partir da Análise de Conteúdo, na modalidade temática, proposta por Bardin. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição proponente, com o parecer nº 6.151.776.

Resultados e Discussão
Em relação às potencialidades da CIP, os fonoaudiólogos elencaram diversas condutas que direta e/ou indiretamente favorecem a aplicação da CIP em seu cotidiano de trabalho como fonoaudiólogo atuante na APS, como pode ser observado por meio do trecho: “Com relação às potencialidades eu acho que é exatamente essa troca de saberes entre uma profissão e outra. Uma área e outra que eu acho que é altamente rica, né? Porque a gente vai fazer essa troca e o paciente é quem ganha, né? Com essas trocas, e aí que eu acho que ele é realmente tratado de forma integral e não fragmentada. (FON05”)
Em contrapartida, os entrevistados também destacaram em suas falas as principais dificuldades para aplicação da CIP. Tais dificuldades como déficit no relacionamento interpessoal e falhas na própria comunicação entre os profissionais das Unidades, sendo esses, fatores que interferem negativamente na CIP. “... essa questão do médico centrar muito ainda, né? Ainda está muito dentro dessa visão. E na unidade não é agendado um dia para essas consultas interprofissionais, e eu acho que a gente já deu até essa sugestão porque como os médicos têm uma gama muito grande de atendimento às vezes não dá pra abarcar, então é o tempo das consultas deles, eles preferem que seja o mínimo, né? E que isso seja feito, de uma forma separada, então assim, eu acho que deveria ter sim um horário específico, um dia específico para essas consultas interprofissionais. (FON05)”
Diante do exposto pelos profissionais, é notório que existem inúmeros fatores que podem vir a favorecer e dificultar a aplicabilidade da CIP, não só na APS, mas em qualquer campo que seja necessária à sua utilização, sendo importante que exista uma visão mais abrangente para favorecer as potencialidades e minimizar as dificuldades.



Conclusões/Considerações finais
Os fonoaudiólogos atuantes na APS, de modo geral, reconhecem o que é a CIP e sua importância no cotidiano de trabalho e atendimento ao indivíduo e comunidade. Todavia, a CIP ainda é muito fragilizada, sobretudo pela dificuldade dos próprios profissionais em compartilharem informações e saberes entre si. Nesse contexto, destaca-se a falta de relacionamento dos profissionais de núcleos distintos, a problemática dos atendimentos por produção trazendo à tona a sobrecarga de trabalho e a falta de políticas e ações efetivas Assim, a CIP dentro das equipes de saúde se faz cada vez mais importante em todos os níveis de atenção. Porém, pesquisas referem que os profissionais de saúde estão envoltos por constantes problemas no que se enquadra a CIP e que, podem afetar de certa forma na qualidade e continuidade do trabalho em equipe.

Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Documento de referência para o Programa Nacional de Segurança do Paciente. Fundação Oswaldo Cruz. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: Ministério da Saúde, 2014
PEDUZZI M, et al. TRABALHO EM EQUIPE: UMA REVISITA AO CONCEITO E A SEUS DESDOBRAMENTOS NO TRABALHO INTERPROFISSIONAL. Trabalho, Educação e Saúde, v. 18, n. suppl 1, 2020.

OLINO L, et al. Comunicação efetiva para a segurança do paciente: nota de transferência e Modified Early Warning Score. Revista Gaúcha de Enfermagem, v. 40, n. spe, 2019.

COIFMAN AHM, et al. Comunicação interprofissional em unidade de emergência: estudo de caso. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 55, 28 jul. 2021.

BROCA PV, FERREIR MA. Communication process in the nursing teama based on the dialogue between Berlo and King. Escola Anna Nery - Revista de Enfermagem, v. 19, n. 3, 2015.

Fonte(s) de financiamento: não se aplica


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