Roda de Conversa

06/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC8.26 - Comunicação e o poder das histórias no SUS

53307 - ITINERÁRIOS DE UMA MESTRANDA DE SAÚDE COLETIVA EM COMUNIDADE RIBEIRINHA AMAZÔNICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
LARISSA MARIA REGIS DA SILVA - UEA, CARLA RAFAELA GOMES DA SILVA - UEA, ANDRÉ LUIZ MACHADO DAS NEVES - UEA, SOCORRO DE FÁTIMA MORAES NINA - UEA, ANGELA XAVIER MONTEIRO - UEA


Contextualização
A região amazônica apresenta uma realidade particular diretamente influenciada pelos ciclos das águas. Suas populações costumam organizar-se pelas épocas de enchentes e vazantes dos rios, de modo que os arranjos de vida no que concerne às questões de saneamento básico, habitação, renda e trabalho, educação e saúde são impactados. Pode-se dizer que as implicações são observadas de maneira mais evidente nas populações rurais ribeirinhas, povos tradicionais que residem nas margens dos rios. No campo da Saúde Coletiva, especialmente quando se fala em planejamento e gestão, avalia-se a sazonalidade da subida e descida das águas para entender os modos de fazer saúde nestes territórios. A prevalência de determinadas doenças e o acesso aos serviços de saúde são pontos fundamentais a serem ponderados quando se objetiva garantir políticas de saúde adequadas às populações amazônicas. Durante as longas cheias, os ribeirinhos desenvolvem dinâmicas de adaptação de suas moradias, porém ainda sofrem com fatores de vulnerabilização: a ausência de solo disponível para sua plantação, além de inadequado saneamento básico. Já nos períodos de seca, o solo sem a fertilização das águas dificulta também sua produção agrícola seja ela de subsistência ou para comercialização.

Processo de escolha do tema e de produção da obra
No Mestrado em Saúde Coletiva da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), há a proposta de realizar estudos voltados à realidade amazônica, onde os discentes são estimulados a imergir em campo através dos projetos de pesquisa e extensão, para que se possa entender, pensar e discorrer sobre práticas que promovam uma saúde de qualidade a estas populações.

Objetivo e período de Realização
Neste contexto, propõe-se relatar a experiência do itinerário de uma mestranda do curso de Saúde Coletiva da UEA, em comunidade ribeirinha na cheia e na seca amazônica. Assim, as visitas ocorreram no período de junho de 2023 a maio de 2024, com o propósito de conhecer a comunidade, bem como estabelecer vínculo com seus residentes previamente ao início da aplicação da pesquisa científica objeto da dissertação da mestranda.

Descrição da Produção
As visitas ocorreram na Comunidade Nossa Senhora do Livramento, que fica localizada na região rural da cidade de Manaus (Amazonas), à margem direita do igarapé Tarumã Mirim, distando em linha reta 7 km da capital. É uma das seis comunidades da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Tupé́, sendo a maior em densidade populacional. RDS é a área natural onde residem populações tradicionais, associando sua existência à sustentabilidade de uso dos recursos naturais. A RDS do Tupé fica situada no Corredor Central da Amazônia, na Bacia do Rio Negro e pertence administrativamente à zona rural da cidade de Manaus. Conforme descrito na sua portaria de criação, apresenta o objetivo de preservar a natureza e assegurar meios para melhoria e qualidade de vida, bem como a exploração dos recursos naturais das populações tradicionais, valorizando também seus conhecimentos. Nota-se que na Amazônia, em geral, há dois períodos, que ditados pela chuva são chamados de: inverno (chuvoso) e verão (seco).

Análise crítica da obra
O itinerário varia com relação ao percurso, tempo e transporte, conforme o período em que se encontra o nível dos rios na região Amazônica. Estima-se 25 minutos para o nível das águas adequado ao trajeto da embarcação do tipo voadeira e 70 minutos quando há a estiagem, utilizando-se para a viagem dois tipos de transporte, rabeta e canoa. Este ir e vir demanda a capacidade de pagamento, bem como, no caso da época de seca, a possibilidade de caminhada a pé, tanto para a chegada ao porto improvisado, quanto à sede da comunidade. Tais pontos nos tomam olhar mais atento às questões de acesso e acessibilidade no que concerne ao fazer pesquisa e planejar saúde nesta região. A experiência vivida como mestranda em Saúde Coletiva demonstra a necessidade de avaliação das especificidades da região Amazônica sobre seus desafios e potencialidades. Realizar pesquisas neste território líquido requer muito mais do que apenas explanar sobre os aspectos geográficos desta terra, mas também o engajamento de se aventurar em águas rasas e profundas, para só então conseguir dimensionar as realidades enfrentadas pelos povos ribeirinhos que aqui residem. Desta forma, é possível planejar ações e práticas de saúde adequadas à localidade e que verdadeiramente valorizem as populações tradicionais.


Referências
Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=b3XwoFDoKrg

Amazonas Moreno · Raízes Caboclas · Osmar Oliveira · Celdo Braga Cantos da Floresta ℗ Raízes Caboclas: https://www.youtube.com/watch?v=Ke0_pe6CkBw


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