Roda de Conversa

06/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC8.26 - Comunicação e o poder das histórias no SUS

49012 - A COMUNICAÇÃO NA FORMAÇÃO ESPECIALIZADA EM SAÚDE: PERCEPÇÕES DE EGRESSOS DE RESIDÊNCIAS NO BRASIL
IRENE ROCHA KALIL - INSTITUTO DE COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA EM SAÚDE, ADRIANA CAVALCANTI DE AGUIAR - INSTITUTO DE COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA EM SAÚDE


Apresentação/Introdução
Na construção de práticas de comunicação alinhadas com os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), importantes avanços aconteceram com a homologação das primeiras Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para cursos da área da saúde (Brasil, 2001). A Comunicação aparece como competência comum de egressos nos cursos de graduação. Na obtenção de certificação para atuar como especialistas, a comunicação também vem sendo estudada. Nosso estudo nacional com egressos de residências médicas e em área profissional abordou a satisfação com as oportunidades que tiveram de aprimorar a comunicação com pacientes e equipes.


Objetivos
O trabalho objetivou problematizar percepções e experiências dos egressos de residências em saúde no Brasil acerca da aprendizagem de habilidades de comunicação junto a pacientes e membros das equipes multiprofissionais.


Metodologia
A pesquisa, multimétodos, coletou dados quantitativos de 1260 questionários eletrônicos autoaplicáveis respondidos por egressos de quaisquer residências. O instrumento incluiu perguntas de múltiplas respostas e de escala de valores tipo likert, além de duas perguntas abertas. A comunicação foi abordada em três questões, nas quais o egresso deveria assinalar seu grau de concordância sobre as afirmativas: “Eu considero que minha residência me preparou para comunicar-me adequadamente com pacientes e familiares”, “Eu considero que minha residência me preparou para comunicar-me adequadamente com os membros das equipes de saúde” e, em relação às oportunidades durante a residência, “Desenvolvi habilidades de comunicação”. A análise trabalhou com informações dicotomizadas, agrupando percepções positivas (concordo inteiramente e parcialmente) e negativas (discordo parcialmente e inteiramente), e utilizou modelos de regressão logística para comparar covariáveis potencialmente confundidoras: tipo de residência (médica, multi ou uniprofissional), tempo de formação (Grupo 1: – 2013 ou antes; Grupo 2: entre 2014 e 2019; e Grupo 3: - 2020 a 2023) e sexo. Foi calculado o oddsratio ajustado.


Resultados e Discussão
Na percepção sobre o aprendizado da comunicação com pacientes e familiares, os egressos do Grupo 1 manifestaram menor grau de concordância do que os egressos do Grupo 2 (OR=0.54/IC 0.31/0.96); egressos de RUP (OR= 3.67/IC 1.30;10.38) e de RMP (OR=2.70/IC 1.56;4.69) manifestaram maior concordância que os da RM; e mulheres manifestaram maior concordância que homens (OR=0.59/IC 0.38; 0.93).
Acerca da comunicação com membros das equipes de saúde, os egressos de RMP manifestaram maior concordância do que os egressos de RM (OR=2.077/IC 1.23;3.50); não havendo diferença estatisticamente significativa por tempo de formação ou sexo.
Sobre oportunidades que a residência tenha oferecido ao respondente, o Grupo 3 (OR=0.49/IC 0.26; 0.93 [Gr1 x Gr 3]) e o Grupo 2 (OR=0.49/IC 0.25;0.97 [Gr1xG2]) referiram maior concordância do que os egressos do Grupo 1; os egressos de RMP mostraram cerca de três vezes mais concordância quando comparados aos egressos da RM (OR=3.33/IC1.686;6.63) e os egressos da RUP se mostraram cerca de duas vezes mais concordantes do que os egressos da RM (OR=2.23/ IC 0.866;5.83). Não se observou evidência de diferença estatística entre os sexos.
Segundo os dados, egressos mais recentes têm maior concordância em relação à preparação para a comunicação com pacientes e familiares, e com membros das equipes, o que decorreria da crescente incorporação do ensino de tais elementos nos currículos; e que, também quanto às oportunidades para desenvolvimento da comunicação, egressos de RUP e RMP tendem a concordar mais do que os de RM. Mulheres manifestaram maior concordância com a preparação para comunicação em comparação com homens, o que pode estar relacionado ao fato de, culturalmente, serem educadas para trocas de informações verbais, para escuta, acolhimento e empatia.



Conclusões/Considerações finais
Os resultados da análise dos dados revelaram uma tendência consistente de concordância entre os residentes em relação às diferentes afirmações, que pode ser interpretada como um indicativo positivo do alinhamento das percepções dos residentes em relação às competências e práticas profissionais. No entanto, devido às diferenças com relação aos tipos de residência e ao sexo dos respondentes, consideramos necessário problematizar a ideia de que a comunicação vem sendo suficiente, ampla e profundamente abordada no currículo das diversas residências em saúde, frisando que, muito além de instrumento, técnica ou ferramenta, ela deve ser compreendida como estruturante das práticas de saúde, atuando em direção ao cuidado integral, como preconizado no ideário do SUS.


Referências
Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Superior. Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina. 2001. Disponível em: . Acesso em: 11 mar. 2024.

Fonte(s) de financiamento: Ministério da Saúde


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