Roda de Conversa

06/11/2024 - 08:30 - 10:00
RC8.25 - Vigilancia e Promoção no SUS

51995 - EXPERIÊNCIA DE FORMAÇÃO LOCAL SOBRE FERRAMENTA INOVADORA DA FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, EM 2023, NA VIGILÂNCIA DE DOENÇAS SILVESTRES EM ANIMAIS E PESSOAS.
FABÍOLA MARIA DE GIRÃO LIMA - CERESTA/SESA/CE, FRANCISCA SAMYA SILVA DE FREITAS - COADS/SRLES/SESA-CE, ROSIMARY DA SILVA BARBOSA - SESA/CE/OPAS


Contextualização
O Sistema de Informação em Saúde Silvestre - SISS-Geo, da Fundação Oswaldo Cruz, foi desenvolvido pela Plataforma Institucional Biodiversidade e Saúde Silvestre, e Laboratório Nacional de Computação Científica. É gratuito, disponível em smartphones e na web para monitorar a saúde dos animais silvestres em ambientes natural rural e urbano. Seus registros são abertos, os dados georreferenciados e disponíveis a gestores da saúde, ambientais, pesquisadores e instituições. Portanto, em tempo real emite modelos de previsão de emergências zoonóticas. Entre outras funções, o SISS-Geo trabalha como base para monitorar focos de febre amarela (FA) a partir da observação de epizootias em primatas não humanos - animais sentinela. Possibilita o conhecimento de novos focos, a avaliação de risco regional, permite ampliar a sensibilidade da vigilância em episódios de importância epidemiológica. Assim, o Ministério da Saúde, Fiocruz e Secretaria da Saúde do Ceará, em 2023, promoveram em Fortaleza/CE uma oficina de formação para multiplicadores regionais do SISS-Geo. Estiveram presentes técnicas da Região Litoral Leste Jaguaribe que difundiram o conhecimento a novos formadores locais, na busca de ampliar a vigilância regional, melhorar a sensibilidade para detecção precoce da FA, outras arboviroses e zoonoses, e mapear áreas de ocorrência com uma ferramenta adicional, útil na tomada de decisão.

Descrição da Experiência
No território da Região de Saúde Litoral Leste Jaguaribe (SRLES) duas profissionais responsabilizaram-se pelo planejamento e execução de três oficinas de formação em vigilância da Febre Amarela e no Sistema de Informação em Saúde Silvestre, para multiplicadores locais de vinte municípios do Ceará. Enviou-se ofício aos gestores da saúde ofertando vagas para: veterinário, coordenador/supervisor de endemias e zoonoses das Áreas Descentralizadas de Saúde (ADS) de Aracati, Russas e Limoeiro do Norte. Os critérios foram: atuar em campo, multiplicar no território, ser hábil em sistemas de informação e tecnologias, e não estar próximo a aposentadoria. A equipe reservou datas e espaços de realização; criou grupo de mensagem para socialização de informações; elaborou o material de exposição e metodologia da prática de campo. Foram entregues o “Termo e Condições de Uso do Sistema” e orientação sobre o login institucional. As oficinas ocorreram em setembro e outubro de 2023, com o acolhimento do público alvo, exposição dialogada, projeção de vídeos sobre epidemiologia e vigilância da febre amarela. Abordaram a estratégia, objetivos e funcionalidades da plataforma com sua exploração via web. Houve a prática do aplicativo no celular com testes de dados fictícios por meio do registro de animais silvestres simulados em fotos. Concluíam-se com a avaliação oral dos participantes.

Objetivo e período de Realização
Descrever oficinas de formação, realizadas de setembro a outubro de 2023, para multiplicadores da Região de Saúde do Litoral Leste Jaguaribe/CE, na plataforma Sistema de Informação em Saúde Silvestre (SISS-Geo) da Fundação Oswaldo Cruz, para ampliar e melhorar a detecção precoce da febre amarela, outras arboviroses e zoonoses, mapear e monitorar áreas de risco.

Resultados
No período de setembro a outubro de 2023 foram capacitados 54 técnicos dos municípios da SRLES-CE. Esses técnicos pactuaram treinar os Agentes de Controle de Endemias, Agentes Comunitários de Saúde e outros profissionais, da agricultura e meio ambiente. A formação realizou-se por Área Descentralizada de Sáude nos municípios sede, sendo a primeira turma em Aracati em 19/09/23, seguida de Russas em 21/09/23 e Limoeiro do Norte em 31/10/23. Obteve-se participação de 100% dos municípios da ADS Aracati (Aracati, Fortim, Icapuí e Itaiçaba), 100% da ADS Russas (Jaguaretama, Jaguaruana, Morada Nova, Palhano e Russas) e 82% da ADS Limoeiro do Norte (Ereré, Jaguaribara, Jaguaribe, Limoeiro do Norte, Pereiro, Potiretama, Quixeré, São João do Jaguaribe e Tabuleiro). Assim, totalizou-se 90% dos municípios. Dos participantes 29,6% eram coordenadores, 20,3% ACEs, 16,7% Supervisores, 14,8% médicos veterinários e 18,5% outras categorias. Realizou-se o cadastro institucional das três Coordenadorias para acesso aos registros no SISS-Geo. Houve atualização dos conhecimentos sobre vigilância da FA para apoio na investigação de ocorrência, e outras doenças que podem acometer pessoas e animais.

Aprendizado e Análise Crítica
As oficinas atentaram para as competências, habilidades e atitudes para os participantes. Houve interesse e envolvimento com o aprendizado da temática durante as aulas teóricas e práticas chegando à compreensão e funcionamento, cadastro e relatório de dados do aplicativo em questão. Além da febre amarela, identificou-se que a ferramenta também pode ser útil no monitoramento da raiva, doença epizoótica na Região. Nas as oficinas, observou-se ainda desafios como a limitação de alguns celulares quanto à capacidade para instalação do aplicativo. O fato do smartphone ser pessoal também pode comprometer a viabilidade da utilização do Sistema de Informação na vigilância dos municípios. Destaca-se que a abordagem utilizada priorizou o campo da saúde coletiva, corroborando com a saúde única, uma vez que a identificação de epizootias em determinadas áreas, proporciona um olhar ampliado para as mudanças ambientais, influenciando direta ou indiretamente na saúde humana. As oficinas também colaboraram com a atuação gestora para tomada de decisão tornar-se mais eficiente e diretiva. Diante do exposto, sugere-se estratégias de incentivo técnico-pedagógicas oportunas e importantes para apoiar os multiplicadores nas formações descentralizadas em seus territórios.

Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de vigilância epidemiológica de febre amarela. Brasília; 2004. 63 p.
_______. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Manual de vigilância de epizootias em primatas não-humanos. Brasília; 2005. 56 p. (Série A. Normas e Manuais Técnicos).
TAUIL, P. L.. Aspectos críticos do controle da febre amarela no Brasil. Revista de Saúde Pública, v. 44, n. 3, p. 555–558, jun. 2010.
Projeto Sistema de Informação em Saúde Silvestre. Disponível em: https://www.sibbr.gov.br/cienciacidada/sissgeo.html. Acesso em: 27 maio 2024.
Conheça o SISS Geo, Sistema de Informação em Saúde Silvestre. Disponível em: https://sissgeo.lncc.br/apresentacao.xhtml. Acesso em: 27 maio 2024.


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