49996 - A EXPERIÊNCIA DE RESIDENTES NA VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA HOSPITALAR EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO LUCILENE RAFAEL AGUIAR - CISAM; FENSG/UPE, RAQUEL DA SILVA MENEZES - CISAM; FENSG/UPE, YASMIN BEZERRA RIBEIRO - CISAM; FENSG/UPE, RAFAELLA SATVA DE MELO LOPES GUEDES - CISAM/UPE, MARIA DA CONCEIÇÃO NIBBERING - CISAM/UPE, ANDRÉA CONCEIÇÃO GOMES DE SOUZA - CISAM/UPE
Contextualização Instituída em âmbito nacional pelo Ministério da Saúde, através da Portaria MS 2.529/2004, a Vigilância epidemiológica hospitalar (VEH) é uma importante fonte de detecção, notificação e investigação das doenças notificáveis para obtenção de dados epidemiológicos. Dentre as atribuições relacionadas a este serviço, destacam-se: a detecção de Doenças de notificação compulsória (DNC); registros de eventos vitais (nascimento e óbito); investigação dos óbitos infantis e materno; alimentação dos sistemas de informação em saúde; produção de informação para o planejamento, assessoria, monitoramento e avaliação; participação na formação de estagiários, residentes e na educação continuada de profissionais, dentre outras. As Residências em Área Profissional caracterizam-se como curso de especialização em área específica embasada nos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), com qualificação para atuação nos diferentes contextos profissionais. Através do ensino em serviço, objetiva a habilitação prática e teórica dos futuros especialistas, tendo sido implantada como eixo educacional nos hospitais universitários de vários estados brasileiros. Como parte primordial desse cenário de especialização profissional em saúde, a VEH exerce influência notória na formação dos residentes em saúde por meio do envolvimento integral nas ações e rotinas do serviço.
Descrição da Experiência Trata-se de um relato de experiência de natureza descritiva acerca das vivências de residentes em enfermagem obstétrica em um Hospital Universitário de Alto Risco no Recife, no setor de Vigilância Epidemiológica Hospitalar. A vivência ampliou o conhecimento das normativas governamentais que regem a saúde pública e a compreensão das ações de notificação, investigação e registros das doenças, agravos e eventos desenvolvidos em um serviço de referência no pré-natal de alto risco, parto e casos de violência contra mulher. Dentre as ações desenvolvidas, destacam-se: identificação e notificação das DNC na gestante e no recém-nascido (RN) e o registro no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN); emissão da Declaração de Nascido Vivo (DNV), com a identificação de aspectos físicos, de vitalidade e alterações congênitas no RN, além de aspectos socioeconômico e assistência no pré-natal e parto, com registro no Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC); registro do óbito por meio da Declaração de Óbito (DO) e digitação no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). O óbito materno-infantil é alvo de investigação obrigatória, com discussão dos casos em comitês que avaliam as causas de óbito. A formação técnica ocorreu por meio da participação em webnário, debates e seminário, visando fortalecer a integração do serviço com a formação do residente
Objetivo e período de Realização Relatar a experiência de residentes em Enfermagem Obstétrica durante rodízio no setor da Vigilância Epidemiológica de um Hospital Universitário. A vivência ocorreu no período de março/abril de 2024 no Centro Universitário de Saúde Amaury de Medeiros (CISAM/UPE), que compõe o Complexo Hospitalar da Universidade de Pernambuco.
Resultados Constatou-se que a Epidemiologia é indispensável na formação e no trabalho da enfermagem, fundamentando a teoria e prática para a interpretação do cenário clínico-epidemiológico e dos modelos de saúde vigentes no SUS. Nas atividades vivenciadas destacam-se a importância da notificação de agravos e doenças de interesse público, o monitoramento de surtos, a emissão das DNV e DO, a investigação de óbito materno-infantil e o registro nos Sistemas de Informação em Saúde. Tais ações são a base para identificar a causas de morbimortalidade. A busca ativa nos setores hospitalares apresentou-se como uma das principais estratégias para captação de dados e o prontuário eletrônico a fonte primária de informação. O cenário epidemiológico local e nacional, e os problemas de processo de trabalho interno foram colocados como alvo dos temas de discussão e de estudo.
Aprendizado e Análise Crítica As atividades da VEH mostraram-se relevantes para a formação em saúde pública com a abordagem epidemiológica de análise de situação de saúde, indispensáveis na formação técnico-científica de residentes. Pode-se destacar o aprendizado referente à alimentação de dados nos Sistemas de Informação em Saúde (SINAN, SINASC e SIM) e à investigação dos óbitos materno-infantis. A experiência contribuiu para ampliar a visão na identificação de problemas e na proposição de mudanças com base em dados mensuráveis que refletem as necessidades de saúde da população. Os desafios identificados foram a qualidade das informações registradas nos prontuários, a socialização do conhecimento técnico-científico, a adesão dos profissionais na notificação e no fluxo de trabalho da VEH e a inserção da temática epidemiológica em todos os programas de residência. A inclusão de práticas em setores onde os residentes entram em contato direto com as fontes de dados epidemiológicos dos órgãos de gestão do SUS configuram-se como práticas fortalecedora para a atuação profissional e desenvolvimento. Atuar em um serviço como a vigilância epidemiológica contribui na compreensão da formulação das políticas públicas, considerando que elas surgem através de embasamento científico e estatístico proveniente das fontes de dados alimentados diariamente pelas equipes que atuam neste serviço.
Referências Blanco VM, Leonello VM, Souza CM da S, Vasconcelos RO, Agreli HF. Residências em saúde em hospital universitário: cenário potente de formação para a prática colaborativa interprofissional. Interface (Botucatu) 2023;27:e220320.
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria MS 2.529/2004. Disponível em: https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=228556
Brasil. Ministério da saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Guia de Vigilância Epidemiológica. 7. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/svsa/vigilancia/guia-de-vigilancia-em-saude-volume-1-6a-edicao
Chaves MMN, Medeiros ARP, Larocca LM, Peres AM. Saberes Instrumentais e ideológicos no processo de trabalho de enfermeiros na vigilância epidemiológica hospitalar. Cienc Cuid Saude 2015 Abr/Jun; 14(2):1091-1096
Fonte(s) de financiamento: Não tem
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