49962 - A EXPERIÊNCIA DA VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA HOSPITALAR NA FORMAÇÃO DE RESIDENTES DE SAÚDE NA PRÁTICA DE NOTIFICAÇÃO LUCILENE RAFAEL AGUIAR - CISAM; FENSG/UPE, DÉBORA VALÉRIA DE OLIVEIRA TORRES - CISAM; UPE, NATÁLIA VITÓRIA DOS SANTOS - CISAM; UPE, RAFAELLA SATVA DE MELO LOPES GUEDES - CISAM, MARIA DA CONCEIÇÃO NIBBERING - CISAM, ANDRÉA CONCEIÇÃO GOMES DE SOUZA - CISAM
Contextualização A Vigilância Epidemiológica Hospitalar (VEH) visa detectar e investigar doenças de notificação compulsória (DNC) tratadas em hospitais. O Subsistema Nacional de Vigilância Epidemiológica Hospitalar, estabelecido pela Portaria MS nº 2.529/2004, criou 190 núcleos hospitalares de epidemiologia em hospitais de referência no Brasil. Esse sistema aprimora a vigilância das DNC, permitindo medidas de controle no âmbito hospitalar e pela gestão governamental. Avaliar o perfil dos atendimentos e a morbimortalidade hospitalar é crucial, assim como monitorar atendimentos ambulatoriais e internações para identificar DNC. Parcerias com equipes de saúde e adequação dos registros são fundamentais para investigações eficazes. Profissionais capacitados em vigilância epidemiológica nos hospitais melhoram a sensibilidade do sistema, permitindo intervenções oportunas para prevenir a disseminação das doenças. A vigilância epidemiológica é essencial para enfermeiros obstétricos, pois impactam na saúde pública de gestantes, parturientes, puérperas e recém-nascidos. Neste contexto, a inserção do residente em enfermagem obstétrica na vigilância epidemiológica hospitalar, permite a ampliação da análise crítica sobre o cenário da saúde materno-infantil, a proposição de soluções para a tomada de decisão e a produção de informação fidedigna para a população, profissionais de saúde e pesquisadores.
Descrição da Experiência Trata-se de um relato de experiência de natureza descritiva acerca das vivências enquanto discente do Programa de Residência em Enfermagem Obstétrica em um Hospital Universitário de Alto Risco no Recife, no setor de Vigilância Epidemiológica Hospitalar. A notificação compulsória tem uma listagem pré-definida estabelecida na Portaria GM/MS nº 31482024 e é obrigatória para casos suspeitos ou confirmados de doenças ou eventos de saúde pública, realizada por profissionais de saúde ou responsáveis por estabelecimentos de saúde. Essa notificação pode ser imediata ou semanal e é feita principalmente por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).
Objetivo e período de Realização Descrever a experiência da vigilância epidemiológica hospitalar na formação de residentes em enfermagem obstétrica e na análise de dados epidemiológicos referentes as DNC ocorridas entre janeiro2023 e abril/2024 no Centro Universitário Integrado Amaury de Medeiros (CISAM), hospital estadual de Alto Risco no Recife-Pernambuco, no período de maio de 2024.
Resultados O enfermeiro obstetra desempenha um papel fundamental na identificação, notificação, investigação, controle, análise e produção de informações de doenças e agravos à saúde. No CISAM, foram notificados 710 casos de agravos à saúde entre janeiro de 2023 e abril de 2024. Em 2023, houve 490 casos, com maior ocorrência de sífilis em gestantes (31,02%), seguida por sífilis congênita (19,59%), gestantes com HIV (11,22%) e crianças expostas ao HIV (9,80%). Em 2024, entre janeiro e abril, foram registrados 220 casos, com maior frequência de sífilis em gestantes (32,73%), sífilis congênita (17,73%), gestantes com HIV (10,45%) e crianças expostas ao HIV (7,73%). O registro desses dados direciona a elaboração de programas estratégicos para mitigar problemas de saúde materna e infantil. O CISAM é uma referência regional no cuidado de gestações de alto risco, oferecendo serviços para gestantes com complicações. A sífilis e o HIV podem causar impactos graves, como aborto, parto prematuro e malformações congênitas. É crucial realizar a notificação, testes durante o pré-natal e no parto, oferecer tratamento adequado e implementar medidas preventivas para proteger mãe e bebê.
Aprendizado e Análise Crítica Durante o rodízio na vigilância epidemiológica hospitalar, os residentes em enfermagem obstétrica tiveram a oportunidade de compreender e vivenciar a importância de identificar e notificar as DNC, garantindo a aplicação oportuna de medidas de controle e prevenção. Além disso, familiarizam-se na investigação epidemiológica por meio de busca de dados no prontuário eletrônico, que alimentam as Fichas de Investigação e são registradas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Esse processo aprimora o raciocínio de análise de dados dos residentes, permitindo-lhes compreender sobre a inserção do profissional de saúde para além da assistência, abrangendo a promoção da saúde materno-infantil, prevenção de doenças no ambiente hospitalar, a gestão, a pesquisa, o ensino e a formulação de políticas públicas. Este relato de experiência destaca a importância da integração entre teoria clínica-epidemiológica a prática vivenciada no rodízio da residência de enfermagem em obstetrícia e a importância de fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) na construção de políticas públicas que assegurem a saúde como direito de todos e um dever do Estado.
Referências Gusmão-Filho FA, Gurgel RQ, Braga MC, Moura AADA, Matos MFC, Freitas MFM. Pré-natal em mulheres com sífilis em uma capital do Nordeste brasileiro. Revista Brasileira de Epidemiologia. 2017;20(2):233-244.
Ferreira, AA; Ribeiro, DSC; Miranda, JS; Silva, DG; Oliveira, TS. Sífilis e HIV na gravidez: comportamento materno e perfil epidemiológico em município do sertão paraibano. Revista de Saúde Pública. 2015; 49(45):1-8.
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria MS 2.529/2004. Disponível em: https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=228556
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS 3148/2024. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2024/prt3148_15_02_2024.html
Brasil. Ministério da Saúde. Guia de vigilância em saúde. Brasília,2024. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/svsa/vigilancia/guia-de-vigilancia-em-saude-volume-1-6a-edicao
Fonte(s) de financiamento: Não houve
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