50284 - TRILHAS DE APRENDIZAGEM NO PLANEJAMENTO E GESTÃO DE CONTEÚDO DAS OFERTAS EDUCACIONAIS PARA PROFISSIONAIS DA SAÚDE: CONTRIBUIÇÕES PARA O DEBATE ATUAL CAMILA DE JESUS FRANÇA - INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA, UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - ISC/UFBA., ANDHERSON STHÉPHESON BARBERINO DAMASCENO - FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA, UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - FMB/UFBA, ANA LUIZA QUEIROZ VILASBÔAS - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA. UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA, INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA., ROSANA AQUINO - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA. UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA, INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA., SILVANA LIMA VIEIRA. - UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA. MESTRADO EM SAÚDE COLETIVA. MEPISCO/UNEB., ELVIRA CAIRES DE LIMA. - INSTITUTO MULTIDISCIPLINAR DE SAÚDE/UFBA, NILIA MARIA DE BRITO LIMA PRADO. - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA. UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA, INSTITUTO MULTIDISCIPLINAR EM SAÚDE - UFBA/IMS.
Apresentação/Introdução Mundialmente, os conteúdos educacionais têm sido organizados com base em concepções tayloristas e fordistas, no desenvolvimento de competências limitadas a um saber-fazer mecanizado, com ferramentas educacionais massivas e programas tradicionais de capacitação, que possuem pouca coerência com as práticas profissionais cotidianas. As rápidas transformações demográficas e epidemiológicas têm exigido dos profissionais de saúde medidas cada vez mais complexas e difíceis, em que a educação profissional não tem acompanhado esses desafios. Subsequentemente, a formação em saúde depende da construção de perfis de profissionais ajustados e contextualizados, afastando-se do enfoque funcionalista ou construtivista e aproximando-se de uma abordagem dialógica, focada na problematização e na educação permanente. As trilhas de aprendizagem (TA), nesse cenário, representam um conjunto sistemático e multimodal de unidades de aprendizagem, que abrangem diversos esquemas de navegação nas ofertas educacionais, desde modelos prescritivos até modelos em rede, possibilitando ao profissional apreender os conteúdos de uma forma mais autônoma. Sugere-se que a construção dessas trilhas permita o desenvolvimento de habilidades e competências esperadas considerando o estilo e o nível de conhecimento individual, capazes de mobilizar e combinar recursos ajustados e pertinentes ao contexto de atuação.
Objetivos Sistematizar evidências sobre a organização e gestão de ofertas educacionais, com foco para a utilização das TA, a fim de compreender a sua aplicabilidade em diferentes contextos, com ênfase para as propostas de educação na área da saúde.
Metodologia Trata-se de uma revisão de escopo da produção científica sobre organização e gestão de ofertas educacionais para profissionais, com foco para a análise da aplicabilidade das TA, visando gerar uma síntese de conhecimentos sobre a aplicabilidade no campo da saúde. As bases de dados utilizadas foram a Web of Science, a Education Resources Information Center (ERIC) e a biblioteca virtual Scientific Electronic Library Online (SCIELO). Os descritores e operadores booleanos para estruturar a estratégia de busca foram: learning paths OR learning trails OR learning tracks OR itinerarios de aprendizaje OR rutas de formació OR itinerários formativos OR trilhas de aprendizagem. O período de realização da busca foi de agosto a dezembro de 2023. Foram identificados 956 documentos que, após a retirada das duplicatas e aplicação dos critérios de elegibilidade, restaram 76 estudos para compor o corpus final. Os resultados foram categorizados segundo aspectos relacionados à organização e gestão de ofertas educativas: definição ou conceito, principais desafios e modelos de organização.
Resultados e Discussão Os resultados do estudo revelaram dois segmentos distintos em relação à organização e gestão das ofertas educacionais: a organização de conteúdos educacionais e o desenvolvimento de recursos tecnológicos para o uso das TA. Os conceitos que regem essas trilhas variam desde uma ordenação a uma combinação de atividades com o propósito de desenvolver competências pessoais. As proposições organizativas atuais mostram pouco uso de abordagens dialógicas voltadas à problematização e educação permanente e maior ênfase em condutivistas e funcionalistas, que valorizam atributos cognitivos e modelos pré-concebidos de aprendizagem. No entanto, o desafio atual está na aplicabilidade das trilhas de aprendizagem para superar a produção compartimentalizada do conhecimento e gerar competências de forma mais eficaz, especialmente na área da saúde. O sistema e-learning tem influenciado os métodos tradicionais de ensino, buscando melhorar a eficiência da aprendizagem por meio da personalização e da adaptação inteligente às necessidades individuais. O ensino online, nesse ínterim, visa favorecer a flexibilidade, autonomia, interatividade e colaboração, rompendo barreiras geográficas e temporais. É preciso considerar nesse cenário aspectos que podem motivar a relação do usuário com o processo formativo. Na área da saúde, as trilhas de aprendizagem podem ser uma ferramenta importante para mapear competências profissionais necessárias ao trabalho e promover o diálogo entre formação e prática. Para desenvolver competências profissionais alinhadas com as demandas dos usuários e territórios, é essencial adotar uma abordagem que qualifique sujeitos críticos e reflexivos, capazes de promover mudanças nas práticas e integrar teoria e prática no cotidiano do trabalho em saúde.
Conclusões/Considerações finais As TA são uma alternativa apropriada para atender às necessidades dos profissionais de saúde, promovendo o desenvolvimento pessoal e profissional. O uso da tecnologia na organização e gestão dessas trilhas é fundamental para enfrentar os desafios impostos e promover a educação permanente, incluindo o uso do e-learning na formação. É necessário superar a abordagem tecnicista e priorizar uma atuação profissional socialmente responsável, indo além do aspecto técnico, de modo a romper com os currículos padronizados e centrados apenas na transmissão de conhecimentos. O enfrentamento dessas questões requer movimentos coletivos e interinstitucionais para fortalecer iniciativas inovadoras. Diante disso, os itinerários formativos devem estar alinhados com a educação permanente, promovendo a aprendizagem colaborativa e participativa para enfrentar os desafios do cotidiano no trabalho. Isso exige, evidentemente, planejamento e investimentos nas ofertas educacionais para os trabalhadores da saúde.
Referências Freitas IA, Brandão HP. Trilhas de aprendizagem como estratégia de TD&E. Treinamento, desenvolvimento e educação em organizações e trabalho, 2009. 97.
Frenk J, Chen L, Bhutta ZA, Cohen J, Crisp N, Evans T, et al. Health professionals for a new century: transforming education to strengthen health systems in an interdependent world. Lancet. 2010; 376(9756):1923-58.
Le Boterf G. Desenvolvendo a competência dos profissionais. Porto Alegre: Artmed; 2003.
Lopes P, Lima GA. Estratégias de Organização, Representação e Gestão de Trilhas de Aprendizagem: uma revisão sistemática de literatura. Perspectivas em Ciência da Informação. 2019; 24: 165-195.
Rocha, JSY. Uso de tecnologias da informação e comunicação na educação em saúde. Problematização e desenvolvimento. Medicina (Ribeirão Preto). 2015; 48(3): 214-223.
Fonte(s) de financiamento: A fonte de financiamento e a carta acordo com a Opas apenas: carta acordo para cooperação entre ufba e Opas SCOn 2023/236.
|