49621 - EXPERIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO CONTEXTO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: REFLEXÕES A PARTIR DE UMA REVISÃO INTEGRATIVA DELANE FELINTO PITOMBEIRA - UECE, EMÍLIA SOUZA RODRIGUES - UECE, MONIKE ELLEN AMÉRICO GIRÃO - UECE, PALOMA ROCHA GOMES - UECE
Apresentação/Introdução A educação em saúde, como ação estratégica e pedagógica promotora da prevenção e da promoção da saúde, princípios da atenção básica, articula-se fundamentalmente com os pilares da saúde coletiva, enquanto seu fazer considera a saúde para além da ausência de doença, concebendo o indivíduo dentro do seu contexto da coletividade e da cultura (Dantas, 2010). Conhecer as experiências no campo da educação em saúde possibilita uma fundamentação do fazer profissional da equipe interprofissional atuante na Atenção Primária à Saúde (APS), além de possibilitar reflexão e apropriação das práticas e intervenções em saúde nesse contexto. No cenário da Psicologia, a apreensão das práticas de educação em saúde é um desafio desde a formação, dado sua recente inserção e dificuldades em consolidar sua prática na APS. Faz-se importante considerar, no entanto, a existência de documento orientador para a atuação da(o) psicóloga(o) na APS (CFP, 2019), fundamentando sua prática na promoção e prevenção em saúde, considerando os determinantes sociais do processo saúde-doença nos territórios. Dessa forma, apropriar-se nas experiências de educação em saúde permite entender a dimensão interprofissional das práticas em consonância às necessidades de saúde da população.
Objetivos O objetivo da pesquisa é identificar as experiências acadêmicas e profissionais de educação em saúde no contexto da atenção primária, refletindo sobre as potencialidades e os desafios existentes nessas práticas.
Metodologia Este estudo trata-se de uma revisão integrativa. À luz de Mendes, Silveira e Galvão (2008), esta busca reunir e sintetizar dados sobre um tema específico, de forma sistemática e ordenada seguindo passos determinados. Realizou-se a pesquisa na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), utilizando os descritores “educação em saúde”, “atenção primária à saúde”, “comunidade”, e a palavra-chave “experiências”. Foram encontrados 262 resultados. Com a aplicação de filtros (acesso livre, assunto, idioma português e últimos 5 anos), o número de achados reduziu a 35 artigos. Com a leitura do título, resumo e palavras-chave, e seguindo os critérios de inclusão (relatos de experiências de educação em saúde na comunidade desenvolvidos pela APS) e exclusão (teses, dissertações, estudos teóricos e relatos de pesquisa), identificou-se 17 artigos. Após a leitura completa destes, selecionou-se 13 artigos finais cuja análise foi organizada em quatro categorias temáticas, conforme Minayo (2012). Destas categorias, três referem-se ao contexto das experiências de educação em saúde (extensão; disciplinas e estágio; residências e mestrado), e outra identifica as potencialidades e os desafios do tema.
Resultados e Discussão As experiências de educação em saúde encontradas na pesquisa referem-se aos contextos formativos, sejam da graduação (extensão, disciplinas e estágio), como da pós-graduação (residências uni/multiprofissionais e mestrado), identificando-se experiências de diferentes categorias profissionais. Na extensão universitária, em cinco artigos, foram encontradas experiências relativas a práticas de vivência em promoção de saúde, ações teórico-formativas e de produção científica, rodas de conversa, atividades lúdicas e apoio das equipes. No tocante às disciplinas e estágios, foram identificadas atividades que ilustram a integração entre teoria e prática, buscando a aprendizagem vivencial de discentes. As experiências relatadas nos quatro artigos destacam a realização de grupos educativos, atividades no Programa Saúde na Escola e ações de educação popular em saúde em equipamentos sociais voltadas aos ciclos de vida. Na pós-graduação, encontrou-se quatro artigos sobre experiências em programas de residência e um no mestrado, trazendo experiências no território, com base na educação popular em saúde, ações no Programa Academia de Saúde, terapia comunitária, tendo um artigo relatado cuidados durante a COVID-19. Foram percebidas como potencialidades a construção de vínculos entre profissionais e usuários, a interdisciplinaridade do cuidado, a escuta ativa e qualificada, a articulação do saber científico com o popular e o fortalecimento da autonomia do usuário no processo de cuidado. Por outro lado, têm-se desafios referentes à continuidade do cuidado pelas equipes e rede de saúde, ao acesso aos direitos sociais, à alta rotatividade de profissionais, à carga horária para cumprir as demandas do território, à falta de capacitação contínua dos trabalhadores da saúde e de financiamento.
Conclusões/Considerações finais Os relatos de experiência se mostraram um recurso importante para compreender as ações de educação em saúde desenvolvidas na APS. Percebe-se que a educação em saúde é um campo interprofissional, possuindo ações amplas e diversificadas. Para que estas sejam eficazes, são necessárias algumas estratégias, desde a formação curricular acadêmica, propiciando a articulação entre teorias e práticas interdisciplinares. A reorganização dos serviços de saúde é de suma importância para que os profissionais consigam organizar sua agenda e incluir as atividades de educação em saúde nos territórios. Aponta-se a necessidade de espaços de discussão entre profissionais e usuários, para a construção das atividades supracitadas. Nesse contexto, é importante ampliar os saberes e práticas sobre a temática, visando a integração das categorias profissionais que atuam no âmbito da APS. Assim, é necessário investir no aprofundamento e formação de profissionais cada vez mais alinhados a atuarem no SUS.
Referências CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Referências técnicas para atuação de psicólogas(os)na atenção básica à saúde. Conselho Federal de Psicologia, Conselhos Regionais de Psicologia e Centro de Referência Técnica em Psicologia e Política Públicas. 2. ed. Brasília: CFP, 2019.
DANTAS, Maria Beatriz Pragana. Educação em Saúde na Atenção Básica: sujeito, diálogo, intersubjetividade. Recife: M. B. P. Tese (Doutorado em Saúde Pública). Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz, 2010.
MENDES, Karina D. S.; SILVEIRA, Renata C. C. P.; GALVÃO, Cristina M. Revisão Integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto Contexto Enferm., Florianópolis, v. 17, n. 4, p. 758-764, out. 2018.
MINAYO, Maria C. S. Análise qualitativa: teorias, passos e fidedignidade. Ciência & Saúde Coletiva, v. 17, n. 3, p. 621-626, 2012.
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