06/11/2024 - 08:30 - 10:00 RC8.23 - Cuidado, Formação e transformação |
51175 - CUIDADO EM SAÚDE NO SERTÃO BAIANO: UMA EXPERIÊNCIA ACADÊMICA EM ALUSÃO AO DIA INTERNACIONAL DA MULHER MÁRLON VINÍCIUS GAMA ALMEIDA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO (UNIVASF), BRUNA VITÓRIA BATISTA DE ANDRADE - UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO (UNIVASF), MARIANE VALESCA DE MENEZES LACERDA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO (UNIVASF), JOÃO BRENNER DE SOUZA GOMES - UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO (UNIVASF), LUIZ HENRIQUE CARDOSO DA SILVA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO (UNIVASF)
Contextualização A Liga Acadêmica de Medicina de Família e Comunidade (LAFAC) é uma entidade sem fins lucrativos da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), campus Paulo Afonso, Bahia, engajada em aprimorar o conhecimento dos acadêmicos e profissionais da saúde, bem como na produção científica e na aproximação dos acadêmicos com os serviços de saúde, território e população local. Dessa forma, fundamentando-se princípios da extensão, emergiu a ideia de um movimento dentro do campus universitário que denunciasse os principais cenários e desafios diários que vitimizam a mulher e que, ao mesmo tempo, inspirasse o rumo da formação médica por meio da exposição e divulgação de personalidades femininas no âmbito da saúde, historicamente invisibilizadas. Somado a isso, evidenciou-se a necessidade de cultivar a prática do cuidado e da sororidade pelos corredores acadêmicos, cuja ideia concretizou-se com a distribuição de materiais de higiene nos banheiros femininos. Nesta perspectiva, para ultrapassar os muros do campus e fortalecer o vínculo com a comunidade pauloafonsina, a LAFAC se inseriu na programação de comemoração ao mês da mulher do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia, Delegacia hidroelétrica de Paulo Afonso (APLB), promovendo saúde e acesso às ferramentas de triagem e prevenção, a partir da aferição de pressão arterial e de índice glicêmico.
Descrição da Experiência Trata-se de um relato de experiência, construído a partir da vivência de cinco discentes do terceiro período do curso de Medicina, sob acompanhamento do docente coordenador da LAFAC, com ênfase em promover reflexões no que tange às diversas dimensões da Saúde da Mulher no contexto da universidade e da comunidade. O público-alvo consistiu nas mulheres que circulam nos locais onde foram desenvolvidas as atividades, contudo os ecos das ações promoveram reflexões também entre o público geral. Nesse contexto, todos os trabalhos estimularam a interação e participação ativa das pessoas, além de ter sido fomentada pela liga a doação de produtos como absorventes, lenços umedecidos, protetores íntimos diários, creme dental, entre outros, a fim de que se construísse coletivamente materiais de higiene que foram disponibilizados nos banheiros femininos, com o incentivo adicional de que fossem reabastecidos sempre que necessário por todos. Ademais, no que se refere a ação em parceria com a APLB e a comunidade de Paulo Afonso, os discentes elaboraram e distribuíram entre os participantes do evento um folder informativo que carregava recomendações essenciais para o rastreamento de condições de saúde específicas da mulher, além de hábitos de autocuidado, ao mesmo tempo em que realizavam a aferição de pressão arterial e de níveis glicêmicos dos convidados.
Objetivo e período de Realização Este trabalho visa relatar as atividades da Liga Acadêmica de Medicina de Família e Comunidade da Universidade Federal do Vale do São Francisco, campus Paulo Afonso, Bahia, em alusão ao Dia Internacional da Mulher, tendo o dia 7 de março de 2024 sido início das atividades promovidas na UNIVASF e o dia 24 de março de 2024 a realização da ação extramuro universitário com a APLB.
Resultados A universidade foi palco da sensibilização por meio de dados estatísticos que escancaram a violência que vitimiza mulheres nos mais diversos espaços, os quais foram distribuídos nos corredores, elevadores, salas de aula e murais do campus. Concomitantemente, foi ofertada informação acerca dos canais de comunicação e de apoio. Além disso, as paredes da universidade foram meios de divulgação de mulheres reconhecidas por seu grande protagonismo na saúde, dentre elas Nise da Silveira, Rita Lobo e Zilda Arns, bem como as agentes comunitárias de saúde do bairro em que a Univasf se insere. Outras ações, como a produção de kits de autocuidado disponibilizados nos banheiros da universidade, contendo itens de higiene pessoal e íntima, somaram-se às estratégias de promoção de cuidado elencadas. A ação de educação e promoção da saúde junto às mulheres do sindicato permitiu que cerca de cinquenta pessoas fossem acolhidas e tivessem acesso aos ambientes de aferição de pressão arterial e de níveis glicêmicos, bem como ao folder informativo quanto aos principais exames de rotina, hábitos de vida e práticas relacionadas à prevenção no cenário de saúde da mulher.
Aprendizado e Análise Crítica A sensibilização da comunidade sobre a violência contra a mulher, considerando a interseccionalidade inerente a esse problema de saúde pública, engaja as coletividades, empodera mulheres e fortalece o acesso aos dispositivos de amparo e cuidado. Promover o reconhecimento de personalidades femininas marcantes na Medicina, área historicamente dominada por homens, fortalece a valorização e estimula a igualdade de gênero. A disponibilização de kits de autocuidado de forma solidária e colaborativa promove a sororidade e se insere no contexto de pobreza menstrual e desigualdade de acesso a bens de consumo, percalço importante na Saúde Coletiva. Nesse sentido, as ações em prol do simbólico Dia Internacional da Mulher se desdobram em impactos capazes de alcançar, a curto e a longo prazo, mulheres do âmbito da universidade, bem como da comunidade em que o campus se insere e se projeta a partir da Extensão Acadêmica. Ademais, o fortalecimento do conhecimento para os ligantes em formação e para os participantes das ações desenvolvidas em relação às vulnerabilidades e às necessidades em saúde da mulher, favorece a horizontalidade e o pertencimento entre os indivíduos nos cenários de prática do cuidado da Medicina de Família e Comunidade, a qual se fortalece pela apropriação de tecnologias relacionais, que se colocam em um contexto afetivo, plural e atento.
Referências CAVALCANTI, Gisélia de Moura Bezerra et al. A violência contra a mulher no Sistema Único de Saúde. Rev Fun Care Online, n. 12, p. 146-154, 2020.
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