05/11/2024 - 13:30 - 15:00 RC8.20 - Promoção da Saúde, Alimentação e Nutrição |
53258 - IMPACTOS DA INTRODUÇÃO ALIMENTAR EM ALUNOS DE CRECHE NO MUNICÍPIO DE BELÉM – PA: RELATO DE EXPERIÊNCIA FERNANDA KELLY MARTINS GALVÃO - UFPA, MARCOS VALÉRIO SANTOS DA SILVA - UFPA, DANDARA LOPES MELO - UFPA, VIVIANE REIS - UFPA
Contextualização De acordo com a Lei n° 11.947/2009 o PNAE - Programa Nacional de Alimentação Escolar, o estudante tem direito à alimentação escolar, visando promover a segurança alimentar e nutricional, respeitando as diferenças biológicas entre idades e condições de saúde dos que necessitem de atenção específica, entre outras. A Resolução nº 465/2010, do CFN estabelece que é atribuição dos nutricionistas da Entidade Executora – Eex do PNAE a realização do diagnóstico e o acompanhamento do estado nutricional dos estudantes beneficiados. A Fundação Municipal de Assistência ao Estudante -FMAE, é a Eex conveniada com a Secretaria Municipal de Educação - SEMEC e responsável pela gestão e execução da alimentação escolar no município, com a obrigação legal de coordenar, planejar e executar tal ação em Belém. A seletividade alimentar é caracterizada como um comportamento alimentar comumente apresentado durante a infância. São característicos neste quadro recusa, desinteresse e resistência no que se refere à alimentação, tríade que contribui para uma menor diversidade na dieta infantil¹.
Descrição da Experiência Os nutricionistas da fundação foram chamados para atender uma creche municipal. O relato da diretoria era que alguns alunos matriculados em tempo integral, após o período de dois meses de integralização e adaptação, ainda não haviam aceitado a alimentação ofertada pela creche, e solicitavam intervenção nutricional para a mitigação da seletividade alimentar. Nesse sentido, foram realizadas 4 etapas: 1) explicar sobre o cardápio planejado para a coordenação, pois ele é baseado pelas recomendações nutricionais da Resolução n°06/2020 definidas pelo FNDE; 2) identificar os alunos com seletividade alimentar que não tinham diagnóstico para TEA por necessitar de profissionais que não estavam ao nosso alcance no momento da intervenção, 3) reunião com os pais para relatar a intervenção dos nutricionistas e solicitar colaboração para que os pais, por uma semana, levassem para a escola as refeições que os alunos costumavam comer no horário de almoço em casa, e podiam ir no horário do almoço dos alunos e ajudar no processo de intervenção alimentar, incentivando-os a se alimentar; 4) palestrar para os pais sobre a importância da alimentação no desenvolvimento biopsicossocial, onde se abordou a importância do aleitamento materno exclusivo, a introdução alimentar após os seis meses de vida e o impacto da mastigação no processo de fala e da dentição da criança.
Objetivo e período de Realização O objetivo dessa intervenção era mitigar a seletividade alimentar de alunos do berçário em uma creche os tornando aptos para um turno integral na escola, como também auxiliar gestores e responsáveis para a manutenção de uma alimentação saudável. O período de realização da intervenção ocorreu entre os meses de março e abril de 2023, considerando a primeira visita dos nutricionistas da FMAE como data de início da intervenção.
Resultados Após as etapas, em reunião final com a equipe pedagógica da creche para balanço das intervenções, foi exposto que dos 10 alunos em seletividade alimentar, dois entraram em processo de investigação para TEA e por isso não podemos incluí-los neste relato de experiência. Dos 8 alunos, 5 alunos do berçário (BII) e 3 alunos do maternal (MI), que permaneceram na intervenção, realizaram as refeições em horários distintos dos demais alunos da creche, e sete deles - 4 BII e 3 MI, comeram a refeição trazida de casa pelos pais logo no primeiro dia e o outro aluno do berçário, consumiu a refeição trazida de casa a partir do segundo dia, os pais participaram da refeição incentivando o aluno a comer sozinho. No quarto dia, os pais levaram o almoço novamente, porém a refeição servida foi a habitual da escola e seis alunos – 3 BII e 3 do MI, comeram toda a refeição e dois alunos aceitaram, mas não comeram tudo. No quinto dia, todos os alunos aceitaram as refeições na escola, com a presença dos pais. Nossa reunião aconteceu uma semana após o término das intervenções e neste dia foi relatado que apenas um aluno do berçário ainda necessitava da presença do responsável para consumir o almoço.
Aprendizado e Análise Crítica A amamentação e a interação mãe-bebê modulam o estado comportamental da criança influenciando seu desenvolvimento psicológico de aprendizagem e suas futuras escolhas alimentares. Com relação à introdução alimentar, é recomendada que esta seja iniciada aos 6 meses de idade, nesse período a criança está física e fisiologicamente preparada para receber a alimentação complementar, os novos alimentos devem ser ofertados em conjunto com o leite materno para suprir todas as necessidades nutricionais. Nessa fase, a criança começa a formar suas preferências alimentares, que podem repercutir até a vida adulta. Por isso, dá-se a importância do ambiente alimentar, exemplo e influência dos pais e toda rede de apoio, de maneira a incentivar hábitos saudáveis². Devido a isso, é necessário reforçar em todos os ambientes a introdução alimentar correta para diminuir a seletividade alimentar das crianças, compreendendo que o hábito alimentar infantil sofre uma gama de influências até que haja a consolidação do seu padrão comportamental alimentar³. É necessário maior divulgação e adesão do PROAME nos postos de saúde e acompanhamento dos ACS para prevenir o desmame precoce e garantir introdução alimentar correta com encaminhamento acessível para consultas com os nutricionistas para acompanhar e diminuir a seletividade alimentar na primeira infância, unindo programas como o Saúde na Escola ao PNAE.
Referências 1.Taylor, C. M., & Emmett, P. M. (2019). Picky eating in children: causes and consequences. The Proceedings of the Nutrition Society, 78(2), 161–169. https://doi.org/10.1017/S0029665118002586
2.Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: aleitamento materno e alimentação complementar / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. [internet] – 2. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2015. 184 p.
3.Magagnin, T. Z. S. C., et al. (2019). Relato de Experiência: Intervenção Multiprofissional sobre Seletividade Alimentar no Transtorno do Espectro Autista. ID on line. Revista de psicologia, 13(43), 114-127.
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