Roda de Conversa

05/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC8.19 - Ações formativas e o enfrentamento a iniquidades e vulnerabiliade social

49453 - NADANDO CONTRA A CORRENTE: DESAFIOS DO ATENDIMENTO EM SAÚDE À CRIANÇAS E ADOLESCENTES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL
FRANCISCO DANIEL COELHO VIANA - UFC, TATIANA MONTEIRO FIUZA - UFC, GABRIELA HOLANDA VIEIRA - UFC, ELIZANDRA PEREIRA PINHEIRO - UFC, TAYNÁ VIEIRA DA SILVA - UFC, RAFAEL SOUSA SILVA - UFC, ALEXIA JADE MACHADO SOUSA - UECE


Apresentação/Introdução
A Organização Mundial de Saúde caracteriza a violência sexual enquanto um problema de saúde pública em escala global. Cada país tem desenvolvido mecanismos de enfrentamento a esse fenômeno e o atendimento pelos profissionais de saúde, deve ocorrer de forma integral e multidisciplinar. Realizar tal tarefa apresenta desafios aos profissionais de saúde, principalmente no atendimento ao público infanto-juvenil, o que torna este estudo imprescindível para fomentar formas de enfrentamento aos desafios postos às práticas profissionais no âmbito da saúde pública.


Objetivos
O estudo buscou descrever os desafios da atuação de profissionais de saúde no que tange o atendimento em saúde a crianças e adolescentes vítimas de violência sexual.

Metodologia
Trata-se de uma Revisão Integrativa da Literatura (Souza; Silva e Carvalho, 2010), realizada na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) em março de 2024. Foram incluídos artigos originais, publicados entre 2019 a 2023, com a pergunta norteadora, “O que a literatura científica tem mostrado acerca dos desafios das práticas de profissionais de saúde relacionadas às demandas de violência sexual contra crianças e adolescentes?”. Utilizou-se a partir de descritores as chaves de busca “profissionais de saúde AND violência sexual AND criança” e profissionais de saúde and violência sexual and adolescente”, realizaram as buscas 2 revisores com um total de 168 artigos. Excluíram-se os estudos de revisão, incompletos, indisponíveis na íntegra e duplicados, resultando em 12 artigos incluídos na análise.

Resultados e Discussão
Os estudos contemplaram diferentes categorias profissionais e serviços de saúde, notou-se principalmente a presença de assistentes sociais, enfermeiros, Agentes Comunitários de Saúde (ACS), médicos e psicólogos. Assim, a análise permitiu um alcance sob diferentes perspectivas acerca dos desafios enfrentados.

Tem sido visto no processo de trabalho o despreparo, desconhecimento e insegurança no manejo dos casos, que pode repercutir no modo de agir em cada atendimento, seja com a criança ou adolescente, ou com o familiar da vítima (Batista; Gomes e Villacorta, 2022; Silva et al., 2021). Há também um desconhecimento acerca da rede de proteção e dos próprios serviços de saúde. Percebe-se diante desses impasses que o cenário de atuação torna-se um campo tenso, já que existem problemáticas internas - insegurança na atuação e manejo de casos, e externas - dada a necessidade de articulação intersetorial ser prejudicada devido ao desconhecimento de outros serviços.

A falta de capacitação proposta pelas instituições e a necessidade de incentivos a cursos para além da formação advinda da graduação (Dornelles; Macedo; Souza, 2020; Mastroianni et al., 2021), impactam negativamente no cenário interventivo, o que carece de estratégias que considerem as legislações de enfrentamento à violência e a promoção da qualificação profissional.

Ademais, os profissionais de saúde sentem a necessidade do desenvolvimento de fluxos e/ou protocolos institucionais, o que acreditam que melhoraria os resultados desse atendimento (Batista; Gomes; Villacorta, 2022; Silva et al., 2021). Nesse sentido, estratégias de intervenção nestas frentes perpassam pelo conhecimento dos fatores contextuais que se relacionam para superação dos desafios identificados.

Conclusões/Considerações finais
O estudo abordou um grave problema de saúde pública que é a violência sexual contra crianças e adolescentes. De modo geral, é possível afirmar que para além da necessidade de capacitações para os profissionais envolvidos nesse cuidado, como trazido pelos artigos, faz-se necessário investir na efetivação da atuação em rede intersetorial, na Educação Permanente e na criação de fluxos e protocolos de atendimento.

Observou-se a necessidade de produção de conhecimento acerca das estratégias utilizadas para o rompimento dessas barreiras que têm sido encontradas, o que torna ainda mais pertinente a produção de pesquisas nos serviços de saúde.

Diante dos desafios apresentados, conclui-se que é imprescindível o fomento a mecanismos que deem atenção às demandas dos profissionais de saúde, para que se possa realizar um atendimento que de fato seja integral, contribua para o rompimento com o ciclo de violência e proporcionando o direito à saúde e proteção integral da criança e adolescente .


Referências
BATISTA, M. K. B; GOMES, W. da S; VILLACORTA, J. A. M. Abuso sexual contra crianças: construindo estratégias de enfrentamento na APS em um município da região metropolitana do Recife. Saúde em Debate, v. 46, n. 5, p. 208-220, 2022.

DORNELLES, T. M; MACEDO, A. B. T; SOUZA, S. B. C de. Qualidade de vida profissional e coping num hospital de referência para vítimas de violência sexual. Texto & Contexto Enf., v. 29, p. e2190153, 2021.

MASTROIANNI, F. de C. et al. Violência sexual infantojuvenil: contribuições e responsabilidades dos profissionais de psicologia. Estudos Interdisciplinares em Psicologia, v. 12, n. 1, p. 40-62, 2021.

SILVA, P. L. N. da et al. Desafios da atuação do enfermeiro frente à violência sexual infanto-juvenil. J. nurs. health, n 11, (2):e2111219482, 2021.

SOUZA, M. T. de; SILVA, M. D. da; CARVALHO, R. de. Revisão integrativa: o que é e como fazer. Einstein (São Paulo), v. 8, p. 102-106, 2010.

Fonte(s) de financiamento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)


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