Roda de Conversa

05/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC8.19 - Ações formativas e o enfrentamento a iniquidades e vulnerabiliade social

49309 - EDUCAÇÃO EM SAÚDE SOBRE PLANEJAMENTO REPRODUTIVO: RELATO DE EXPERIÊNCIA
ELLEN CRISTINE DE OLIVEIRA SILVEIRA - UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS, AIRTON NASCIMENTO HERCULANO JÚNIOR - UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS, THAYLA GIOVANNA COELHO SAMPAIO - UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS, VIVIANE LORRANA DA SILVA LACERDA - UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS, REBECA ARCE GUILHERME - UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS, VIVIANNE BRANDT PEREIRA BRASIL - UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS, ISABELA CRISTINA DE MIRANDA GONÇALVES - UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS, CLÁUDIA MIRANDA MARTINS DE MENEZES BATISTA - UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS, CARLA RAFAELA GOMES DA SILVA - UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS, ANDRE LUIZ MACHADO - UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS


Contextualização
O planejamento reprodutivo é um conjunto de ações que visa a regulação da fecundidade na qual o acesso é um direito garantido pela Lei constitucional 9.263, de 12 de janeiro de 1996. De acordo com a legislação, o indivíduo ou o casal tem a possibilidade de escolher quantos filhos ter, e quando tê-los. Para garantir tal direito, são disponibilizados pelo sistema de saúde métodos de concepção e contracepção¹. Entretanto, apesar do amparo legal e da oferta de recursos, a gravidez não planejada é um problema de saúde pública no Brasil². A gravidez não planejada pode ser compreendida como toda gestação não programada, podendo ser indesejada ou inoportuna³. Cerca de 50% das gestações brasileiras são deste tipo². Os principais fatores relacionados e causais são: baixa adesão ao programa de planejamento reprodutivo; alta evasão escolar; baixo nível de escolaridade; contexto sociodemográfico; recusa do parceiro em usar métodos contraceptivos; e, falta de conhecimento sobre métodos contraceptivos⁴. É preconizado que o planejamento reprodutivo seja realizado preferencialmente na atenção primária à saúde. Sendo assim, a Atenção Primária à Saúde (APS) é responsável por realizar atividades educativas, clínicas e aconselhamento em prol de tal objetivo. Todavia, tais ações ainda encontram obstáculos para serem desenvolvidas¹.

Descrição da Experiência
Durante as consultas foram identificados um quantitativo importante de abertura do pré-natal e solicitações de exame Beta HCG devido à suspeição de gravidez, em mulheres com idade entre 16 e 40 anos. Quando indagadas sobre histórico obstétrico, as mulheres multíparas relataram ter histórico de gravidez não planejada e que a gestação atual também não foi programada. Nos casos de primigestas, houve um número relevante que relatou não ser uma gravidez planejada. Tais mulheres referiram não usar método contraceptivo ou demonstravam em sua fala o uso inadequado. Durante a primeira semana, o grupo de alunos focou em observar os casos atendidos com o objetivo de identificar quais eram as maiores demandas e suas causas. Na segunda semana foi realizada a educação em saúde na recepção da unidade, abrangendo todos os pacientes presentes, com foco no planejamento reprodutivo. O público-alvo foram os usuários da unidade de saúde em questão. Inicialmente, foi feita uma introdução ao tema, conceituando o planejamento reprodutivo e ressaltando sua importância. E, logo em seguida, foram apresentados os métodos contraceptivos disponíveis na unidade, sendo eles: injetável mensal e trimestral, oral, preservativo masculino e feminino e DIU de cobre. De forma individual, foi abordado as vantagens e desvantagens, indicações e contraindicações, e forma de uso adequada.

Objetivo e período de Realização
Informar, esclarecer e oferecer mecanismos para realização do planejamento reprodutivo e uso de métodos contraceptivos da população assistida por essa unidade de saúde. O diagnóstico situacional em conjunto com a realização da atividade compreendeu o período de 29 de abril a 21 de maio.

Resultados
A atividade se mostrou muito proveitosa, uma vez que os ouvintes demonstraram interesse durante toda a abordagem e participaram com questionamentos pertinentes. Ademais, se mostrou relevante tanto para os ouvintes - os quais foram informados sobre como podem ser os protagonistas no cuidado com o seu corpo e quanto ao planejamento reprodutivo, quanto para os acadêmicos de enfermagem, visto que foi possível refletir sobre o assunto e sobre a forma de como repassar as informações de maneira acessível à população assistida, levando em consideração suas peculiaridades e o serviço ofertado nessa unidade referente à saúde da família. As dúvidas elucidadas refletiam a necessidade de se falar sobre planejamento reprodutivo. Quando indagadas durante a abertura do pré-natal e solicitações de exame de beta HCG, a maioria das mulheres, cujo a gravidez era inesperada, relataram o uso de apenas um método anticoncepcional, essa realidade pôde ser traduzida com perguntas no decorrer da ação sobre a associação entre os métodos apresentados; mediante a carência dessa informação, os acadêmicos perceberam a necessidade de ressaltar que nenhum método é por si só 100% eficaz.

Aprendizado e Análise Crítica
A atividade mostrou-se como uma oportunidade de ensino-aprendizado, em que os acadêmicos puderam compartilhar de informações científicas de forma acessível à população, esclarecendo aos ouvintes sobre a importância de se planejar e ofertando os meios para isso, de acordo com o que é oferecido na unidade de saúde em questão. Somado a isso, ao se preparar para a educação em saúde, os acadêmicos agregaram mais conhecimentos sobre o assunto e aprenderam a como repassar os conhecimentos adquiridos de forma simples, dinâmica e rápida, para não perder a atenção dos ouvintes. A realização da atividade em um ambiente limitado, com ruídos e com alta circulação de pessoas se mostrou uma desvantagem devido à falta de um local mais adequado, pois a unidade estava até o momento, em reforma, funcionando em um local provisório. Além disso, não houve muito envolvimento dos profissionais de saúde da unidade no planejamento e durante a educação em saúde. Entretanto, a receptividade dos ouvintes foi o que impulsionou a efetividade da ação.

Referências
1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Área Técnica de Saúde da Mulher. Assistência em planejamento familiar: manual técnico. 4a ed. 2022. Acesso em: 17 mai 2024. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/0102assistencia1.pdf
2. Theme-Filha MM, Baldisserotto ML, Fraga AC, Ayers S, Gama SG, Leal MD. Factors associated with unintended pregnancy in Brazil: cross-sectional results from the Birth in Brazil National Survey, 2011/2012. Reprod Health 2016; 13(Supl. 3):118.
3. Gipson JD, Koenig MA, Hindin MJ. The effects of unintended pregnancy on infant, child, and parental health: a review of the literature. Stud Fam Plann 2008; 39:18-38.
4. de Jesus Santos R. Fatores que contribuem para a gravidez não planejada em usuárias do programa de planejamento familiar, 2021. Acesso em: 17 de mai de 2024. Disponível em: https://periodicos2.uesb.br/index.php/rsc/article/view/5440


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