05/11/2024 - 13:30 - 15:00 RC8.18 - Interprofissionalidade e interdisciplinaridade na saúde |
54001 - FORMAÇÃO E VIVÊNCIA DO TERRITÓRIO NA SAÚDE E CIDADANIA JOSÉ JAILSON DE ALMEIDA JÚNIOR - UFRN, PALOMA ROBERTA DINIZ - UFRN, DIMITRI TAURINO GUEDES - UFRN, ANA KALLINY DE SOUSA SEVERO - UFRN
Contextualização Pensar o Sistema Único de Saúde (SUS) está relacionado com o desenvolvimento da formação dos profissionais de saúde para atuar nele. A Atenção Primária à Saúde (APS) é um espaço potente na formação por permitir um contato direto com o território e seus habitantes, permitindo vivências extramuros nas vivências de ensino e aprendizagem através da convivência nos serviços de atenção primária e espaços de compartilhamento de experiências no âmbito do processo de cuidar e produzir saúde. A inserção de estudantes no SUS por meio da APS em estágios iniciais de sua formação permite desenvolver competências necessárias para o trabalho em saúde e rompimento com as relações de opressão. Assim, discutimos a formação em saúde no âmbito da UFRN por meio do desenvolvimento do componente curricular Saúde e Cidadania (SACI).
Descrição da Experiência A SACI é ofertada na UFRN desde 2000 para estudantes dos anos iniciais dos cursos da área da saúde e desde 2024 também recebe estudantes do curso de arquitetura e urbanismo. Atualmente ela é ofertada nos campi Natal e Santa Cruz da universidade com matrícula superior a 450 estudantes por semestre. A sua proposta pedagógica é pautada nos princípios da aprendizagem ativa e problematizadora por meio da vivência social nos territórios de abrangência dos serviços vinculados à APS. Por meio dessa inserção os estudantes podem exercitar o desenvolvimento de habilidades que envolvem o trabalho em equipe, cuidado centrado nos usuários, aprendizagem com o outro, reconhecimento do território, respeito à diversidade dentre outras.
Objetivo e período de Realização Relatar aprendizados e desafios vivenciados em espaços extramuros de aprendizagem.
Período de realização: Desde 2000.
Resultados Em mais de duas décadas de oferta a SACI fortalece a articulação ensino-serviço-comunidade por meio do desenvolvimento de ações de ensino que potencializam posteriormente práticas extensionistas e de pesquisa nos territórios em que é ofertada. Inicialmente ofertada em apenas um distrito sanitário da capital potiguar, atualmente abrange todos os cinco distritos sanitários e foi interiorizada no município de Santa Cruz. Os estudantes, por meio da inserção nos territórios vivos, trabalham o desenvolvimento de competências e habilidades relevantes para o trabalho em equipe centrado no cuidado do usuário e comunidades. No trabalho docente a SACI proporciona um processo de educação permanente por meio do exercício da problematização como metodologia de ensino. Aos trabalhadores da saúde instiga e potencializa o papel formador do SUS. A aproximação com os programas de pós-graduação em saúde coletiva insere estudantes em estágio de docência assistida na vivência de sua metodologia, permitindo que estudantes de pós-graduação vivência a docência durante a sua formação com o contato de metodologias ativas e emancipadores, construindo coletivamente experiências de aprendizagem.
Aprendizado e Análise Crítica Nesse período de oferta da SACI percebe-se que o debate sobre a formação dos profissionais continua atual, novos e velhos elementos fazem parte dessa temática. Superar o modelo biomédico permanece sendo um dos principais desafios, uma vez que demanda o envolvimento de atores importantes nos cenários de formação: o ensino, o serviço e a comunidade. As instituições formadoras vivenciam desafios que vão além da sua dimensão formadora, por meio de baixos investimentos e baixa renovação de seus quadros. Os serviços de saúde passam por processos de sucateamento e precarização da mão de obra, desestimulando os profissionais de saúde no envolvimento com as ações de ensino. A comunidade carece de estímulo ao empoderamento, tornando-se passiva nas decisões que impactam no seu acesso ao sistema de saúde. A formação além dos muros acadêmicos é um processo de resistência e superação de narrativas de opressão constituintes dos processos de construção do SUS.
Referências PIANCASTELLI, Carlos Haroldo; FARIA, Horácio Pereira de; SILVEIRA, Marília Rezende da. O trabalho em equipe. In: BRASIL. Ministério da Saúde. Organização do cuidado a partir de problemas: uma alternativa metodológica para a atuação da Equipe de Saúde da Família. Brasília: OPAS, p.45-50, 2000.
SARTI, Cynthia A. Porque usar técnicas etnográficas no mapeamento.
MERHY, Emerson Elias; CAMPOS, Rosana Onocko (org). Agir em saúde: um desafio para o público. 2. ed. São Paulo: HUCITEC, 2006. 385 p. (Saúde em Debate, 108) ISBN: 8527104075.
MEDEIROS JÚNIOR, Antônio; LIBERALINO, Francisca Nazaré; COSTA, Nilma Dias Leão (org). Caminhos da tutoria e da aprendizagem em saúde e cidadania. Natal, RN: EDUFRN, 2011. 160 p. ISBN: 9788572737029.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. Editora Paz e Terra, 2014.
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