Roda de Conversa

05/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC8.18 - Interprofissionalidade e interdisciplinaridade na saúde

53543 - FORMAR DOULAS: A EXPERIÊNCIA DA OFICINA MULTIDISCIPLINAR SOBRE FORMAÇÃO E OS IMPACTOS NA CONSTRUÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA SAÚDE DA MULHER
FERNANDA DO NASCIMENTO MARTINS - EPSJV - FIOCRUZ, MORGANA ENEILE TAVARES DE ALMEIDA - EPSJV - FIOCRUZ, TARCIANE ORNELLAS - EPSJV - FIOCRUZ, ANA CRISTINA REIS - EPSJV - FIOCRUZ, DÉBORA DE SOUZA - EPSJV - FIOCRUZ


Contextualização
A Oficina Multidisciplinar sobre Formação Inicial e Continuada de Doulas foi realizada entre os meses de junho e julho de 2023, com a proposta de um diálogo coletivo e ampliado a partir das experiências de ensino-aprendizagem, didáticas e metodológicas na atuação de profissionais da doulagem que atuam no processo formativo da qualificação profissional em saúde das doulas. Realizada através da parceria da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio da FIOCRUZ com a Associação de Doulas do Estado do Rio de Janeiro e a Federação Nacional de Doulas, teve caráter nacional, ocorreu em formato híbrido dividindo o país em três áreas. Tendo como base a importância da construção curricular da formação de doulas, tendo como ênfase a atuação dessas trabalhadoras no SUS, integrando as às equipes multiprofissionais, como uma das estratégias para o fomento de políticas de cuidado e humanização da atenção à gestação o parto, e ao pós-parto, pelo suporte as famílias.

Descrição da Experiência
A partir da vivência do Curso de Qualificação Profissional de Doulas, da EPSJV e ADOULASRJ, foram fomentados intercâmbios de informação das práticas educativas realizadas no Instituto Federal de Goiás – Campus Anápolis, construído com a Associação de Doulas de Goiás, e na Escola de Saúde Pública da Paraíba, em colaboração com a Associação de Doulas da Paraíba, entre os meses de junho e julho de 2023.

Como proposição, as Oficinas foram realizadas em 3 momentos: Debate sobre o conceito ampliado de currículo: A metodologia formativa do Curso de Qualificação de Doulas da EPSJV/AdoulasRJ e o Currículo básico da CONADOULA; Práticas educativas e didáticas estabelecidas pelas formadoras participantes da oficina: troca de experiências pedagógicas; e, Debate norteador sobre práticas didáticas na formação profissional em saúde: Como pensar um instrumento metodológico para construir aulas e um currículo integrativo para a profissional da doulagem? Como a prática da doulagem é uma aliada na luta por uma construção equânime no SUS e na construção de políticas públicas voltadas para a saúde da mulher?

Objetivo e período de Realização
Oficina, de caráter nacional, realizada entre junho e julho de 2023 , visou refletir sobre modelos de formação que tenham por base perspectivas feministas, antirracistas, autônomas, na luta contra as iniquidades e sustentáveis a partir do universo da doulagem, dialogando com as bases de formulação do SUS e a construção de Políticas Públicas de Saúde.

Resultados
Participaram das 3 oficinas no Centro-Oeste/Norte, Nordeste e Sul/Sudeste 36 pessoas das 50 previamente inscritas oriundas de 19 estados brasileiros. Com diferentes vivências como coordenadoras e docentes, que a partir da questão norteadora: “Como pensar a construção de uma base curricular integrativo, interseccional podem contribuir na formulação de políticas públicas para pessoas gestantes e a saúde da mulher? visaram identificar os principais desafios na formação. Foi apontado a ausência do debate sobre metodologias de ensino ou de construção de currículos como um processo organizador de conhecimentos em prol da sociedade, apontando a transferência de visões do trabalho da Doula de forma orgânica e conteudista, como forte prática das formadoras envolvidas. A partir dos resultados da oficina foi construído um percurso formativo voltado ao aprimoramento e debate de metodologias para a formação de Doulas, baseados na perspectiva interseccional dos direitos humanos e promoção da equidade, para a atuação profissional na atenção no campo da atenção obstétrica ao ciclo gravídico-puerperal, a partir dos conceitos de saúde coletiva e da justiça reprodutiva, iniciado em abril de 2024.

Aprendizado e Análise Crítica
Em 2013, as Doulas foram classificadas como ocupação laboral no Brasil, através do número 3221-35 no Cadastro Brasileiro de Ocupações. A importância da Humanização do Parto e Nascimento e a crescente luta contra a violência obstétrica pelos movimentos liderados por mulheres e pelas redes sociais de apoio a pessoa gestantes e puérperas vêm fortalecendo o papel destas profissionais no cenário da atenção obstétrica e durante todo o ciclo gravídico-puerperal. Nesse sentido, faz-se necessário investir na preparação de docentes de processos formativos de doulas, requerendo investimento e parcerias que valorizem a perspectiva da inserção na Saúde, em especial no SUS, e de uma profissão construída por pares e entrelaçada com o ambiente multidisciplinar dos conhecimentos necessários ao suporte físico, informacional e emocional proporcionado por estas profissionais, fortalecendo assim a profissão no cenário atual. Dentro deste cenário é importante ressaltar a que os processos formativos, tornam-se importantes impulsionadores na construção de políticas públicas, nesse sentido destacamos como fruto de um trabalho coletivo a nota técnica nº 13/2024, do Ministério da Saúde, a cercada contribuição da doula no âmbito da Rede de Atenção à Saúde Materna e Infantil, na gestação, no trabalho de parto, no parto e após o parto.

Referências
BITTENCOURT, Sonia Duarte De Azevedo et al. Estrutura Das Maternidades: Aspectos Relevantes Para A Qualidade Da Atenção Ao Parto E Nascimento. Cadernos De Saúde Pública (Ensp. Impresso), V. 30, P. S208-S219, 2014.
Ministério da Saúde. NOTA TÉCNICA Nº 13/2024-COSMU/CGACI/DGCI/SAPS/MS.
Ministério do Trabalho e Emprego. Classificação Brasileira de Ocupações. Disponível em: http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/home.jsf. Acesso em: 03 jul. 2018.
LEAL, M. C. et al. Intervenções obstétricas durante o trabalho de parto e parto em mulheres brasileiras de risco habitual. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 30, supl. 1, p. S17-S32, 2014.


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