Roda de Conversa

05/11/2024 - 13:30 - 15:00
RC8.16 - Desafios da Gestão do Trabalho no SUS

49941 - ENTRE A REABILITAÇÃO FÍSICA E A PROMOÇÃO DA SAÚDE: TRAJETÓRIAS E DESAFIOS DA FISIOTERAPIA NO BRASIL
CAROLAYNE FERNANDES PRATES - UFBA, LAIZA CARVALHO COSTA - UFBA, JOSÉ PATRÍCIO BISPO JÚNIOR - UFBA


Apresentação/Introdução
A Fisioterapia enquanto profissão demanda de um arcabouço teórico e conceitual que defina a natureza e a abrangência das práticas do fisioterapeuta. Ainda há carência de maiores debates sobre as transformações e mudanças contínuas que demandam deste profissional diferentes formatos de atuação e capacidade de adaptação (1).
Com a reforma do sistema de saúde brasileiro, os princípios de integralidade reforçaram a necessidade de promoção da saúde. Nesse contexto, a discussão sobre a inserção da Fisioterapia na Atenção Primária à Saúde (APS) ganha também notoriedade, especialmente com a criação dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família – NASF, em 2008 (2).
Todavia, a efetiva atuação dos fisioterapeutas no nível primário só pode ser alcançada a partir de uma reformulação da lógica de trabalho, com atualizações epistemológicas sobre as competências, conhecimentos e novas práxis, que são indispensáveis para fundamentar a atuação da profissão em outros níveis de atenção e outros espaços dos sistemas de saúde.


Objetivos
Este estudo tem por objetivo refletir sobre o caminho da Fisioterapia na saúde coletiva brasileira, considerando desde as dimensões da reabilitação física e cura, até a prevenção de agravos e promoção da saúde.

Metodologia
Trata-se de um estudo de revisão integrativa da literatura, desenvolvido a partir da seguinte pergunta norteadora: Qual a trajetória e os desafios vivenciados pela Fisioterapia, em relação à prevenção de agravos e a promoção da saúde na APS brasileira?
Para obtenção dos dados, foram utilizados os seguintes descritores: “Fisioterapia”, “Atenção Primária à Saúde”, “Saúde Coletiva”, “Sistema Único de Saúde” e “Promoção da Saúde”. Os mesmos foram combinados por meio do operador booleano AND na base de dados SciELO (Scientific Eletronic Library Online) e LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde).
Foram considerados somente artigos completos, disponíveis nos idiomas português, inglês e espanhol. Após a seleção dos artigos segundo os critérios de elegibilidade, foi realizada a leitura flutuante dos títulos e resumos. Posteriormente, os artigos selecionados foram lidos na íntegra para extração dos dados, com a finalidade de responder à pergunta norteadora do presente estudo.


Resultados e Discussão
Enquanto objeto de estudo, a Fisioterapia tem avançado em relação a sua atuação integral, referente à promoção e prevenção e não apenas à recuperação. No entanto, as discussões e publicações científicas superam a velocidade do processo de mudança das práticas do fisioterapeuta (3).
Bispo Júnior (2021) destaca que o movimento, o corpo e a interação são os três elementos centrais do estudo da Fisioterapia e com as mudanças sociodemográficas contemporâneas, há necessidade de uma reconfiguração sobre a análise da combinação destes elementos. Para além disso, há necessidade de adesão de um novo formato de matriz acadêmica, bem como é necessário que seja realizada uma reforma basilar dos conselhos (4).
A Fisioterapia Coletiva surge como uma importante proposta para favorecer e ampliar o escopo de práticas da profissão, assim como facilitar o acesso da população aos cuidados da saúde cinético-funcional (5). Nesse arranjo, a Fisioterapia não necessita optar por um caminho ou outro, mas integrá-los de maneira complementar (1).


Conclusões/Considerações finais
A atual realidade sócio-sanitária impõe à Fisioterapia uma necessidade de novos fundamentos epistemológicos sobre a prática profissional nos diversos campos de atuação. Frente às diversas mudanças ocorridas no cenário econômico, social, cultural, epidemiológico, político e social com consequente reconfiguração dos sistemas de saúde, é imprescindível que a Fisioterapia desenvolva práticas integrais e abrangentes.
Para tornar possível as novas práticas, é importante o envolvimento direto dos profissionais e dos órgãos responsáveis como os conselhos. Para contemplar esta visão mais holística nas ações fisioterapêuticas, é crucial que se tenha como base os princípios e diretrizes do SUS, e que estes estejam totalmente relacionados às ações fisioterapêuticas. Desta forma, a Fisioterapia deve ser capaz de dominar procedimentos, mas deve essencialmente, compreender os aspectos biopsicossociais e os determinantes de saúde, apresentados de maneira tão heterogênea nos diversos espaços de saúde.


Referências
1. Bispo Junior JP. La fisioterapia en los sistemas de salud: marco teórico y fundamentos para una práctica integral. Salud Colect. 2021; 7: e3709.

2. Bim CR et al. Physiotherapy practices in primary health care. Fisioter Mov. 2021; 34: e34109.

3. Rodríguez AP. Promoción de la salud y prevención de la enfermedad, desde la fisioterapia. Rev Fac Med Univ Nac Colomb. 2004; 52(1): 62-74.

4. Bispo Junior JP. Trajetória da Fisioterapia no Brasil: um olhar a partir da saúde coletiva. In: Bispo Junior JP. Fisioterapia & Saúde Coletiva: reflexões, fundamentos e desafios. São Paulo: Hucitec, 2013.

5. Delai KD; Wisniewski MSW. Inserção do fisioterapeuta no Programa Saúde da Família. Ciênc saúde coletiva. 2011; 16(1): 1515-23.

Fonte(s) de financiamento: Bolsa de mestrado - CAPES - Demanda social


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