Roda de Conversa

05/11/2024 - 08:30 - 10:00
RC8.15 - E como fica a saúde do trabalhador?

54334 - ANÁLISE FATORIAL DA ESCALA DE INVENTÁRIO DE ANSIEDADE TRAÇO EM ESTUDANTES DE MEDICINA
MARCOS ANDRÉ AZEVEDO DA SILVA - UFPB, RICARDO DE SOUSA SOARES - UFPB, ALLANA STEPHANY CORDEIRO DE OLIVEIRA - UFPB, JOSÉ CARLOS DE LACERDA LEITE - UFPB, BRUNA CECÍLIA SANDRES - UFPB


Apresentação/Introdução
O trabalho na saúde e no Sistema Único de Saúde (SUS) é imerso em grandes desafios, entre eles, destaca-se o estresse profissional, a ansiedade, e a saúde mental desses profissionais. Alguns estudos trazem análises que questões como a estrutura física das unidades de saúde, a pressão assistencial e algumas especialidades, tem uma prevalência maior de estresse e ansiedade.
A ansiedade e o estresse na formação na graduação área da saúde não é diferente dessa realidade. A ansiedade é um tema bastante estudado devido a sua alta prevalência em relação a população geral, e a estudantes universitários. Nos últimos anos, tem-se observado um aumento considerável nas discussões sobre a saúde mental dos universitários. Em particular, alunos matriculados em cursos como medicina apresentam uma maior propensão a manifestar sintomas ansiosos, atribuída à complexidade e à carga emocional inerentes à sua formação.
O Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE) é uma das escalas muito utilizadas na avaliação de ansiedade, sendo a mesma composta por 20 itens na escala likert com 4 pontos cada, e uma variação de 20 a 80 pontos. É fundamental compreender as questões mais significativas deste instrumento na avaliação da ansiedade em estudantes de medicina, para abrir espaços para novos estudos e instrumentos, bem como para entender os fatores mais importantes que compõem a ansiedade.

Objetivos
Avaliar os fatores do instrumento de ansiedade IDATE em estudantes de medicina da Universidade Federal da Paraíba.

i) Identificar a estrutura do instrumento de ansiedade IDATE para os estudantes de medicina da Universidade Federal da Paraíba através de uma análise fatorial exploratória.
ii) Avaliar a viabilidade de redução da dimensão da escala IDATE, considerando fatores compostos por agrupamentos de itens da escala.


Metodologia
Trata-se de um estudo transversal, quantitativo, por meio de Análise Fatorial Exploratória (AFE), envolvendo os níveis de ansiedade dos estudantes do curso de Medicina da UFPB e os seus fatores associados,com amostra de 341, do total de 526 estudantes.
Os dados foram obtidos através de um questionário com questões acerca de fatores sociais e comportamentais, e pelo Inventário de Ansiedade Traço, que avalia os níveis de ansiedade, classificando-a em leve (20-40), moderada (41-60) e elevada (61-80).
A amostra foi composta pelo total de estudantes disponíveis no ato da aplicação dos questionários, e a análise de dados foi realizada no software estatístico SPSS (Statistical Package for the Social Science) versão 28, português. Para a análise descritiva foi realizada a comparação de médias de respostas no IDATE, . Foi realizado o Teste de esfericidade de Bartlett e o índice KMO para a verificação de adequação de amostra. A AFE foi estimada através da técnica de componentes principais. Para os testes foi utilizada uma significância de 0,05.


Resultados e Discussão
A amostra selecionada para avaliação de ansiedade em estudantes de medicina teve um total de 341 respondentes (66,7% do total de alunos matriculados), sendo 54,5% do sexo masculino e e 75,4% do sexo feminino. A análise pelo KMO obteve um índice de 0,941 indicando uma excelente adequação do modelo e o índice de Bartlett foi significativo (p-valor < 0,05). A análise fatorial exploratória do Idate traço encontrou 3 construtos que obtém uma variância explicada acumulada de 58,8, a saber: 1. Bem-estar e felicidade; 2. Preocupações; 3. Decisão e confiança;
O fator 1, apresenta uma variância explicada de 27,69% e é composto por 11 variáveis. Percebe-se nessa dimensão variáveis que discutem bem-estar mental (sou feliz, estou satisfeito, sou calmo, sinto-me bem, sou uma pessoa estável, sinto-me deprimido, sinto-me descansado, tenho vontade de chorar). A segunda dimensão nomeada preocupações apresentou variância explicada de 21,68% e englobou variáveis relacionadas a preocupação ou medo com problemas, e envolveu as variáveis (desapontamentos, deixo-me afetar pelas coisas, preocupo-me demais, fico tenso e perturbado). O fator 3 (decisão e confiança) teve uma variância explicada de 9,42% e incluiu 3 variáveis que discutem a falta de decisão por confiança e para evitar problemas.
A análise fatorial exploratória do IDATE traço em outra análise identificou a presença de duas dimensões mais importantes, uma mais próxima a depressão e outra mais próxima a ansiedade (Fiorevanti et al., 2006), que foi próximo ao identificado nesta pesquisa, respectivamente nas dimensões bem-estar e felicidade (1) e preocupações (2). Ademais, além dessas duas o construto decisão e confiança se apresenta com o agrupamento de 3 variáveis indicadoras.


Conclusões/Considerações finais
A identificação de três fatores distintos relacionados à ansiedade entre os estudantes de medicina da UFPB oferece uma base sólida para intervenções direcionadas visando a redução do estresse nessa população.
A possibilidade de reduzir a dimensão da estrutura dos dados da escala idate de 20 itens para 3 construtos apresentou viabilidade e explicou aproximadamente 60% da variabilidade dos dados.
Além disso, é fundamental estabelecer uma conexão entre os desafios enfrentados pelos estudantes de medicina e o contexto mais amplo da saúde coletiva. Reconhecer que o bem-estar dos profissionais de saúde está intrinsecamente ligado à qualidade do cuidado. Portanto, iniciativas que visam promover uma formação e prática mais humanizada não apenas beneficiam os estudantes e profissionais de saúde individualmente, mas também têm o potencial de melhorar os resultados de saúde da população atendida.

Referências
Brito-Júnior, M. S.; Coelho, K. S. C.; Serpa-Junior, O.D. A formação médica e a precarização psíquica dos estudantes: uma revisão sistemática sobre o sofrimento mental no percurso dos futuros médicos. Physis: Revista de Saúde Coletiva, v. 32, 2023.

Brunfentrinker, C.; Gomig, R. P.; Grosseman, S. Prevalência de empatia, ansiedade e depressão, e sua associação entre si e com gênero e especialidade almejada em estudantes de medicina. Revista brasileira de educação médica, v. 45, 2021.

Coelho, L. S.et al. Sintomas de depressão e ansiedade em graduandos de enfermagem são associados as suas características sociodemográficas?. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 74, 2021.

Nogueira, É. G.et al. Avaliação dos níveis de ansiedade e seus fatores associados em estudantes internos de Medicina. Revista Brasileira de educação médica, v. 45, n. 1, 2021.

Fonte(s) de financiamento: financiamento próprio


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