53870 - A PERSPECTIVA DOS NÚCLEOS GESTORES SOBRE A SAÚDE DO TRABALHADOR NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DURANTE E APÓS A PANDEMIA DE COVID-19 INGRID BEATRIZ DA SILVA - SESAP/RN, MATEUS ESTEVAM MEDEIROS COSTA - SESAP/RN, MARIA APARECIDA DIAS - UFRN
Apresentação/Introdução No Brasil, as políticas voltadas à Saúde do Trabalhador se apresentam através das publicações dos seguintes atos: 1. Portaria Ministerial nº 1.679/2002, que cria a Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador e cria os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador; 2. Decreto nº 7.602, de 7 de novembro de 2011, que cria a Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho (PNSST) e 3. Portaria nº 1.823, de 23 de agosto de 2012, que institui a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora. Nestas normativas, a evolução da Política de Saúde do Trabalhador enfatiza a necessidade de abordagens transversais e intersetoriais na busca da promoção da melhoria da qualidade de vida e saúde do trabalhador, inclusive do trabalhador do SUS, ator integrante do sistema público de saúde brasileiro e fundamental para sua consolidação e qualificação. A realidade do trabalho evidencia uma transformação recente através da modernização rápida no mundo do trabalho. O contexto pandêmico, iniciado em março de 2020, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou uma pandemia da Covid-19 causada pelo Novo Coronavírus (Sars-Cov-2), potencializou estas mudanças, afetando diretamente os processos de trabalho em saúde, que são, por natureza, coletivos e repletos de especificidades
Objetivos Considerando este cenário e com o propósito de aprofundar o entendimento sobre a Saúde do Trabalhador no contexto do SUS, esta pesquisa teve como objetivo analisar a trajetória desse campo durante e após a pandemia da COVID-19, sob a perspectiva dos núcleos gestores da Saúde do Trabalhador no Rio Grande do Norte.
Metodologia Para tanto, foi desenvolvido um estudo observacional e descritivo, com abordagem qualitativa, no tipo estudo de caso. O estudo foi realizado na Secretaria Municipal de Saúde de Natal e na Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte, ambas localizadas na cidade de Natal, capital do Estado do Rio Grande do Norte, nordeste do Brasil, tendo como sujeitos participantes os profissionais que compõem os núcleos gestores do campo da saúde do trabalhador em ambas as secretarias. O instrumento utilizado para coleta de dados foi entrevista semiestruturada individual. Todas as falas das entrevistas foram transcritas na íntegra e analisadas seguindo a conexão com os objetivos da pesquisa através da análise temática por meio da técnica da categorização. Os dados obtidos foram analisados por meio da técnica de Análise de Conteúdo. Conforme determinado pela Resolução nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, o projeto desta pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Resultados e Discussão O presente estudo explorou as vivências de profissionais da saúde do trabalhador no serviço público antes, durante e após a pandemia de COVID-19. A pesquisa incluiu 10 participantes: oito mulheres e dois homens, entre eles médicas psiquiatras, médicos do trabalho, um engenheiro de segurança do trabalho, uma educadora física, uma psicóloga, uma assistente técnica de saúde, uma técnica em enfermagem do trabalho e uma enfermeira do trabalho. Esses profissionais têm em média 5,43±4,81 anos de experiência na área de saúde ocupacional. As narrativas foram categorizadas em seis núcleos de sentido: 1. Potencialidades reveladas durante a pandemia; 2. Estratégias utilizadas em saúde do trabalhador durante a crise sanitária; 3. Desafios enfrentados no campo da saúde ocupacional; 4. Desdobramentos pós-pandemia; 5. Principais necessidades da saúde do trabalhador no Rio Grande do Norte; e 6. Políticas de saúde do trabalhador. Os relatos destacaram a importância das estratégias individuais de enfrentamento do sofrimento, compreendendo as próprias dores e novos desafios profissionais. A elaboração e implementação de políticas de saúde do trabalhador demandam estudos de intervenção participativa com os responsáveis pela criação e aplicação dessas políticas em diversos níveis. Essa abordagem pode impulsionar iniciativas colaborativas, promovendo desenvolvimento, bem-estar e proteção para os trabalhadores que geram riqueza social (Hurtado et al., 2022).
Conclusões/Considerações finais O estudo aborda as potencialidades, estratégias, desafios e necessidades da Saúde do Trabalhador durante e após a pandemia da COVID-19, ressaltando a relevância das políticas de saúde nesse cenário. Destaca-se a importância da construção de políticas voltadas para a saúde mental dos trabalhadores. As falas dos entrevistados destacam problemas comuns entre as esferas, evidenciando a necessidade de estudos-intervenções em Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde.
Referências HURTADO, Sandra Lorena Beltran et al. Políticas de saúde do trabalhador no Brasil: contradições históricas e possibilidades de desenvolvimento. Ciência & Saúde Coletiva, v. 27, p. 3091-3102, 2022.
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